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MDD acompanha viatura da PM para vivenciar o trabalho policial

Equipe de reportagem do jornal Município Dia a Dia acompanhou por quatro horas os policiais do PPT em ação

Por um dia, a assistente de conteúdo do Município Dia a Dia, Aline Cervi, e eu, aceitamos o desafio de acompanhar uma viatura da Polícia Militar pelas ruas de Brusque. A jornada começou com um aviso do tenente Pedro Carlos Machado Júnior, que nos acompanhou durante nosso momento junto com os policiais.
-Vocês podem vestir estes coletes balísticos. É só para prevenção, aqui em Brusque é muito difícil acontecer alguma coisa até com os policiais, mas é uma garantia – avisou.

Com este alerta, embarquei no Renault Duster do Pelotão de Patrulhamento Tático (PPT) acompanhado pelos policiais soldado Werner Joslin, cabo Everaldo Soares de Campo e tenente Pedro, além da colega de trabalho. O PPT é um grupo especial da PM. Eles usam armas de grosso calibre. Neste dia, eles empunhavam um fuzil 5,56 mm, uma submetralhadora calibre 40 e uma carabina calibre 30, além de pistolas e facas. O equipamento é grande e deixa qualquer “franzino” intimidador.

Ainda que eu tivesse algum conhecimento da realidade da segurança de Brusque e soubesse que dificilmente algo aconteceria, o peso constante do colete à prova de balas e o incômodo na hora de escrever no bloco garantiam que não me esquecesse que estávamos no carro da polícia, e, portanto, éramos um alvo ambulante.

Assim que saímos do batalhão, uma ocorrência já surgiu: um homem colocou a mão embaixo da camisa para simular uma arma e roubou um notebook de um estabelecimento localizado na rua João Luiz Gonzaga, bairro Centro. O tenente Pedro avisou ao Centro de Operações da Polícia Militar (Copom) que daria apoio na busca pelo criminoso. Ao som de blues, fizemos várias rondas. Em certo momento, um rapaz com descrições parecidas com as dadas pela vítima foi abordado na praça da Cidadania, próximo da estátua. No entanto, ele não era o malfeitor e foi liberado.

As horas seguintes foram de calmaria. A música mudou para um rock, e houve algum momento de conversa. O cabo Everaldo, 36 anos, está na PM há 16 anos, sempre em Brusque, e desde 2004 está no PPT, inclusive, foi para a Força Nacional. Solteiro, ele voluntariou-se para estar ali patrulhando Brusque em virtude da onda de violência que sacode o estado.
– Nosso trabalho é sempre estar atento a atividades suspeitas, até mesmo na folga – diz ele, enquanto divide a atenção entre eu e a rua.

O motorista é o mais novo dentro da viatura. O soldado Werner entrou para a PM quando tinha 20 anos. Hoje com 26 anos, ele também estava trabalhando voluntariamente.
– Estamos todos na rua para mostrar que aqui não tem fraqueza, ninguém vai se encolher – resume o tenente Pedro, 33 anos, que deixou uma filha em casa para estar de serviço. Ele cuida das escalas, por isso nem sempre está nas ruas.

Entramos por várias ruas que nem mesmo a nossa assistente de conteúdo, Aline, uma brusquense nata, sabia que existiam. Nem uma palavra sequer é proferida dentro da viatura. Os policiais mantêm os olhos treinados para a rua e para as pessoas, em busca de atividade suspeita. Às 16h40, em frente ao campo do América, no Steffen, acontece a primeira abordagem. O local é conhecido da polícia por ser ponto de usuários de drogas. Rapidamente, a viatura encosta em frente ao suspeito.
– Mão na cabeça – diz o tenente Pedro.

Enquanto o tenente dá cobertura com o fuzil em punho, o soldado Werner faz a revista pessoal no rapaz, e o cabo Everaldo fica mais atrás olhando para a rua, cobrindo a ação. Tudo isso é feito automaticamente, sem que ninguém precisasse se comunicar. O treinamento faz com que o procedimento se torne natural, quase como andar. Não há nada de errado com o rapaz. Todos entram a na viatura. Cabo Everaldo é o último. Ele diz “embarcado” cada vez que entra.

Nas próximas horas, a viatura circula por vários bairros, passando pelos pontos conhecidos dos policiais onde há usuários, mas nada é encontrado. Por volta de 18h, o assunto que circunda a mente de todos entra em pauta: ataques em Santa Catarina. Os PMs discutem entre si a ação dos criminosos. Todos demonstram preocupação. A conversa termina brevemente, e a atenção volta para a movimentação na cidade, que neste ponto já está começando a ser engolida pela noite.

Para a Aline e eu, as horas seguintes foram paradas, o que, do ponto de vista do repórter, pode não ser o melhor. Contudo, para os policiais é um alívio.
– Em Brusque é assim, não há muitas ocorrências. Fazemos muitas abordagens preventivas. Ás vezes recebemos críticas, mas explicamos e a maioria entende – explica o tenente Pedro.
A última abordagem acontece na rua Santa Cruz. Três irmãos, de 15, 17 e 19 anos são parados.
– É de Brusque? – pergunta o tenente Pedro.
– Não, tô aqui há dois meses – responde o adolescente.
– E já tem dois BOs? Tá bem, hein? – fala de pronto o PM, e acrescenta: – Arruma um emprego e vai trabalhar.
Embarcado, diz o cabo Everaldo, e então rumamos para o batalhão novamente. Pode não ter sido o dia mais corrido, mas serviu para mostrar que o trabalho policial, mesmo quando não há “ação”, é estressante e requer atenção em tempo integral.