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Mais de 550 mortes por problemas cardíacos foram registradas em Brusque nos últimos quatro anos

Pessoas acima de 60 anos são maioria na lista; cardiologista explica motivos, tendências e onde procurar ajuda

Mais de 550 mortes por problemas cardíacos foram registradas em Brusque nos últimos quatro anos

Pessoas acima de 60 anos são maioria na lista; cardiologista explica motivos, tendências e onde procurar ajuda

Mais de 550 pessoas morreram por problemas cardíacos no município de Brusque desde o ano de 2019. Os dados foram reunidos pela Vigilância em Saúde e a última data de atualização foi no dia 31 de agosto deste ano.

A maioria dos óbitos registrados são de mulheres. Dentre os anos citados, apenas em 2020 morreram mais homens (57 x 50). Se separarmos por idade, os dados também chamam atenção, já que é possível notar uma taxa de mortalidade maior entre pessoas acima de 60 anos.

Dados

Bruno Casagrande dos Santos é cardiologista intervencionista e atua no Hospital Azambuja de Brusque. Questionado sobre os motivos pelos quais as mulheres são maioria nos dados, o profissional explica que a incidência de infarto agudo do miocárdio tende a ser mais frequente entre os homens, mas quando se fala de mortalidade, as mulheres possuem 50% mais chance de óbito.

“Entre as explicações existentes é que a anatomia é diferente entre os sexos. As mulheres tendem a ter artérias coronárias (que fornecem sangue ao músculo cardíaco) um pouco mais calibrosas (dilatadas). Isso pode, com a formação de placa de gordura nas artérias, causar uma obstrução um pouco mais grave. Muitas delas também possuem sintomas atípicos na apresentação de um infarto agudo do miocárdio (ataque cardíaco), isso faz com que demorem mais para procurar ajuda em um sistema de saúde. Essa demora pode ser fatal”, explica Bruno.

O médico também lembra que os hormônios femininos, principalmente o estrogênio, são fatores que tendem a proteger a mulher. A incidência de doenças cardíacas em mulheres que ainda não passaram pelo período de menopausa (último ciclo menstrual) é menor.

“Quando ela entra nesse período (menopausa) e os hormônios diminuem, a tendência é que as possibilidades de desenvolvimento de doenças cardíacas e ocorrência de infartos se igualem a dos homens“, complementa. 

Sobre a questão da idade, Bruno reitera que a alta taxa de mortalidade de pessoas acima de 60 anos por problemas cardíacos se trata de uma tendência detectada na maioria dos estudos que acontecem na área.

“Com o passar dos anos, há uma maior possibilidade da pessoa desenvolver hipertensão arterial, diabetes, sedentarismo e obesidade. A junção desses fatores aumentam as chances de se desenvolverem problemas cardíacos e infartos”.

Hospital Azambuja

Para efeitos de comparação e para realizar uma análise mais profunda de uma parte dos dados disponibilizados pela Vigilância em Saúde de Brusque, o jornal O Município teve acesso aos números obtidos pelo Hospital Azambuja, que é o espaço de saúde que mais atende pessoas no município. Os dados vão de janeiro de 2022 até o dia 30 de agosto deste ano.

No ano de 2022, o hospital registrou 37 óbitos relacionados a problemas cardíacos, acidente vascular cerebral (AVC) e problemas de circulação sanguínea (artérias). Embora possam não ter relação direta, os casos que não estão descritos como problemas cardíacos nas tabelas foram adicionados apenas para efeito de alerta, já que também possuem taxa significativa de mortalidade. 

“A circulação do sangue no corpo envolve todas as artérias e veias. A relação é muito ampla. Nem sempre a causa de um AVC vai ser de origem cardiológica. A gente até pode englobá-las (as outras doenças citadas na tabela) em algumas categorias, mas não são a mesma coisa”, explica o cardiologista Bruno Casagrande.

Diferente do ano anterior, o Hospital Azambuja não registrou nenhuma morte súbita não especificada em pessoas abaixo dos 60 anos no ano de 2023. Porém, há presença de insuficiência cardíaca, AVC e infarto que foram categorizados desta maneira. A pessoa mais jovem que faleceu nessas condições tinha 46 anos.

Vale lembrar que os dados disponibilizados pelo Hospital Azambuja representam apenas uma parte dos que foram fornecidos pela Vigilância em Saúde de Brusque. Nem todos os óbitos passados pelo órgão público faleceram no Hospital Azambuja. Em Brusque, por exemplo, há três hospitais. Muitos dos falecidos, inclusive, tiveram óbito registrado na própria residência, cenário que acaba sendo mais comum quando se trata de idosos.

Ajuda

O município de Brusque dispõe atualmente de dois serviços de hemodinâmica. O cardiologista Bruno Casagrande ressalta que o Hospital Azambuja está estruturado para receber pacientes cardíacos.

“Ela está disponível 24 horas por dia, sete dias por semana. São atendidos pacientes via SUS, convênio e particular. Sabemos que durante um infarto agudo do miocárdio, temos o menor tempo possível para realizar o tratamento”, conclui Bruno. 

Além do Hospital Azambuja, é possível fazer procedimentos na hemodinâmica do Hospital Imigrantes, que também atende todos os dias no mesmo formato, porém, não realiza atendimentos ‘porta aberta’ via SUS (realiza somente para demanda interna).


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