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Matheus Rheine faz últimas preparações antes dos Jogos Paralímpicos

Brusquense foca nos 50 metros livre, mas também deverá competir no revezamento

Aos 31 anos, o brusquense Matheus Rheine disputa sua quarta edição de Jogos Paralímpicos, que será realizada de 28 de agosto a 8 de setembro em Paris. Medalhista de bronze no Rio 2016, o nadador da classe S11 (destinada a atletas cegos) sonha com mais duas medalhas: nos 50 metros livre e no revezamento misto 4x100m 49 pontos. Na lembrança recente, estão as conquistas dos Jogos Parapan-Americanos do ano passado.

Na parte final da preparação, Rheine passa o maior tempo possível no Centro de Treinamento Paralímpico, em São Paulo. Conforme relata o brusquense, a ideia é fazer uso da estrutura, que considera estar entre as melhores do mundo, e aproveitar o atendimento em diversas áreas. “Consultas com biomecânico, fisioterapia, de manhã e de tarde tem, se precisar. Qualquer coisa que o treino demandar você já vai lá e faz uma recuperação”, destaca.

Ao longo do ano, os trabalhos para Paris 2024 incluem também diversos aperfeiçoamentos de movimentos, na parte biomecânica, com base em filmagens sub-aquáticas e análises de dados.

Outra mudança fundamental em relação à preparação em São Paulo foi a utilização do chamado tapper. Na natação da classe S11, um auxiliar encosta no nadador com o bastão, indicando a necessidade de fazer a virada e seguir nadando para o lado oposto. Em Brusque era feita uma adaptação na qual um elástico na raia servia como finalização para a virada.

“Como estamos com quatro ou cinco profissionais durante o treino, é possível fazer o treino inteiro com o tapper (…) Ganho a confiança total para virar bem.”

Foco nos 50m

Matheus Rheine disputa as principais competições da natação desde 2011, quando estreou nos Jogos Parapan-Americanos de Guadalajara. Ao longo da carreira, nadou as provas de 50, 100 e 400 metros livre. Desde 2022, também passou a disputar as provas de revezamento em 400 metros.

Recentemente, o nadador trabalhava para as provas de 50 e 400 metros. Tentava conciliar os treinos, e no ano passado foi campeão parapan-americano nos 400. Nos Jogos Paralímpicos, decidiu mudar. O foco da preparação está em velocidade, potência e explosão para os 50 metros livre, em trabalhos totalmente diferentes dos que são feitos para os 400.

“Em algum momento eu teria que selecionar melhor estas provas. A dos 400 metros será um dia antes da prova dos 50. (…) Falando do cenário de uma Paralimpíada, o tempo que eu estava fazendo [nos 400] talvez, quem sabe, brigasse por uma final, com muita dificuldade para chegar em oitavo”, comenta.

“Então acho mais interessante apostar todas as fichas mesmo naquilo que estou treinando, em outro cenário, outra perspectiva. A maior competição do planeta, precisamos colocar toda a energia naquilo que é possível mesmo. E sonho, sim, acho que, estando ali, conseguindo pegar uma final nos 50 livre, tudo é possível. Sonho, sim, com a possibilidade de medalha, de melhorar muito o meu tempo. Sei que estou fazendo os melhores treinos da vida, extraindo muito sempre. “Vambora”, soltar o braço para fazer história.”

Revezamento

Além dos 50 metros livre, o brusquense tem na agenda o revezamento misto 4×100 49 pontos. É uma prova na qual as equipes combinam atletas de diferentes classes (portanto, pessoas com diferentes tipos de deficiência). A soma dos números das classes dos quatro competidores da equipe não pode ultrapassar 49. Rheine apenas aguarda a oficialização de sua presença no quarteto brasileiro. É ele quem tem competiu pela classe S11 nos revezamentos do Parapan e do Mundial em 2023, conquistando ouro nas duas oportunidades.

Trabalho psicológico

No Centro de Treinamento Paralímpico, Rheine tem trabalhado também a parte psicológica, e afirma que se sente muito bem em um ambiente com bastante torcida. Ele se recorda de Rio 2016, já que o clima em Tóquio 2020 (2021) foi diferente, por conta da pandemia.

“Alguns atletas se desconcentram um pouco, que se sentem um pouco mais pressionados. Mas pra mim é um presente espetacular. Estar lá, sentindo que a estrutura, o chão, estão prestes a desmoronar de tanto que o pessoal tá gritando, chacoalhando, pulando naquela loucura para quem vai bater na frente com centésimos de diferença. É muito motivador para deixar meus 110% lá na piscina, deixar o sangue mesmo e fazer o melhor da vida.”

Conquistas

Ao todo, o brusquense acumula 15 medalhas nas grandes competições: 1 bronze em Jogos Paralímpicos (Rio 2016); 2 ouros, 3 pratas e 1 bronze em Mundiais; e 5 ouros e 3 pratas em Jogos Parapan-Americanos.

Foco para Paris são os 50 metros livre | Foto: arquivo pessoal

Agenda

31 de agosto

6h42 – 50 livre – classificatórias
15h27 – 50 livre – final

4 de setembro

6h30 – 4×100 49pts – classificatórias
14h55 – 4×100 49pts – final

Principais conquistas

Jogos Paralímpicos

Rio 2016

bronze nos 400m livre

Mundiais

Manchester 2023

ouro no revezamento misto 4x100m livre 49 pontos
bronze no revezamento misto 4x100m medley 49 pontos

Funchal 2022

ouro no revezamento misto 4×100 livre 49 pontos

Glasgow 2015

prata nos 100m livre
prata nos 400m livre

Montreal 2013

prata nos 400m livre
bronze nos 100m livre

Jogos Parapan-Americanos

Santiago 2023

ouro nos 400m livre
ouro no revezamento misto 4x100m livre 49 pontos
prata nos 50m livre

Lima 2019

ouro nos 400m livre
prata nos 50m livre
prata nos 100m livre

Toronto 2015

ouro nos 50m
ouro nos 100m livre

Guadalajara 2011

prata nos 50m livre


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