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Mais de 20 veículos caíram em rios e ribeirões de Brusque em cinco anos; veja caso a caso

Acidentes causaram a morte de quatro pessoas neste período

Levantamento realizado pelo jornal O Município aponta que 21 veículos caíram em rios, córregos e ribeirões de Brusque nos últimos cinco anos, ou seja, desde 2016.

Desse número, 12 carros caíram no rio Itajaí-Mirim. Ao todo, foram registradas quatro mortes de pessoas que estavam dentro dos automóveis. Apenas em 2021 já foram registrados três acidentes de veículos que caíram no principal rio de Brusque, e um motorista morreu.

O levantamento ainda aponta que os anos de 2020 e 2017 foram os que mais registraram acidentes de veículos que caíram no rio: cinco em cada ano, com duas vítimas fatais.

Em 2019, um veículo quase caiu no rio após se envolver em um acidente na avenida Bepe Roza, a Beira Rio. O carro colidiu em outro veículo, e, com o impacto, arrancou parte do guard rail na calçada.

Carro que caiu no rio em outubro 2020 e resultou na morte de Gilberto Ristow | Foto: Corpo de Bombeiros/Divulgação

Mortes

Um jovem de 20 anos, identificado como Luís Carlos Frensch, morreu após o carro que ele conduzia, um Peugeot, entrar no rio. O acidente ocorreu perto da ponte do bairro Jardim Maluche, na avenida Bepe Roza, em abril deste ano.

Em outubro de 2020, Gilberto Ristow, 60, morreu após o carro que ele conduzia, uma Mitsubishi L200, cair no rio. Testemunhas informaram que o veículo teria dado a ré pela rua Catarina Staack quando caiu.

Já em dezembro de 2017 Jeferson Hyrco, 27, morreu após o carro Honda Civic cair no rio. O corpo foi encontrado próximo ao local da queda, a cerca de cinco metros de profundidade.

A vítima fatal de 2016 foi Guilherme Henrique de Aquino Silva, 20. O motorista do Santana disse que perdeu o controle do veículo e caiu no rio. No entanto, ele saiu do veículo a tempo, mas o carona não conseguiu se salvar.

Instalação de guard rails: o que a prefeitura pensa?

Após a morte de Frensch, em abril deste ano, a discussão sobre instalação de guard rail na Beira Rio voltou ao debate. A proteção metálica tem o objetivo de evitar que o carro saia da pista em locais em que há risco do motorista perder o controle do veículo.

Conforme noticiado anteriormente, Renato Bianchi, diretor de Trânsito da Secretaria de Infraestrutura Estratégica, informou que a pasta realizaria um mapeamento dos pontos críticos para receberem a proteção.

Guilherme Henrique de Aquino Silva morreu após cair no rio em 2016 | Foto: Levi de Oliveira/Arquivo O Município

Ele aponta que os locais identificados com necessidade de guard rail são a curva dos bombeiros, no local onde morreu Ana Paula Benaci, 34, em 2018, após um caminhão cair sob o veículo que ela conduzia; e entrada para rua próxima a Viva Esporte Academia, onde o ciclista João Anzini, 53, morreu após uma colisão com um carro, em 2016.

Ele explica que no cruzamento entre a avenida Beira Rio e a rua Maria Raulino Coelho, em dias de muita chuva há acúmulo de água na pista. Com isso, há mais chances dos carros aquaplanarem e caírem no rio.

“A Secretaria de Obras andou fazendo melhorias, então não acumula muito, mas ainda tem um pouco de água. Como é uma curva acentuada, pode aquaplanar e cair no rio”.

As proteções devem ser colocadas após a pasta finalizar a instalação nos pontos da margem esquerda da Beira Rio. “O material que sobrar, nós usaremos para colocar nos pontos críticos da margem direita”, diz o diretor.

Ele diz que a pasta discute a necessidade de instalação de guard rail em toda a extensão da Beira Rio. No entanto, ele salienta que esse processo custaria muito aos cofres públicos.

