Meninas procuram escolinhas de futebol na região, mas não encontram opções
Sem apoio e espaço para formar jogadoras, escolinhas não oportunizam a prática
O futebol já não é apenas ‘jogo de meninos’ há um bom tempo. A Olimpíada do Rio de Janeiro escancara aos espectadores brasileiros o quanto a seleção feminina evoluiu em técnica, competitividade e vigor físico, apesar da eliminação precoce nesta semana. No entanto, em Brusque e região ainda não há oportunidades para que os novos talentos da modalidade sejam descobertos e lapidados.
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Segundo os coordenadores dos projetos das escolinhas, existe uma procura até surpreendente da iniciação esportiva por parte de meninas ou de seus pais. Contudo, alguns fatores impedem que o espaço seja aberto. Fato é que não existe escolinha de futebol para garotas aprendizes de futebol na região, mas o frisson causado pelas estrelas Marta, Andressa Alves, Formiga e Cristiane tendem a mudar esse cenário nos próximos anos.
Demanda sem oferta
Um dos últimos clubes a tentar formar meninas atletas de futebol foi o Santos Dumont. Em 2014, o projeto iniciou com o objetivo de ensinar a prática para jogadoras ainda no início da formação, entre 6 e 7 anos. Contudo, como explica o coordenador das escolinhas da sociedade, Andreone Reis, a procura foi por outro perfil. “Tivemos muita procura de garotas já mais velhas, entre 10 e 12 anos, um estilo de atleta que já não poderíamos acompanhar. Com isso o projeto encerrou muito rápido, em quatro anos”.
Reis, porém, faz questão de afirmar que abrir o espaço para elas não é uma página virada no alvinegro do bairro Santa Terezinha. “Temos vontade sim e a procura é grande. Toda semana nós recebemos ligações de meninas perguntando quando é que vamos ter aulas de futebol.
Mas sofremos com falta de apoio, porque precisaríamos contratar mais um professor”, explica. Para o coordenador, as atletas precisam de um instrutor exclusivo. “O professor teria que dar aulas para elas, e não dividir com os garotos, para manter o foco”, completa.
Situação semelhante acontece no Carlos Renaux. Segundo Roberto Machado, o Bob, a procura das garotas é constante no Vovô do Futebol Catarinense. “Às vezes são elas que pedem, mas também muitos pais perguntam se disponibilizamos aulas. Eles deixam os filhos e já perguntam se também tem espaço para as filhas”, explica.
Bob revela que o clube está ampliando o quadro de professores, o que pode favorecer um futuro investimento em escolinha de futebol feminino. “É uma boa ideia e que queremos realizar aqui no clube, mas temos o problema do espaço. Nosso campo é usado pelo Brusque para treinos e jogos, mais o Barra, além das categorias que já trabalhamos. De qualquer forma, no próximo ano pode acontecer de abrirmos o espaço para as garotas”, diz.
Procura menor na FME
Já na Fundação Municipal de Esportes (FME) de Brusque a procura não aconteceu como nas escolinhas de acordo com o coordenador de iniciação esportiva Edson Garcia. Ele explica que nos polos de futebol espalhados pela cidade no projeto social da prefeitura que incentiva a prática de esporte não houve tanta solicitação de meninas. “Existem alguns bairros, como o São Pedro, em que há procura, mas não é algo geral na cidade. Por isso nunca houve um núcleo de futebol feminino. Contudo, nós orientamos os professores a encaixar garotas que tenham uma boa condição física nos treinos junto com os meninos”, completa.
Trabalho nas escolas
Sem chances nos gramados, a oportunidade para aprender o futebol surge nas quadras. Há dois anos, o professor de educação física Eduardo Oliveira trabalha o futsal com garotas de 9 a 14 anos na escola Georgina de Carvalho Ramos da Luz, bairro São Pedro. Duas vezes por semana, elas treinam e se preparam para competições escolares.
Segundo Oliveira, o fato de Brusque contar com uma equipe adulta e multicampeã de futsal feminino respinga no incentivo à essas atletas. “Ter uma referência, que é o Barateiro, ajuda a motivar as garotas. Procuro comentar e trazer essas informações pra elas. Os próprios Jogos Olímpicos e o desempenho das mulheres no futebol também é um incentivo a elas seguirem aprendendo a praticar”, diz.