Maternidade e a saúde brusquense
O noticiário destes últimos tempos, ladainha diária que não gostaríamos mais de ouvir, muito menos rezar, tem sido repetitivo em descrever o calamitoso quadro da saúde pública, barco sem tamanho, com avarias por todos os lados. É o que temos visto e ouvido. Hospitais públicos e privados sucateados, com enorme dificuldade para prestar um serviço de mínima qualidade aos seus doentes. Escassez de leitos, precariedade de equipamentos, falta de medicamentos, filas intermináveis à espera de uma consulta ou de um exame.
São notícias tristes, dolorosas, que pareciam acontecer somente nos grandes centros urbanos deste pobre país. Infelizmente, a crise da saúde chegou a Brusque. Não apenas o setor de emergência, mas também as portas do Hospital e Maternidade de Brusque estão fechadas desde o mês passado. É uma grave e desastrosa perda para saúde de nossa população.
Quando cheguei em Brusque, testemunhei o trabalho exemplar das Damas de Caridade, grupo de dedicadas mulheres evangélicas, que sacrificavam boa parte do tempo a buscar recursos para ajudar nas despesas correntes do hospital. Eram rifas, cafés da tarde, festas e outras atividades. Tudo com o objetivo de angariar recursos para ajudar na manutenção da Maternidade Evangélica, como assim era conhecido esse tão importante estabelecimento hospitalar.
Os tempos mudam. Já não é mais possível manter o elevado custo de um hospital, com seus encargos sociais e operacionais, como se fazia no passado. E as Damas de Caridade, como aconteceu em quase todos os hospitais e asilos deste país de saúde precária, retiraram-se da administração. Pelas informações divulgadas, as dívidas ultrapassam R$ 30 milhões e os funcionários estão em greve para receber seus devidos salários.
É triste ver o tradicional hospital sitiado por um cordão de isolamento, faixas e cartazes com palavras de protesto, seus enfermeiros e funcionários de braços cruzados, vestidos de grevistas, em frente às portas fechadas. Portas que sempre estiveram abertas para entrar a dor, o choro e a tristeza da doença e por elas sair, quase sempre, o sorriso, a alegria e o bem-estar da saúde, que faz a vida humana valer pena.
Penso que autoridades, dirigentes da comunidade evangélica e das associações de classe, imprensa, classe médica em especial e as pessoas em geral, porque todos nós somos candidatos a um leito hospitalar, todos, enfim, precisam se unir na busca de uma solução que possibilite a reabertura das portas do Hospital e Maternidade. Afinal, Brusque não pode conviver com tamanho retrocesso, na área da saúde coletiva.