Mauro Mariani: “Não faz mais sentido viajar 200 km para um exame”
Candidato tem como uma das principais bandeiras a interiorização do SUS
Candidato tem como uma das principais bandeiras a interiorização do SUS
Candidato do MDB ao governo do estado, Mauro Mariani aproveitou a vinda para a abertura da 33ª Fenarreco e esteve no jornal O Município ontem à noite.
Favorito nas pesquisas, Mariani conseguiu se tornar candidato do MDB após derrotar o governador Pinho Moreira dentro do partido. Ele já foi prefeito duas vezes de Rio Negrinho, no Planalto Norte catarinense, e secretário de Infraestrutura do ex-governador Luiz Henrique da Silveira.
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Mariani tem como uma das suas principais bandeiras a interiorização da saúde pública, para levar a média e alta complexidade para municípios menores.
Mariani reconhece que as Agências de Desenvolvimento Regional (ADR), antigamente SDRs, devem ser remodeladas, já que foram criadas há 16 anos.
“O resumo daquela época era: o governo governa com as costas para o interior”, diz o candidato. Ele cita como exemplo o fato que 54 municípios não tinham acesso asfaltado, famílias viviam sem eletricidade e os catarinenses precisavam viajar até 500 quilômetros para realizar tratamento de saúde.
Mariani sustenta que as secretarias regionais foram modificadas por Raimundo Colombo, que, segundo ele, passou a dar mais atenção aos parlamentares. “Para dar prestígio aos deputados, era preciso tirar poder para as SDRs, e aí deixaram de fazer sentido. Centralizou-se as licitações em Florianópolis. E deixaram de ter efetividade, caíram no descrédito”.
O emedebista afirma que as regionais tiveram papel importante para o estado, mas devem ser remodeladas. “Devemos dar uma enxugada violenta. Não centralizaremos em Florianópolis, porque isso é horrível para interior, sou contra”.
Mariani diz que deverá manter cinco ou seis “regionais fortes”. “Vamos manter o espírito da descentralização, não tem como negar que quanto mais descentralizado, mais resultado traz para a população. Mas com uma estrutura enxuta, eficiente e com orçamento, para poder licitar, prestigiar empresas locais, e também para servir como fórum de discussões regionais”.
O candidato diz que órgãos regionais da Epagri, Cidasc, polícias, Educação e Saúde não podem ser fechadas porque causaria prejuízo à população. Não faria sentido administrativamente, na visão do candidato.
A duplicação da rodovia Antônio Heil (SC-486), hoje em obras, receberá atenção no governo de Mariani, se eleito. “É uma obra fundamental para o desenvolvimento de Santa Catarina e vamos tratar concluí-la antes de começar qualquer outra”.
O candidato diz que “passará a limpo” as obras em execução pelo estado, levantando o que já foi feito e ainda deve ser feito. Segundo Mariani, o governo estadual errou no planejamento da infraestrutura, por isso há obras paradas.
“A obra mais cara é a parada, inacabada. Tem uma série de problemas no estado, o governo teve acesso a quase R$ 10 bilhões de financiamento com o Colombo. Mas o governo licitou mais do que podia executar na infraestrutura. Está terminando o dinheiro e as obras não foram concluídas”.
Sobre a rodovia Ivo Silveira (SC-108), cujo projeto de duplicação está na fase final, Mariani diz que receberá atenção, mas somente depois do pente-fino nas obras já iniciadas.
“Essa é uma rodovia importante, uma das mais movimentadas do estado, então tem que ter um enfrentamento, vamos construir a solução financeira”, declara.
A Barragem de Botuverá estava garantida pelo governo do estado, mas o dinheiro foi usado em outras obras devido ao prazo de uso estabelecido pelo banco financiador. Agora, a obra, que ainda enfrenta problemas de licenciamento ambiental, está distante de sair do papel.
“Nós vamos buscar o dinheiro na Defesa Civil, financiamento, vamos atrás”, afirma Mariani. O candidato ainda é deputado federal, e nesta condição afirma que tentará um encaminhamento para essa situação ainda em 2018.
