Mercado de micro e pequenas empresas e setor de confecção será aquecido em 2023, aponta presidente da Ampebr
Mauro Schoening também adianta novidades para a próxima Pronegócio
A expectativa de faturamento das micro e pequenas empresas e do setor de confecção de Brusque e região é altamente positiva. A afirmação é do presidente da Associação das Micro e Pequenas Empresas de Brusque e Região (Ampebr), Mauro Schoening.
De acordo com ele, a perspectiva econômica é baseada na experiência com a Pronegócio, a tradicional rodada de negócios realizada pela Ampebr. A primeira edição do evento do ano, realizada em janeiro, encerrou com números expressivos. Durante os quatro dias de negociações, foram comercializadas cerca de 1,4 milhão de peças.
O número está bem acima do registrado na edição de janeiro de 2022, onde foram vendidas mais de 650 mil peças. O número também é maior do que o registrado em 2019 e 2020, quando foram comercializadas 1 milhão de peças na Pronegócio de janeiro. Em 2021 e 2022, as vendas da rodada de janeiro não chegaram a 1 milhão de peças.
“Após as adversidades da pandemia, o nosso maior case da Ampebr é a Pronegócio. É um case de sucesso muito forte, 95% do faturamento da nossa entidade é em cima do evento’, comenta Mauro.
Segundo ele, a Pronegócio foi fortemente afetada pela pandemia da Covid-19, pois a rodada acontece de forma presencial. Neste sentido, muitos clientes de outras cidades e estados não puderam viajar para Brusque.
“Inventamos a Pronegócio Web, mas felizmente tudo isso passou. No ano passado, quando tivemos o primeiro sinal que as nossas vendas voltariam ao normal foi quando, como gerente, estive na organização da Pronegócio Preview, no Monthez. Tivemos boas vendas, com a participação de 75 empresas. E foi o que aconteceu, saímos de novembro e tivemos a rodada grande em janeiro, quando fizemos uma macro rodada com excelência de vendas”, continua.
Mauro ressalta que o produto oferecido em Brusque é comercial, ou seja, o que se coloca na loja é vendido e, consequentemente, o cliente procura. “Nós temos uma perspectiva muito boa, estamos nos aproximando da 62ª rodada da Pronegócio, que será de 1 a 4 de maio, com moda Verão, que vende para o Brasil inteiro, diferente do Inverno, que se localiza de São Paulo para baixo. Então, a venda será maior”, aponta.
“A gente fica mais tranquilo, pois vamos sentido antes de chegar na rodada que temos uma grande adesão de empresas, tanto vendedoras quanto compradoras. Acredito que teremos uma grande adesão e uma boa rodada”, completa.
Aquecimento das vendas
Para o presidente da Ampebr, que também é empresário no setor da confecção, o atual contexto econômico é promissor. Portanto, ele tem a perspectiva de que 2023 seja um ano bom para os negócios, pelo menos na região de Brusque.
“As micro e pequenas empresas estão entrando muito em contato com a Ampebr para perguntar sobre costureira e sobre facção. Nós temos o nosso Lab Fashion, onde temos uma piloteira, um setor de talhação e de plotagem, então isso está tendo uma grande demanda e procura. Quanto temos uma grande procura é porque o mercado está indo bem, aquecido. Não estou indo para dentro das fábricas, mas observo que a nossa entidade está recebendo essas informações”, revela.
Ao avaliar o cenário, Mauro ressalta que um dos fatores para o mercado aquecido é a alta do dólar, que atualmente está estabilizado. Então, segundo ele, o mercado diminuiu as importações de matérias-primas ou mercadorias que sejam de concorrentes internacionais.
“A importação está estagnada, então o mercado interno aquece, pois as vendas vão em cima do nosso produto. Tendo um preço bom, há um aquecimento nas vendas”, explica. “Com o dólar um pouco elevado, em um patamar que é bom para nós, é favorável. Se o dólar cair para R$ 2 ou R$ 3, aí a importação eleva, o que nos afeta. Então, os compradores avaliam que a nossa mercadoria está com preço justo dentro do mercado”, continua.
Ele comenta que muitos empresários, do Mato Grosso, Minas Gerais ou São Paulo, por exemplo, vêm a Brusque atrás de mercadorias e para fazer negócios. “Eles querem ganhar dinheiro. Tudo está em cima de negócios. E a nossa mercadoria hoje é vendável, comercial é aceitável no Brasil todo. Por causa disso, o nosso mercado ficará aquecido neste ano. A entrada do Verão referente às coleções resultará de 30% a 35% a mais de venda, pois podemos atingir um público maior, como o do Nordeste e Centro-Oeste”, diz.
