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Mercado de drones em Brusque é dominado por pequenos empresários

Alta concorrência dificulta sobrevivência, afirmam profissionais do ramo

Nos últimos cinco anos, o mercado de drones cresceu no país, com várias empresas e pessoas físicas ofertando serviço de captação de imagens e de filmagem. Mas em Brusque esse segmento ainda é dominado por microempreendedores ou pequenas empresas.

A concorrência é alta e o nível de sofisticação é cada vez maior também, contam as pessoas envolvidas no ramo em Brusque. Com mais microempresários, a briga por clientes é alta. Com isso, a aposta é na entrega de um bom produto, para cativar o cliente e conquistar outros.

Além das empresas que trabalham exclusivamente com drones, por exemplo, filmando shows, casamentos e outros eventos, há quem use o veículo aéreo não-tripulado como um diferencial para a sua atividade principal. É o caso da GAE Drones, que faz imagens dos imóveis da José Luis Ambrosi Corretor de Imóveis.

O domínio de pequenos empreendedores pode ser explicado pelo fato de que o investimento inicial não tão alto. Com cerca de R$ 10 mil, é possível adquirir um drone. Agora, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) também impôs uma série de regras.

Vinicios Raiser é um exemplo deste mercado dominado pelos pequenos em Brusque. Junto com a esposa Andreza da Silva Raiser, ele tem a empresa Inove Drones Imagens Aéreas. Os dois trabalham sozinhos cobrindo casamentos, shows e outros espetáculos. “Trabalhamos com imagens aéreas e terrestres, com equipamentos com estabilização”, explica Raiser.

A empresa começou em 2016 e desde então está no mercado, no entanto, a concorrência também a impactou. O casal tem a Inove como um extra para a complementar a renda familiar. Segundo Raiser, não é possível viver exclusivamente do serviço de drones no momento.

“Talvez futuramente dê para viver apenas disso. Já teve mais espaço, mas hoje em dia, em Brusque, está muito defasado, porque tem muita gente não qualificada fazendo e o serviço e está tendo pouca procura”, diz o empresário.

Inovações
A alta concorrência também faz os empresários mudar o comportamento. O velho paradigma no qual uma pessoa ou empresa os contrata para fazer imagens está mais flexível. A Inove, e outros microempresários, costumam captar as imagens de eventos importantes e, depois, tentar vendê-las, no mais clássico estilo freelancer.

Brian Gustavo de Souza, proprietário da Drone Paradise, diz que, devido à concorrência, é preciso ser proativo. “Tem que bater na porta do cliente”, resume. A empresa dele, que conta apenas com ele e mais uma pessoa, trabalha, geralmente, filmando casamentos e captando imagens para vídeos institucionais.

A Drone Paradise também já fez imagens da Festa Nacional do Jeep (Fenajeep) e de outros grandes eventos, segundo Souza. Atualmente, ele conta com dois equipamentos, sendo que um deles é um modelo Phantom – o mais conceituado no mercado.

Assim como Raiser, da Inove, Souza também tem a empresa de drones como um extra para a renda. Na avaliação dele, no momento, não há como sobreviver apenas deste trabalho em Brusque.

Diferencial no ramo imobiliário
A GAE Drones, de propriedade de Evandro Nunes, une o drone ao mercado imobiliário. Nunes é corretor na imobiliária José Luis Ambrosi e aproveita as imagens aéreas para poder mostrar os imóveis de uma forma diferente para os clientes.

“É uma forma diferenciada de mostrar o imóvel”, afirma o corretor. Quando o cliente está no imóvel, pode ver como ele é por cima. Esse artifício é especialmente  útil em sítios e grandes propriedades e tem boa receptividade, de acordo com Nunes.

Nunes já trabalhava com drones antes mesmo de ser corretor. Depois que passou a trabalhar com imóveis, aproveitou o seu conhecimento na José Luis Ambrosi para ter um diferencial em relação à concorrência.


A Prime Filmes já existe há seis anos e é focada na produção de vídeos para clientes de vários tipos. Há alguns anos, a empresa adquiriu o drone. “O drone vem para atender os nossos clientes, é um valor agregado”, diz o proprietário Darlan Serafini.

A Prime conta com um drone Phantom, de última geração. Ele é usado para captar imagens aéreas, uma tendência na produção de vídeos institucionais. Segundo Darlan, o mercado de Brusque cresceu bastante, assim como a concorrência.

“No último ano, realmente se popularizou bastante, e investimentos pelo aumento da demanda dos clientes”, afirma o empresário. A Prime conta com cinco funcionários, além de alguns terceirizados.

Anac regulamenta uso de drones

A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) regulamentou o uso de drones. As regras foram publicadas no dia 2 de maio. Pelo regulamento, os equipamentos não poderão ser usados em uma distância menor que 30 metros horizontais de pessoas que não deram autorização, com exceção de operações de segurança pública ou defesa civil.

A regulamentação divide os drones em três categorias. Aeronaves com mais de 150 quilos passarão por certificação parecida com a de aeronaves tripuladas, inclusive com o Registra Aeronáutico Brasileiro (RAB).

Já drones com peso entre 25 kg e 150 kg deverão seguir normas técnicas na fabricação. Os operadores deverão ser maiores de idade, ter atestado médico e habilitação.

Os drones com menos 25 kg, a vasta maioria no Brasil e em Brusque, terão um processo bem mais simples. Precisarão apenas de um registro na Anac,  se operados apenas até 120 metros de altitude. Aeronaves com menos de 250 gramas não precisam de habilitação.

O comandante do 18º Batalhão de Polícia Militar, tenente-coronel Moacir Gomes Ribeiro, diz que, até hoje, nunca houve uma ocorrência denunciada ao 190 relacionada a drones. Ele afirma que, embora não exista uma legislação sobre o assunto, quando os policiais fazem rondas também ficam atentos a quem usa drones.

Segundo o comandante, se o equipamento não leva risco às pessoas e o operador apresenta ter habilidade, não é necessário tomar nenhuma medida. Com as novas regras, Gomes diz que a PM irá cumprir o que determina a legislação, eventualmente, em fiscalizações.

Aprovação
Os empresários brusquenses veem com bons olhos a regulamentação da Anac, algo que já vinha sendo esperado há tempos. “É uma regulamentação que a gente esperava há muito tempo, é muito bom para quem trabalha profissionalmente”, afirma Darlan, da Prime.

Evandro Nunes, da GAE, também acredita que a regulamentação é benéfica. Para ele, os clientes devem analisar a qualidade do trabalho. Brian Gustavo de Souza, da Drone Paradise, também é importante a regulamentação, porque hoje em dia qualquer um compra um drone e sai operando. Vinicios Raiser, que tem o certificado da Anac, também é a favor das regras.