Mais de 69% das vítimas de Covid-19 em Brusque tinham comorbidades

Levantamento mostra que as principais doenças são cardiovascular, diabetes e obesidade

Mais de 69% das vítimas de Covid-19 em Brusque tinham comorbidades

Levantamento mostra que as principais doenças são cardiovascular, diabetes e obesidade

Um levantamento realizado pelo jornal O Município mostra que das 262 vítimas da Covid-19 em Brusque, 182 pacientes tinham comorbidades, ou seja, 69,4% dos pacientes. As principais doenças são as cardiovasculares, diabetes e obesidade.

Os dados foram apurados em consulta ao portal da transparência do site do governo de Santa Catarina, no Painel de Casos Covid-19 SC (coronavirus.sc.gov.br). O levantamento engloba dados até o dia 10 de junho, e os óbitos registrados na cidade depois deste período ainda não foram contabilizados no sistema.

Segundo o levantamento, 113 vítimas tinham doença cardiovascular crônica, 62 apresentavam diabetes e outras 59 foram enquadradas com obesidade.

Problemas cardiovasculares

Conforme explica a diretora da Vigilância em Saúde de Brusque, Ariane Fischer, a doença cardiovascular é a comorbidade mais comum no Brasil e, logicamente, a Covid-19 vai acabar afetando os grupos com maior número de comorbidades como a pressão alta, diabetes, além da obesidade.

“São comorbidades muito comuns e diferentes de uma doença reumatológica, por exemplo, que é mais rara”, afirma.

Ela ainda explica que a hipertensão arterial, que é a doença cardiovascular, compromete todo o sistema fisiológico da pessoa. Segundo ela, a doença vascular está muito ligada aos coágulos que a Covid-19 pode acometer e que são comuns nessa situação, como a trombose. Com isso, ocorrem as complicações e, por consequência, os óbitos.

“A Covid-19 é um agravante, acontece muito a trombose e devido a alteração cardiovascular, já tem uma predisposição a acontecer”.

Ariane ainda analisa que esses pacientes devem tomar a vacina contra a Covid-19 para não contraírem a forma grave da doença. “A vacina não vai impedir de contrair a Covid-19, mas o objetivo é que não se contraia a forma grave, igual a da BCG, que previne a forma grave da tuberculose, mas não quer dizer que não vai contrair”, acrescenta.

Diabetes e obesidade

O médico endocrinologista Frederico Guimarães Marchisotti explica que a diabetes, obesidade e a doença cardiovascular estão relacionadas. Segundo ele, a diabetes é uma doença crônica que tem os próprios riscos.

“Quem é diabético muitas vezes já tem pressão alta, às vezes obstrução nas artérias do coração, do cérebro ou da perna que é a aterosclerose. Então já faz parte de um organismo que está pior, vamos dizer assim. Além disso, a diabetes é uma doença sistêmica e que leva também a um estado inflamatório. E a Covid-19 desperta esse estado inflamatório no paciente. É uma tempestade inflamatória”, explica.

O endocrinologista explica que quando a Covid-19 acomete um diabético, o vírus piora o estado da vítima. “Normalmente a Covid-19 vai aumentar os níveis de glicose. Então esses pacientes com altos níveis de glicose ficam submetidos a terem infecções mais facilmente”.

Outro fator apontado por Marchisotti é que 80% dos pacientes diabéticos também são obesos. Segundo ele, esse também é um agravante e que aumenta os riscos aos pacientes com a Covid-19. “Tudo isso somado, a gente percebe que o diabetes é um dos principais fatores, se não o principal comorbidade”.

Conforme o médico analisa, a diabetes também é considerada um fator de risco para a doença cardiovascular, pois ajuda a obstruir as artérias.

“Tenho visto muitos casos de pacientes que não sabiam que eram diabéticos, ou que não tinham diabetes, mas descobriram por conta da Covid-19. Ele entra no hospital e quando vai ver está com a glicose alta. Em muitos casos foi a Covid-19 que despertou os sintomas da diabetes”, salienta.

Por esses motivos, o endocrinologista entende que os pacientes diabéticos devem tomar a vacina, pois fazem parte do grupo prioritário para a vacinação e têm mais riscos de falecerem.

Perfil das vítimas

O levantamento também aponta que das 262 vítimas da Covid-19 em Brusque, 148 eram homens. Além disso, a faixa etária com mais óbitos foi a dos 70 a 79 anos, sendo registradas 67 vítimas. Logo em seguida vem a idade dos 60 a 69 anos, com 61 mortes associadas à Covid-19.

O painel ainda mostra que os principais sintomas das vítimas, sendo a falta de ar, tosse, desconforto respiratório, febre e saturação como os mais comuns.


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