Manifestantes em apoio à Marlina na Câmara vieram de fora de Brusque; ato gera polêmica entre vereadores
“Foi um circo”, criticou o presidente da Câmara, Alessandro Simas
“Foi um circo”, criticou o presidente da Câmara, Alessandro Simas
Parte dos manifestantes que acompanharam a sessão da Câmara de Vereadores de Brusque nesta terça-feira, 29, em apoio à vereadora Marlina Oliveira (PT) eram de fora da cidade. A reunião teve que ser interrompida duas vezes por interrupções do público. Conforme apurado por O Município, eles vieram de ônibus até Brusque.
Marlina é alvo de um pedido de cassação, acusada de quebra de decoro parlamentar pelo ex-diretor-presidente do Samae Luciano Camargo. O motivo são as acusações feitas pela vereadora na tribuna da Câmara, citando diretamente Camargo, Jones Bosio (presidente do PTB local) e outros ligados ao Samae.
Na sessão foi votada ainda a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar denúncias contra a autarquia. O requerimento, de autoria de Marlina, foi rejeitado e contou com apenas três votos favoráveis, da autora e dos vereadores Ivan Martins (União) e Rogério dos Santos (União).
A presença dos manifestantes de fora da cidade, identificados com camisetas e bonés do PT e de movimentos simpatizantes, causou polêmica e estranheza entre os vereadores nos bastidores. O motivo, conforme apurado pela reportagem, é que eram pessoas de fora da cidade protestando contra fatos que, para os parlamentares, só dizem respeito à população de Brusque.
Conforme apurado pela reportagem, o ato não foi levado a sério por vereadores da base do governo. De acordo com uma fonte da Câmara, que prefere não se identificar, a percepção que ficou entre os parlamentares é de que Marlina “teve que trazer gente de fora, pois não possui apoio orgânico em Brusque”.
Além disso, a postura dos manifestantes também não agradou os vereadores. Ainda segundo a fonte, a impressão deixada também sobre o ato é que “a manifestação não passou de um pretexto para irem tumultuar, ofender e intimidar os vereadores”, completou.
Outras informações de bastidores dão conta que os manifestantes vieram de cidades como Palhoça, Biguaçu, Balneário Camboriú e da capital Florianópolis.
O presidente da Câmara, Alessandro Simas (sem partido), foi procurado para se manifestar sobre o assunto. Simas criticou as manifestações e acusou que as pessoas vieram de ônibus ao local patrocinadas por alguma instituição ou pelo partido.
“A questão Samae estava em segundo plano. O foco das pessoas que aqui vieram, algumas de Brusque, mas a maioria em um ônibus de fora, patrocinadas não sabemos por quem, com faixas ‘Lula isso, Lula aquilo’, fez com que ficássemos preocupados em relação à condução dos trabalhos”, afirma.
Além disso, o presidente do Legislativo fez ainda duras críticas ao protesto, e comentou que a cassação do mandato da vereadora sequer estava em pauta na sessão desta terça-feira.
“Tentamos conversar e dialogar para que houvesse respeito. A casa legislativa tem regras e nós tomamos as medidas. A forma em que eles se manifestam, falando, aplaudindo e berrando, fere o regimento e não é permitido. Foi um circo”, complementa Simas.
Procurada pela reportagem, a vereadora Marlina comentou a presença dos apoiadores no plenário, rebateu críticas de colegas vereadores e afirma que alguns parlamentares provocaram os presentes.
“Se vem de fora ou não, as pessoas transitam por onde elas quiserem. Então, o que posso dizer é que ali estavam representantes dos movimentos LGBT, de mulheres, negro, feminista, que são lugares em que eu faço falas, rodas de conversa e oficinas no cotidiano”, comenta.
Ela disse ter sido surpreendida pelo quão acompanhado é o mandato. Inclusive, citou um abaixo-assinado realizado entre apoiadores contra o pedido de cassação, que está com cerca de 3 mil assinaturas.
“Eu acho que as pessoas estão fazendo o exercício da democracia. Se meus colegas vereadores se sentem ofendidos em ver a democracia em curso, isso é mais questão deles do que minha”, enfatiza.
A vereadora citou que, nos momentos de intervenção por parte do presidente da Câmara, conversou com os apoiadores solicitando que fosse garantido a ordem no plenário para andamento dos trabalhos.
“As pessoas estavam naquele espaço com muita verdade. Em contrapartida, vi muitas provocações. Se fizermos uma análise justa, havia parlamentares fazendo uso do regimento para provocar as pessoas. Não apenas uma vez, mas reiteradamente”, pontua.
Por fim, ela comenta que, no fim dos trabalhos, a sessão se encerrou com tranquilidade. Marlina ressaltou, também, que se tratou de um ato democrático de apoiadores do mandato.
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