“Se fosse para ser mais seguro colocaríamos em toda extensão, mas o alto custo para fazer tudo de uma vez só, hoje a Secretaria não tem condições para isso. Nós analisamos como estão se tornando mais constantes [os acidentes] e aos poucos devemos instalar, mas não conseguimos dar uma previsão para começar”.

Na opinião de Bianchi, os acidentes ocorrem devido à imprudência dos condutores. “Se as pessoas respeitarem a sinalização de trânsito, andarem na velocidade que realmente devem andar, a 60 quilômetros por hora, ninguém vai cair no rio”.

Segundo ele, nos demais pontos da Beira Rio, caso os motoristas respeitem a velocidade e a sinalização, não há problema.

Como funcionam os resgates no rio de madrugada

As quedas de carros no rio também colocam em evidência o trabalho do Corpo de Bombeiros. Para realizar o resgate de possíveis vítimas dentro de carros que caem no rio Itajaí-Mirim, é seguido um protocolo específico.

Quando não há, no mínimo, dois mergulhadores na guarnição do Corpo de Bombeiro de Brusque trabalhando, é acionada uma equipe de Blumenau ou outra cidade da região para realizar as buscas. No entanto, se o acidente ocorrer durante a noite ou madrugada, o trabalho só pode ser realizado na manhã do dia seguinte, observando as condições do tempo e de segurança dos mergulhadores.

O comandante do Corpo de Bombeiros de Brusque, capitão Rodrigo Gonçalves Basílio, explica que os serviços de busca, resgate e operações subaquáticas prestados pelo Corpo de Bombeiros são regidos pela Diretriz de Procedimento Operacional Permanente Nr. 21, de julho de 2011.

De acordo com o capitão, quando a cidade não tem dois bombeiros especializados em mergulho trabalhando naquele dia, a equipe de resgate vem de Blumenau, cidade sede do 3º Batalhão de Bombeiros Militar.

“Convém salientar que a atividade de mergulho exige uma capacitação específica, com carga horária mínima de 200 horas/aulas, não sendo, portanto, uma formação comum a todos os bombeiros militares, os quais, como se sabe, precisam atuar também nas mais variadas ocorrências, a exemplo de combate a incêndios, resgates veiculares, buscas terrestres, operações envolvendo produtos perigosos, perícias em incêndio, salvamento em altura, busca e resgate em estruturas colapsadas, busca e resgate em situações de enchente e enxurrada, além dos inúmeros acidentes de trânsito”.

O corpo de Jeferson Hyrco foi encontrado a cerca de 5 metros de profundidade após o carro dele cair no rio | Foto: Pedro Paulo Angioletti/Rádio Araguaia

Basílio explica que, na hora de realizar o resgate no rio, há algumas dificuldades, como a velocidade da correnteza e a existência de obstáculos submersos, como galhos, pedras e linhas de pesca. “Trata-se de uma das atividades mais perigosas exercidas pelos bombeiros militares”, salienta.

O comandante explica que, para o Corpo de Bombeiros realizar o resgate de um veículo que caiu no rio durante o dia, a equipe segue os requisitos mínimos de segurança para a vida e a integridade física dos mergulhadores.

Ele acrescenta que a ação de mergulho para retirar o veículo poderá ser efetuada, desde que seja realizado o pagamento previsto na Lei estadual nº 7.541/1988, cujo valor é de R$ 55,26 por bombeiro e por hora.

Também afirma que, de acordo com a Diretriz de Procedimento Operacional Permanente, “salvo situações adversas de caráter especial devidamente autorizadas pelo Comando, as operações de mergulho deverão ocorrer entre o nascer e o pôr do sol”.

“Mais uma vez, é fundamental reiterar que as ações de mergulho somente poderão ocorrer, ainda que durante o dia, após verificadas as condições mínimas de segurança para a vida e a integridade física dos mergulhadores”, finaliza.


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