A ideia do emedebista é conseguir incluir no Orçamento de 2019 de R$ 50 milhões a R$ 70 milhões para iniciar a obra já no ano que vem.
“Vamos tentar conseguir alguma coisa ainda este ano no Orçamento da União. O secretário nacional de Defesa Civil é um catarinense ligado a nós, então vamos usar a nossa influência para tentar buscar uma parte do valor”, afirma.
Mariani avalia que o principal problema que consome dinheiro dos cofres públicos na saúde é a gestão dos hospitais públicos. Segundo ele, dos 183 hospitais no estado, 13 são do estado e outros cinco são geridos por Organizações Sociais (OS).
“Para ter ideia, esses 18 consomem metade do orçamento da Secretaria de Saúde. Do dinheiro que vem para os hospitais, só os 13 consomem 70% e entregam menos de 30% de serviço”, afirma.
Para Mariani, essa situação tem gerado prejuízo à população, na medida em que há prejuízo com o dinheiro público. “O Tribunal de Contas diz que a ineficiência desses 13 custou para o povo de Santa Catarina R$ 671 milhões”.
“Temos três modelos de gestão hospitalar. O mais eficiente é o filantrópico com participação da sociedade. Depois vem as OS, que é custo caro, mas tem certa eficiência. E os menos eficientes são os públicos”, avalia o emedebista.
Para Mariani, é preciso pegar o modelo de hospital filantrópico que atende pelo Sistema Único de Saúde (SUS), como é o caso do Azambuja, e copiá-lo. “Não temos que inventar nada, é só pegar e replicar este modelo nos outros”.
O candidato afirma que há hospitais suficientes para atender os catarinenses, mas é preciso gestão eficiente. Segundo ele, a taxa de ocupação hospitalar é de 50% no estado, ou seja, há vagas sobrando.
Mariani analisa que os hospitais de alta complexidade estão lotados porque são usados para média e baixa complexidade. Ele defende que esses procedimentos mais simples sejam reorganizados noutras instituições de saúde, para liberar as de referência.
O candidato também diz que é preciso levar a saúde para mais perto da população do interior. “Não faz mais sentido viajar 200 km para um exame. Ainda hoje 65% dos procedimentos de alta complexidade são feitos em Florianópolis. Temos que avançar na interiorização”.
“O problema da saúde está nos hospitais públicos. Tem que melhorar a gestão deles, não tem como jogar esse dinheiro fora”, diz.
O candidato afirma que o desempenho da rede estadual tem deixado a desejar. “Me apavorei quando fui ver os números de Santa Catarina há um ano. Nossa nota do Ensino Médio era a 14ª do país”.
Desde então, Santa Catarina subiu para o nono lugar, mas Mariani diz que ainda é pouco para o potencial. Ele afirma que outro problema é a evasão escolar: hoje, há 180 mil alunos nas salas de aula e 60 mil fora.
“É uma tragédia anunciada e ninguém fala nisso. Como essa geração vai estar preparada para tocar o estado lá na frente? Vão ter que trabalhar como, se não estão recebendo nada?”, afirma.
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Ele esteve em Pernambuco para conhecer o modelo de educação implantado que levou o estado nordestino ao primeiro lugar nas avaliações do Ensino Médio. “Lá, 47% do Ensino Médio está no modelo integral e nós, 7%. Temos que avançar rapidamente na escola em tempo integral”.
Além de avançar na educação integral, Pernambuco também criou uma “carreira dentro da carreira” para o professor. O estado passou a pagar adicional para os profissionais que aderiram ao modo integral, mas para ter direito, aceitaram se capacitar e serem avaliados periodicamente.
“Vamos ter que motivar o professor, que ele entenda e se sinta importante na formação do cidadão do futuro”, afirma o emedebista. Mariani afirma que conheceu o responsável por este modelo e pretende adaptá-lo para Santa Catarina.
Mariani também indica que poderá haver uma reorganização, passando às prefeituras o Ensino Fundamental. “A missão do estado na educação é Ensino Médio. Dos 500 mil da rede estadual, apenas 200 mil estão no Ensino Médio, tem que rever isso”.