Mais de 2 mil casos de câncer foram diagnosticados em moradores de Brusque nos últimos anos
Tumor na pele, colo de útero e mama lideram a lista de doenças mais frequentes
Tumor na pele, colo de útero e mama lideram a lista de doenças mais frequentes
Nos últimos quatro anos e meio mais de 2 mil casos de câncer foram diagnosticados entre os moradores de Brusque. O levantamento ainda aponta que o tumor de pele é o mais comum, seguida pelo colo de útero e de mama.
De acordo com os dados apurados pela Secretaria de Saúde de Brusque, apenas até junho de 2022 já foram registrados 125 casos da doença. No entanto, o número está abaixo da média dos últimos anos. O recorde foi registrado em 2019, quando foram contabilizados 584 casos.
Neste ano, 72% dos casos são mulheres, contra 28% dos diagnósticos de homens. Além disso, 68 casos são pessoas adultas, dos 20 aos 59 anos. Na sequência estão os idosos, com 56 casos. Há ainda um caso de câncer em criança.
A Secretaria de Saúde ressalta que a referência para tratamento oncológico é Blumenau. Os pacientes diagnosticados precisam se deslocar até o município para realizarem o tratamento ou a cirurgia para retirada do tumor. Em alguns casos, quando a doença é descoberta de forma aguda, a cirurgia para retirada pode ser feita em Brusque.
O secretário de Saúde de Brusque, Osvaldo Quirino de Souza aponta que os números estão dentro da média e que podem crescer até o fim do ano. Ele avalia que durante a pandemia houve uma demanda reprimida e agora, com o retorno gradual da normalidade, é provável que as pessoas voltem a procurar os médicos para fazer os exames preventivos.
Osvaldo destaca que boa parte dos números de tumores são detectados ao acaso, pois não há histórico familiar, relação com o meio ambiente ou hábitos alimentares. “São mais de 60% dos casos. É importante saber disso, pois qualquer um pode ter qualquer tipo de câncer. Conforme nós envelhecemos, aumentam as chances, pois a célula degenera e fica favorável à mutação e desenvolvimento de tumores”, explica.
Pessoas com histórico familiar devem realizar exames periódicos e com antecedência para terem mais chances de diagnosticarem e tratarem a doença logo no início. Além disso, o secretário comenta que a partir dos 50 anos aumentam as chances do aparecimento de tumores.
“É de grande importância o diagnóstico precoce, pois quando há manifestação clínica temos mais chances de cura com a radioterapia, quimioterapia ou a cirurgia para extração. Assim diminuímos o sofrimento do paciente e da família, pois estes tratamentos são muito dolorosos para as vítimas”.
O câncer de pele, que lidera a lista entre os tumores mais comuns entre os brusquenses, está ligado ao histórico familiar, características da pele e o excesso de exposição solar. A alta incidência solar e a falta de hábito em usar protetor solar todos os dias tornam-se fatores de risco e que aumentam os índices da doença, conforme explica a dermatologista Vanessa Bremm.
A médica alerta para os casos de feridas que não cicatrizam e quando surgem manchas na pele que coçam, ardem, descamam ou sangram.
“Os carcinomas, tipo mais comum de câncer de pele, ocorrem principalmente nas áreas do corpo mais expostas ao sol. Já o melanoma, forma mais grave do tumor de pele, pode aparecer em qualquer parte do corpo, na pele ou mucosas, na forma de manchas, pintas ou sinais”.
De acordo com a especialista, a dermatoscopia é um exame feito no consultório para detectar possíveis sinais de câncer de pele. Através do dermatoscópio, o médico consegue visualizar camadas da pele não vistas a olho nu. “Alguns casos exigem um exame invasivo, que é a biópsia realizada pelo dermatologista ou pelo cirurgião oncológico”.
Para evitar o câncer de pele, a médica alerta para duas medidas: evitar a exposição solar entre 10h e 16h e não esquecer de aplicar o protetor solar com fator a partir de 30 FPS. “É necessário reaplicar o filtro solar a cada duas horas, durante a exposição ao sol, bem como após mergulho ou grande transpiração. Mesmo filtros solares ‘à prova d’água’ devem ser reaplicados. Além dessas medidas, é fundamental a consulta anual de revisão com seu médico dermatologista”, destaca.
Osvaldo comenta que as campanhas como Outubro Rosa são fundamentais para o diagnóstico precoce do câncer. Ele elogia o trabalho realizado pela Rede Feminina de Combate ao Câncer que auxilia as mulheres vítimas dos tumores na mama ou no colo de útero, além de proporcionar exames ginecológicos gratuitos.
“O objetivo da campanha é alertar que todos são passíveis de terem a doença e para que as mulheres façam o autoteste com a inspeção da mama, além de realizarem o exame preventivo de colo de útero com o papa nicolau”, ressalta.
De acordo com o secretário, o câncer de cólon tem relação com a hereditariedade e alimentação com poucas fibras. O diagnóstico da doença é tardio para boa parte dos homens que se negam a fazer o exame de toque. “90% dos tumores estão ali e os homens demoram mais para fazer o exame”, diz.
O médico oncologista Gabriel Quintela comenta que o sucesso para o tratamento de qualquer tipo de câncer depende de dois fatores: a descoberta logo na fase inicial e entender se ele é ou não agressivo. O diagnóstico precoce pode aumentar as chances de cura.
“E além disso, quanto mais precoce o diagnóstico, menor é a intensidade de tratamento. Ou seja, num câncer de mama estágio 1, por exemplo, a chance da paciente receber tratamento com quimioterapia é bem menor que se a mesma paciente descobrisse no estágio 3”, esclarece.
A indicação de cirurgia para retirada dos tumores ocorre, principalmente, nos estágios iniciais. Em casos em que a doença é descoberta em estágio de metástase, ou seja, quando já se espalhou, a cirurgia para retirada do tumor inicial já não traz tantos benefícios, de acordo com o médico.
Há vários exames que podem ser realizados para detecção precoce da doença, exemplo disso é a análise de sangue para encontrar possível câncer de próstata, ou exames de imagem, como a mamografia para diagnosticar o câncer de mama e a tomografia do tórax para o câncer de pulmão, além do exame de visualização direta, como a colonoscopia no câncer de intestino.
“Diagnóstico precoce se faz com exames sem que o paciente tenha algum sintoma ou que palpe algum nódulo. Então, não se espera sintoma para realizar os exames”, salienta o oncologista.