Maratoninha do Oscar – primeira parte!
Hoje a gente começa nosso querido mutirão de resenhas, críticas e reclamações sobre os filmes indicados ao Oscar. Começamos um pouco tarde, há que se confessar… e por conta disso o assunto vai além do dia do prêmio propriamente dito, que será entregue já no próximo domingo. Mas, já que o mais importante é o cinema e não as estatuetas… vamos em frente, com muita pipoca!
Passengers
Um dos principais motivos para criar aquela “primeira boa impressão” do filme Passengers, em minha visão, foi o elenco principal: Jennifer Lawrence (a Katniss de Jogos Vorazes) e Chris Pratt (de Guardião das Galáxias), dois atores cujo trabalho admiro muito; e também a abordagem proposta: uma ficção científica envolvendo viagem espacial, planetas, naves e cometas.
Dirigido por Morten Tyldum, o filme retrata uma realidade na qual a Terra se encontra em um estado de superpopulação, de forma que uma nave transportando cinco mil passageiros encaminha-se para uma colônia distante. Faltando 90 anos para o fim do trajeto, o engenheiro Jim Preston (Chris Pratt) é acordado subitamente, e apavorado com a ideia de envelhecer e morrer sozinho, decide – após muita hesitação – acordar outra passageira, a escritora Aurora Lane (Jennifer Lawrence). Apesar de segredos e decepções, uma improvável história de amor surge entre os dois, caracterizando o filme como uma inesperada combinação de ficção e romance.
Passengers recebeu duas indicações ao Oscar, para Melhor Trilha Sonora e Melhor Design de Produção. No que diz respeito a essas categorias, é de fato um forte concorrente: destaque para a trilha sonora original e envolvente, e também à fantástica produção visual contida no filme, de forma a nos inserir naquela avançada realidade tecnológica, preocupando-se com os mínimos detalhes. Porém, o filme recebeu diversas críticas com relação ao rumo que a história toma, sob a alegação de que em meio a outros filmes nesse estilo que foram lançados recentemente, o roteiro careceu de certo toque de originalidade. Apesar das críticas negativas, enxergo em Passengers uma ótima proposta, e que habilmente concilia ficção, romance e também certo humor, fruto da junção desses dois incríveis atores. Com um final imprevisível e, de certa forma, comovente, o filme se difere de muitos outros do gênero, em minha opinião, e é um candidato com grandes chances na conquista das tão almejadas estatuetas.
Mariana Riffel – 17 anos – Química 5, IFSC
La La land – Cantando Estações
E 1, 2, 3, Vai!… “Pronto acabou a parte legal do filme. Podemos ir embora?” O filme La La Land – Cantando Estações se mostrou exatamente isso: 10 primeiros minutos de um filme inesquecível e mais 2 horas de: NADA!!!! Vou explicar: Apesar das melodias contagiantes (da primeira e segunda músicas, só) e da fantástica interpretação de Emma Stone, o filme se perde e se mostra cheio de encheções de linguiça: são músicas que em nada acrescentam a história, coreografias sem alma, cenas sem necessidade. Mas, confesso, o filme mata (só um pouquinho) a saudade dos grandes musicais (ou tenta, pelo menos). A cenografia de cores vibrantes, quentes e impulsivas que nos faz lembrar Singing in The Rain e Emma Stone como Mia que nos mostra uma personalidade mix de Funny Girl com Cinderela em Paris.
A obra retrata a difícil vida de Mia – uma aspirante a atriz – que conhece um jovem músico, Sebastian (Ryan Gosling). Os dois juntos enfrentam as barreiras da vida artística, vivendo momentos de dificuldade e felicidade, mas vale lembrar, nem tudo termina em “happy ends”: sorte no jogo, azar no amor.
Assim, o filme tenta nos passar uma mensagem muito bonita sobre a importância de nunca desistir dos nossos sonhos, lutando por eles apesar dos altos e baixos da vida. “Mas então La La Land não é tão ruim?” Não!! Mas 14 indicações ao Oscar? Aí Já é demais!!!! Diversos Filmes (até brasileiros, como Aquarius) mereciam algumas dessas indicações muito mais que La La Land. O filme está correndo atrás desse amontoado de estatuetas porque o Oscar, nitidamente, trata como xodós as obras que retratam a vida hollywoodiana e o meio que a cerca e, assim, acaba desvalorizando tantos filmes merecedores de uma indicação. Nem Titanic mereceu 14 indicações, imagina La La Land.
Pedro Rabelo de Araújo Neto
Até o Último Homem
Tudo o que eles viam era, simplesmente, um garoto magrelo e sem jeito pra guerra que não conseguiria servir o seu país em combate, mas eles nunca estiveram tão errados. Até o Último Homem (Hacksaw Ridge), dirigido por Mel Gibson, conta a verídica história de Desmond Doss (Andrew Garfield), um jovem que vive no interior de Virginia, nos Estados Unidos da América, durante o final da 2° Guerra Mundial e se vê num dilema: como ser fiel à Bíblia e ao mandamento “não matarás” enquanto luta numa guerra? Ele encontra a solução se alistando ao exército para servir como médico de combate, com a fervorosa condição: nunca pegar numa arma. Mas as coisas não são tão simples assim. As cenas acompanham a vida familiar e amorosa – demasiadamente pura e singela – de Doss, seus treinamentos militares e, principalmente, sua importante atuação em uma das batalhas fundamentais para a derrota japonesa.
O filme nos trás uma didática, mas interessante, visão sobre a importância de lutarmos ferreamente por nossos ideais, mesmo que o mundo inteiro pareça ser contrário a eles. Além, é claro, de uma incrível atuação do Homem Aranha, também conhecido como Andrew Garflied, que se mostra, cada vez mais, um grande ator. Cheio de cenas de combate bem construídas, o filme é ao mesmo tempo chocante, intenso e comovente. Merece, com toda certeza, a indicação ao Oscar de Melhor Filme.
Para ter uma ideia da grandiosidade dos atos de Doss, ele, sozinho, salvou 75 feridos (testemunhas dizem que foram 100) na batalha da Serra de Hacksaw e foi o primeiro Objetor de Consciência a receber a medalha de honra condecorada, que é a mais alta dos EUA. Em uma entrevista ela disse ter conseguido fazer tudo isso somente dizendo a Deus: “Por favor, me ajude a salvar só mais um”, depois de salvar mais um, e mais um e mais um…
Pedro Rabelo de Araújo Neto – 17 anos – calouro no curso de Relações internacionais na UFSC