Magos visitam o Menino de Belém
O evangelista Mateus, no seu Evangelho (leia Mt 2,1-12), ao menos é atribuído a ele pela Tradição, narra esse acontecimento: Magos do Oriente visitam o Menino Jesus e lhe oferecem presentes simbólicos. Esse é o evento, o acontecimento celebrado liturgicamente, na Igreja, e também, culturalmente, em muitas Culturas. Como se nota, há duas maneiras de […]
O evangelista Mateus, no seu Evangelho (leia Mt 2,1-12), ao menos é atribuído a ele pela Tradição, narra esse acontecimento: Magos do Oriente visitam o Menino Jesus e lhe oferecem presentes simbólicos. Esse é o evento, o acontecimento celebrado liturgicamente, na Igreja, e também, culturalmente, em muitas Culturas. Como se nota, há duas maneiras de olhar para esse acontecimento. Um olhar pela fé e um olhar, apenas, pela Cultura. É claro que não se trata de dois fatos históricos diversos. São duas maneiras de celebrá-lo e de perpetuá-lo na História. Todavia, são duas expressões humanas muito distintas.
Na vida de Jesus, não é senão uma parcela ínfima. O acontecimento da visita dos Magos é um momento dessa grande Obra que Jesus realizou. Contudo, esconde uma significação profunda. Ao menos, para o cristão (ã) que possui e vive a fé. Essa lhe possibilita a descoberta de uma significação que escapa aos que não estão em sintonia com toda a obra de Jesus de Nazaré. A Cultura, apenas, vê o fato em sua dimensão puramente humana, como mais uma tradição milenar que o ser humano legou aos seus pósteros, como outras tantas que continuam sendo vividas. Algumas, nem se sabe mais ao certo qual é mesmo o “porquê” de sua existência.
Deixemos a manifestação cultural para os cultores de tradições e folclores. Olhemos o acontecimento à luz da fé. O que será que ele pode nos dizer para os nossos dias, já que ocorreu há tanto tempo e em outra Cultura. Sem dúvida, como todos os acontecimentos da vida de Jesus, esse também tem sua significação. A significação, não vamos encontrá-la no fato em si, em sua representação cultural, portanto, na “superfície”. Mas, em sua profundidade infinita. É aí, que Jesus, a Palavra Viva do Pai, se dá a conhecer a todos os povos (representados pelos Magos) e Culturas. Ele se apresenta e se manifesta (epifaino, em grego, que significa manifestar) como a Boa Notícia que é dada às Nações e tem a missão de libertar a todos os que a acatam e a seguem. Por isso, essa Festa, liturgicamente, é denominada de Epifania, memória da Manifestação de Jesus aos Magos.
A visita dos Magos ao Menino Jesus, aparentemente, dá impressão de ser um evento periférico ou acidental da vida de Jesus. Na verdade, é um acontecimento que atinge todos os seres humanos, até os limites do tempo e do espaço. E a resposta dos seres humanos ao apelo que o acontecimento faz: aceitar, aderir e entregar-se (presentes têm esse sentido) à Pessoa e à Proposta de Vida de Jesus é caminho de felicidade ou de desgraça para a humanidade toda.
A Visita dos Magos, portanto, é um aceno, um chamado, um apelo, um convite de Deus Pai a todos os seres humanos a buscar, em seu Filho, o Caminho a seguir, a Verdade a professar, e a Vida a viver, em abundância. É claro que, sem fé, não é possível “ver” tudo isso. Então, boa parte da humanidade se contenta com o folclore das encenações de Reis,” reisadas”, terno de Reis, etc.. A fé nos faz entrar no “mistério” do acontecimento, ultrapassando a dimensão humana e penetrar, à luz da fé, na infinita bondade e misericórdia de Deus.
Não foi tanto a estrela que guiou os Magos, mas o ardente desejo de ver, conhecer e adorar o Menino recém-nascido. A estrela, apenas, indica onde encontrá-lo. Sem o desejo de vê-lo, de conhecê-lo e adorá-lo, podem existir centenas e centenas de estrelas, nada significarão. Para os Magos, foi um acontecimento único. Para tanto, percorreram longas distâncias para encontrá-lo. Poder-se-ia perguntar-se: quais caminhos me levam a Jesus? As “estrelas” que estou seguindo me levam ao Menino do Presépio? Que encontros podem me levar a aproximar-se ou me afastar de Jesus?