Mário Feuzer: o pai do têxtil
Ele reuniu empresários e capitaneou a fundação da primeira fiação
Nascido em Presidente Nereu, Alto Vale do Itajaí, em 1953, Feuzer saiu de casa em 1974 para trabalhar em Blumenau. Os rumos da vida o trouxeram para Brusque cerca de um ano depois.
Feuzer começou na Fábrica de Tecidos Carlos Renaux. Desde jovem, tinha ambição de ter um negócio próprio. Por isso se dedicou com afinco à atividade.
“Eu sempre almejei ter um negócio próprio. Tudo o que tinha lá dentro da Renaux eu desenhava e era conhecedor. Conhecia todos os parafusos da fiação”, comenta.
Depois de quase 11 anos na Renaux, Feuzer já tinha conhecimento o suficiente para empreender. Tinha ciência de que a concorrência em Brusque era grande, por isso resolveu inovar e buscar Botuverá.
Até então, a cidade era muito rural. A maior parte da população era de colonos. Apenas alguns viajavam — pois na época era uma viagem — a Brusque diariamente para trabalhar nas grandes indústrias.
Feuzer não teve medo e pediu ajuda a várias pessoas. Dentre elas estava o botuveraense Geramir Vicentini, o Gica, que trabalhava com ele na Renaux.
O empreendedor também buscou o prefeito da época, Ademir Luiz Maestri. Foram várias conversas com o chefe do Executivo, que estava entusiasmado com a chance de ter uma fábrica na cidade para melhorar a situação da população.
“Nós temos que agradecer ao Mário Feuzer, porque ele fez algumas viagens ao meu gabinete. Um dia eu perguntei a ele: ‘qual é o teu recurso para uma fiação?’. Ele me respondeu que tinha uma casa, um telefone e tal. Aí eu dei uma opinião: ‘por que você não pega os empresários do município?”, lembra Maestri.
O empresário seguiu a recomendação. “Antes de conversar com os sócios, eu tinha adquirido o maquinário em São Paulo, mas não queria colocar em Brusque. Fui conversar com o Ademir, prefeito na época, e ele disse: traz para cá”, declara Feuzer.
Oito empresários de vários segmentos da economia aderiram à empreitada. O espírito empreendedor dos botuveraenses e a expertise de Feuzer deram nascimento à Fiação Botuverá Ltda, a Fibla, em 1987.
“Era uma grande novidade montar a indústria, mas as pessoas tinham conhecimento disso nas grandes empresas. Claro que isso custou 90% de transpiração e 10% de inspiração, porque foi muito trabalhado para colocar o maquinário para rodar”, lembra Feuzer.
O trabalho na Fiação Botuverá durou pouco tempo e logo Feuzer saiu da sociedade. Em 1987, ele ajudou no desenho e na montagem da Fiação Águas Negras.
A contribuição pioneira dele para o desenvolvimento da cidade teve mais um capítulo. Ele chegou a ter a própria fiação, que levava o seu sobrenome. Durou pouco e o empresário logo foi embora.
Anos depois, Feuzer foi para Indaial, onde abriu sua confecção. Hoje, está aposentado e fala com saudosismo e orgulho do seu tempo na região.
“Há um ano, estive em Botuverá e fiquei muito feliz porque o Élio Fachini, o primeiro funcionário, aposentou-se na Fibla. Fiquei contente em saber que já chegou a este ponto de ter gente se aposentando pelo tempo de trabalho na empresa”, afirma.
Grande incentivador
O legado de Feuzer se proliferou e atualmente é a base da economia do município. Os empresários e funcionários pioneiros lembram ainda hoje e destacam a contribuição do ex-funcionário da Renaux.
O Gica — supervisor da Fiação Botuverá, que chegou a trabalhar com Feuzer na Renaux — diz que ele foi corajoso. “Passamos por dificuldades, foi difícil, mas fomos expandindo”.
O vice-prefeito de Botuverá, Alcir Merizio, afirma que Feuzer é uma espécie de “pai do têxtil” na cidade. “A gente tem que lhe agradecer, porque ele reuniu os sócios e juntos montaram a primeira fiação. Foi uma pessoa que bancou o nosso ramo têxtil”.
Prefeito na época das negociações com Feuzer, Ademir Maestri diz que a coragem dele e o espírito audacioso dos empresários foram determinantes para que a cidade se desenvolvesse.
Sérgio Colombi foi um dos oito sócios a aderir ao projeto de Mário Feuzer na fundação da Fibla. Ele também afirma que Feuzer foi arrojado ao abrir uma fábrica numa cidade praticamente rural.
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