EXCLUSIVO: Média móvel indica que pico da Covid-19 em Brusque foi em julho
Novos casos diminuíram nas últimas semanas, mas é cedo para confirmar tendência
Novos casos diminuíram nas últimas semanas, mas é cedo para confirmar tendência
A média móvel de casos da Covid-19 em Brusque mostra que o “pico” da doença, até o momento, ocorreu no mês de julho, culminando no ápice de casos no início de agosto. A aceleração da transmissão da doença aconteceu a partir do mês de junho, conforme mostram os números.
O gráfico foi feito com base na média móvel, parâmetro utilizado por pesquisadores para contabilizar a tendência das oscilações entre dias de semana e fins de semana. Essa forma de análise soma os dados mais recentes com os dos seis dias anteriores, dividindo o resultado por sete.
Ao registrar dados semanais, ela descarta as variações relacionadas a atrasos no resultados de exames, por exemplo, e traça uma tendência mais realista do número diário de novos casos.
Até maio o município tinha um quadro estável de novos diagnósticos. A partir do início do segundo semestre do ano, o número de casos confirmados foi subindo semana a semana, com algumas quedas não acentuadas.
No dia 8 de junho o transporte coletivo voltou a circular na cidade a as atividades em praças, parques e locais de entretenimento foram liberadas. Segundo o secretário de Saúde, Humberto Martins Fornari, estes fatores podem ter contribuído para a disseminação do novo coronavírus pois aumentou a circulação de pessoas na cidade.
Outro fator comentado pelo secretário é a queda de temperatura, com a chegada do inverno. Por causa do frio, ambientes ficam mais fechados. As aglomerações proporcionadas pela própria população, em ambientes privados, também são vistas por Fornari como uma alavanca para a aceleração da doença em Brusque.
O infectologista da Prefeitura de Brusque, Ricardo de Freitas, não acredita que somente o fator frio tenha influenciado na aceleração dos casos e cita como exemplo a cidade de Manaus, local quente, onde houve um alto número de contaminações.
Os 20 mil testes de Covid-19 que estão para chegar em Brusque, comprados pela Secretaria de Saúde, darão às equipes uma visão mais ampla da situação do novo coronavírus na cidade. O resultado influenciará no planejamento de enfrentamento à doença nos próximos meses, nas decisões que competem ao município.
O infectologista explica que o ideal é testar a população cerca de 20 dias após o pico da doença. Se 20% da população estiver infectada, é possível começar a pensar em imunidade de rebanho, que é quando há um número alto de pessoas contaminadas e com anticorpos contra o coronavírus. Considerando que não haja reinfecção, a doença não consegue se alastrar.
A reportagem também calculou a tendência da transmissão. O cálculo considera a variação percentual das médias móveis em um intervalo de 14 dias. Por exemplo, a média móvel do dia 14 será comparada com a do dia 1º.
O quadro é considerado estável se o percentual for de até 15%; se for acima de 15% positivos, está em crescimento, se for mais de 15% negativos, está em queda.
Na última semana fechada nesta terça-feira, 18, a média móvel de casos de Covid-19, comparada com a do dia 6 de agosto, caiu 44,85%.
Apesar da queda de novos casos apresentada nos últimos dias, o secretário de Saúde diz que não pode contar com esse número. O que o preocupa é que na última semana houve um acréscimo no número de atendimentos de pacientes sintomáticos, ainda não diagnosticados, no Centro de Triagem.
Esse quadro pode refletir nas próximas semanas, por isso Fornari quer aguardar mais algumas semanas para identificar se a cidade está entrando em uma curva de estabilidade e se a tendência será mesmo a diminuição de casos.
O secretário explica que para uma tendência de queda é preciso ter uma diminuição no número de pacientes ativos, de pacientes em espera de resultado de exames e a quantidade de pacientes atendidos.
O infectologista acredita que a tendência daqui para frente é uma queda, mas que não se pode baixar a guarda, para não ocorrer uma nova onda.