Manifestação que pede o impeachment de Dilma Rousseff será realizada neste domingo, 13
Carreata está marcada para sair do pavilhão Maria Celina Vidotto Imhof e ir em direção a praça Sesquicentenário
Após os últimos desdobramentos políticos no país, vários grupos a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff marcaram manifestações para o próximo domingo, 13, pelo Brasil. Em Brusque não será diferente, o Movimento Basta de Corrupção agendou uma carreata a favor do impedimento da petista com saída da frente do pavilhão Maria Celina Vidotto Imhof, às 16h. Já às 17h está marcada uma concentração na praça Sesquicentenário, que deve ir até as 18h.
De acordo com Ronald Ivar Kamp, membro da comissão organizadora da manifestação, a expectativa é de que os últimos acontecimentos, sobretudo a condução coercitiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, impulsionem a participação popular. Ele espera que entre 1 mil e 2 mil pessoas participem do ato de protesto.
Kamp acredita que a detenção de Lula dará um novo ânimo aos protestos, que tiveram público reduzido nas últimas vezes. “Tem muita gente que curte no Facebook, mas não vai para a rua”, diz, e completa dizendo que espera uma mudança neste comportamento “com a população vendo o volume de escândalos”. Ele afirma que a divulgação acabou de iniciar, muitas pessoas sequer sabem da manifestação em Brusque, por isso a adesão nas redes sociais deverá crescer.
O organizador explica que a manifestação tem três objetivos principais. O primeiro deles é o impeachment de Dilma Rousseff. Para Kamp, o quadro político se deteriorou a tal ponto que somente a mudança no comando do país poderia colocar o país nos trilhos. O segundo ponto é um manifesto em apoio à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal, dois dos órgãos integrantes da Operação Lava Jato. Após a condução de Lula, tanto a PF quanto o MPF foram bombardeados por críticas de militantes.
O terceiro ponto é, mais uma vez, prestar apoio à Operação Lava Jato em si. A investigação já está em sua 24ª fase e é considerada por muitos o maior escândalo político da história do Brasil. Centenas de pessoas influentes da economia e política foram detidas, e diversas foram, inclusive, condenadas pelo juiz federal Sérgio Moro, que comanda os trabalhos de Curitiba (PR).
Os três pontos são os mesmos de outras manifestações realizadas em Brusque. Porém, o membro do Movimento Basta de Corrupção ressalta, desta vez, que a simples saída de Dilma e seus aliados não resolverá todos os problemas. “Corrupção não é exclusividade do PT. Queremos o impeachment e a punição dos outros envolvidos, como o PP e o PMDB, que participam do governo”, afirma.
Há atos marcados em várias cidades pelo país e em muitas capitais. A pauta é uma só: a retirada de Dilma e do PT do poder. No estado, Blumenau, Joinville e Florianópolis, entre outros municípios, possuem eventos agendados no Facebook.
Novo modelo para aumentar participação
Uma mudança da manifestação de 13 de março em relação às outras realizadas em Brusque desde o ano passado é que desta vez será uma carreata, enquanto antes era um ato estático, geralmente na praça Sesquicentenário. Kamp explica que com esta mudança o movimento espera aumentar a adesão dos brusquenses.
Com os carros passando pelo Centro, os manifestantes esperam chamar mais a atenção e com isso aumentar os números na manifestação. No domingo, a princípio, o ponto de saída é o pavilhão, e haverá uma concentração em frente à loja Casas Bahia, na avenida Cônsul Carlos Renaux. Isto pode ser alterado, dependendo da quantidade de pessoas, conforme Kamp. A comissão organizadora fará uma reunião com a Polícia Militar amanhã para tratar dos detalhes.
As manifestações pró-impeachment têm perdido apoio em Brusque, apesar da alta rejeição que a presidente Dilma tem na cidade. Na última eleição, a petista recebeu cerca de 15% dos votos no município. Em novembro de 2015, o protesto reuniu cerca de 50 pessoas, no Centro. Número pequeno em contraponto a março do mesmo ano, quando aproximadamente 8 mil manifestantes lotaram a praça Sesquicentenário.
Entidades em apoio à manifestação
Cinco entidades de Brusque manifestaram apoio formal aos atos de 13 de março. Michel Belli, presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), cobra engajamento da população. “Somos totalmente favoráveis. Temos que deixar de mandar mensagens no WhatsApp e nas redes sociais e ir para as ruas”, afirma. Ele é a favor do impeachment e do combate à corrupção, que, segundo o presidente, tornou-se generalizada.
O presidente da regional do Sindicato dos Médicos do Estado de Santa Catarina (Simesc), Laércio Cadore, também é favorável ao movimento. “A ideia é o impeachment, mas também mostrar o descontentamento dos médicos”, explica. O profissional diz que medidas como o programa Mais Médicos não agradam a categoria.
A Associação Empresarial de Brusque (Acibr) também divulgou nota em favor das manifestações, assinada em conjunto com outras associações empresariais do estado. A entidade afirma que os empresariado tem sofrido com a ações tomadas pelo governo federal e uma mudança é necessária. “No entanto, é extremamente necessário – independentemente do resultado do processo de impeachment e do processo de cassação de mandato – que ocorra um imediato ‘choque de gestão'”, diz o comunicado.
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) – Subseção Brusque também emitiu nota em apoio aos atos contra a corrupção, assinada pelo presidente Renato Munhoz.
“Desde a instauração da Operação Lava-Jato, há cerca de 2 anos, temos visto um “mar de lama” tomar conta da política e de estatais brasileiras, soterrando o desenvolvimento econômico e social do Brasil com supostos atos de corrupção interligados aos Presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado, e, o que é pior, à Presidente da República”. A nota também apoia as investigações em andamento. “Manifestamos nosso apoio a toda e qualquer investigação, isenta e independente, que se faça contra corruptos e corruptores, assegurados que devem ser os princípios constitucionais da ampla defesa e do contraditório”.
Em contrapartida, o coordenador do Fórum Sindical de Brusque, João Decker, não acredita que este seja o momento para uma medida radical como o impeachment. “Acho que não é o momento. Deixemos a Justiça Federal tomar as suas decisões como está fazendo muito bem”, afirma o dirigente sindical.