Mercado internacional
Em relação ao mercado internacional, Mauro salienta que também há uma grande procura pelo produto local. “É o nosso mercado das Américas. Já fizemos algumas rodadas internacionais [na Pronegócio] e agora estamos capacitando nossas empresas para ter um pouco mais de sabedoria em exportar. Tem alguns trâmites que os micro e pequenos empresários precisam avançar”, evidencia.
Mauro detalha que, em conjunto com o Sebrae, a Ampebr busca recursos e faz capacitações para empresários. O objetivo é aprender sobre mudanças de etiquetas, de entrega, entre outros assuntos. “Está tendo muita procura, o mundo sabe o que é o Brasil e nossa mercadoria é muito bem aceita em outros países”, destaca.
Ele comenta que o setor, sendo de micro, pequenas e médias empresas, afeta muito a economia local. “É um número grande, não só em Brusque, mas em Santa Catarina e no Brasil. Somos de 60% a 70% na geração de emprego”, diz.
Além disso, Mauro reflete que as empresas locais estão mais desenvolvidas e a mercadoria produzida é muito vendável. “Não perdemos para ninguém. Somos muito rápidos. A moda pode ser desenvolvida em Nova Iorque, mas podemos ter produtos aqui melhor do que lá. Antigamente, levava quatro ou cinco meses para a moda chegar às lojas daqui. Hoje, nossas estilistas são tão rápidas quanto as de Nova Iorque, Milão ou outro lugar”, completa.
Próxima Pronegócio
Ao falar da próxima rodada da Pronegócio, que será realizada entre 1º e 4 de maio, Mauro conta que o evento terá formato normal. Porém, ele adianta que a organização passou por mudanças internas, como na entrada de empresários do showroom, que passa a ser de forma digital com QR Code.
“O cliente fazia agendamento em planilhas, agora quando ele entra no showroom é só apontar o celular ao QR Code da empresa e ele mesmo poderá fazer o agendamento. Essa é uma das novidades, que já fizemos testes no último Pronegócio em janeiro, agora em maio vamos colocar em prática. Isso dá uma agilidade muito grande, pois o comprador não precisa mais escrever em papel e em rascunhos, só passa o código e é atendido pela empresa. É um avanço muito grande”, conta.
Outro avanço apontado por ele é a facilitação no acesso de compradores às empresas mais procuradas. Atualmente, cada empresa que está no showroom tem direito a uma parada para exposição do produto. Porém, a partir da próxima edição da Pronegócio, os dez empreendimentos mais chamados poderão ter duas araras.
Ampebr
Mauro salienta que a entidade convida as empresas que estão com dificuldades em vendas a procurar a Ampebr, a serem associados. Ele conta que a associação apresenta vários serviços, como o setor jurídico com dois advogados. Os profissionais estão disponíveis para, indiferente do problema na empresa, dar uma primeira orientação.
O presidente também comenta sobre a Lab Fashion para o desenvolvimento de marcas e peças. A iniciativa tem o objetivo de ajudar o empresário a aumentar a coleção. Outro ponto levantado são os núcleos da Ampebr, como o das Mulheres Empreendedoras, que devem realizar uma feira em junho junto com a Prefeitura de Brusque.
Por fim, o presidente fala sobre a Escola de Costura. A iniciativa funciona para dar uma base a quem chega ao estado e a cidade, para que ele possa aprender gratuitamente a operar máquinas.
“É fantástico, formamos a cada 60 dias uma média de 75 pessoas que damos o curso inicial. Por dois anos a Ampebr bancou o curso, agora fizemos um projeto e temos o apoio da Prefeitura de Brusque”, diz.
Ele explica que a Escola de Costura facilita e coloca as pessoas na frente da fila para serem chamadas em uma oportunidade de emprego. Com os conhecimentos aprendidos, elas agilizam a inserção na execução do trabalho. “Se eu tivesse precisando de uma pessoa para trabalhar e ver dez currículos, puxo o de quem tiver o curso, pois é um início”, afirma.
Além disso, ele aponta que muitas famílias aprendem a costurar, compram ou alugam máquinas e abrem a própria facção. “Aí é um pulo para ser micro empresário, daqui a pouco podem ir na Ampebr ou outro local, desenvolver uma coleção e colocar no mercado para vender. Participar da rodada de negócios, alugando uma loja ou arranjando um representante. É capaz que daqui a 30 anos eles sejam um dos milionários que conheceremos”, finaliza.
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