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Membros do PSB criticam decisões do prefeito Jonas Paegle

Vereadores do partido dizem que o MDB "tomou conta" da prefeitura

O anúncio da saída do vereador Gerson Luiz Morelli, o Kéka, da base do governo na Câmara de Brusque, escancarou a insatisfação de membros do PSB, partido do prefeito Jonas Paegle, com o tratamento que tem sido dado aos correligionários pelo governo.

Nesta terça-feira, 8, Kéka anunciou não mais fazer parte da base de sustentação do governo, tendo em vista sua divergência sobre a forma com que o prefeito tem conduzido, politicamente, a ocupação de espaços na prefeitura.

Antes disso, no começo do ano, o outro vereador da sigla, José Zancanaro, já havia deixado a base do governo. Ele estava chateado com a forma como ocorreu sua demissão do comando da Secretaria de Educação, cargo que ocupava desde janeiro de 2017.

Além deles, outro membro do PSB, o ex-prefeito Ciro Roza, já havia manifestado insatisfação, com Paegle, sobretudo pelo fato de, apesar de ter sido padrinho político do prefeito, cedendo-lhe a candidatura que encabeçava, não foi mais chamado para participar das decisões do governo.

A saída mais recente, de Kéka, tem a ver, conforme o próprio vereador, com os acordos feitos pelo governo com partidos concorrentes nas eleições de 2016, relacionado à troca de cargos comissionados por apoio político.

“Em termos de obras e etc, o governo está fazendo uma boa administração. O que não concordo é esses cargos que estão sendo dados para ter o apoio dos partidos”, afirmou Kéka, em entrevista para O Município nesta quarta-feira, 9.

O parlamentar reclama do fato de que a Câmara aprovou projeto de lei acabando com o nepotismo cruzado, o que na sua avaliação aumentou a independência do Legislativo, mas o governo, com a cooptação de partidos para a base aliada, manteve a política de apadrinhamento de comissionados em troca de apoio na Câmara.

“É um toma lá da cá de troca de cargos e favorecimento de um partido ou outro. A gente fez uma votação e acabou com o nepotismo para não haver isso, para não haver o compromisso do vereador em votar com o governo por causa de algum parente, e vai acontecer a mesma coisa agora, com os apadrinhados”, avalia.

Questionado sobre a posição do partido sobre essas negociações, Kéka afirma que sequer tem havido discussão.

“Eu sou líder, me colocaram como líder do PSB, mas nunca falei nada [em nome do partido]. Depois das eleições não foi feita nenhuma reunião, nada. Eu fui em duas reuniões sozinho, em Florianópolis e Joinville. O PSB não está organizado, não tem liderança, é cada um para o seu lado”.

A reportagem ligou diversas vezes para o celular do presidente municipal da sigla, Dagomar Carneiro, para que ele comentasse a situação, mas não obteve retorno.

Os vereadores do partido também compartilham a opinião de que a insatisfação de membros da sigla se dá, sobretudo, pelo crescimento do MDB no governo, do vice-prefeito Ari Vequi.

“Eu acho que o MDB tomou todos os espaços, o PSB está em segundo plano, é só ver as secretarias que tem, quem está à frente das coisas, tomando as decisões”, diz Kéka.

“O MDB tomou conta do prefeito e os do PSB estão ficando de lado”, avalia o vereador José Zancanaro. “Nós trabalhamos, ganhamos a eleição, mas na verdade ganhamos e não levamos. E os que são nossos companheiros, que está escrito na testa que são Zancanaro ou Ciro Roza, estão sendo exonerados”.

Para Zancanaro, o prefeito está no PSB de direito, mas não de fato. “O Jonas foi dominado pelo MDB e isso nos está desagradando. Ele se diz estar inscrito no PSB, mas é só para ocupar um espaço. Ele, politicamente, não demonstra isso, politicamente, é um militante do MDB”, diz o vereador, que reforçou não ter mais compromisso com o governo.

O prefeito foi consultado sobre a dissidência de membros de sua base aliada, mas colocou panos quentes sobre a questão.

Paegle diz que as críticas públicas feitas por Zancanaro e Kéka não o preocupam, e tampouco sua relação pessoal com os vereadores foi abalada.

“Em relação às declarações de Kéka, isso é uma ideia política pessoal dele, que respeito”, afirmou. “Eu não vejo nada de anormalidade nisso, vamos aguardar para ver a evolução do processo. Tem que se respeitar cada pensamento, cada ideia”.

O prefeito reitera que vê com naturalidade as críticas dos vereadores de seu partido.

“O Kéka foi professor da minha filha, fui vereador com o Zancanaro. Quanto à critica, é claro que vai ter. A gente tem que considerar a situação pessoal de cada um. Não fico estressado nem preocupado diante disso”.