Mercado de trabalho abre as portas para idosos
Em Brusque, baixa qualificação profissional aumenta a procura de empresas por terceira idade
O número de idosos no mercado de trabalho cresce a cada ano, de acordo com dados do a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2013. Seja por dificuldades financeiras ou pelo desejo de continuar contribuindo com a sociedade, a busca por emprego na terceira idade aumentou mais de 6% entre o segundo trimestre de 2012 e o primeiro trimestre de 2014.
De acordo com Gilson Rodrigues dos Santos, diretor do Sine de Brusque, existe uma grande procura tanto por parte das empresas, que buscam essas pessoas para diversos cargos, quanto dos idosos, que mesmo depois de aposentados, querem retornar ao mercado profissional.
“Aqui recebemos diariamente pessoas mais velhas, algumas que já estão longe do mercado há algum tempo, em busca de vagas de emprego. Acredito que essa realidade se deve a mudança de pensamento dos idosos de hoje em dia. Antigamente tinha-se a ideia de que quando se aposentassem, essas pessoas ficariam em casa, descansando, mas hoje não é assim. Os idosos sentem a necessidade de contribuir com a nossa sociedade de alguma forma, ficar em casa não é mais a realidade dessas pessoas”, destaca Santos.
Avacir Maçaneiro, de 69 anos, está aposentado desde 1994, mas nunca deixou de trabalhar. “Enquanto eu tiver saúde, puder levantar cedo e vir trabalhar vou continuar fazendo isso. Já passei por algumas empresas, mas me aposentei como mecânico e hoje trabalho aqui auxiliando as pessoas que passam pelo local. Gosto muito de trabalhar com o público”, revela. Ele trabalha há quatro anos no Shopping Gracher.
Para Edemar Fischer, diretor na Irmãos Fischer S/A e presidente da Associação Empresarial de Brusque (ACIBr), é oportuno que as empresas e comerciantes discutam e abram as portas a funcionários da terceira idade. “Existe uma carência no mercado de trabalho de mão de obra especializada na região. Uma possibilidade é buscar nessas pessoas, que já possuem mais experiência profissional para assumir esses cargos. Aqui na nossa empresa, por exemplo, já contratamos idosos para cargos de engenharia, supervisão, entre outros”, revela.
Além da maior disposição dos idosos em buscar novos empregos, existem também os casos de funcionários que permanecem por anos na mesma empresa. Como é o caso de Maria Inácia Milke, de 67 anos, e que trabalha como cozinheira no Hotel Gracher desde os 19 anos. Durante a adolescência, ela trabalhou no Clube Bandeirantes, quando o dono do hotel a chamou para trabalhar lá há 48 anos atrás.
“Eu sempre gostei do meu trabalho aqui, vi isso crescer e cresci junto com o lugar. Aprendi muito, conheci colegas de trabalho, hóspedes, isso faz parte da minha rotina há quase 50 anos e eu pretendo ficar aqui enquanto eu puder trabalhar. Não penso em sair tão cedo”, declara Maria. Além dela, o marido também trabalha no Shopping, que fica ao lado do hotel.
O aumento de idosos no mercado de trabalho é também um reflexo do panorama financeiro que os aposentados enfrentam atualmente. Segundo Fischer, muitos deles buscam novos empregos pois não conseguem se manter pela aposentadoria do INSS. “Você passa a vida inteira contribuindo, mas na hora de se aposentar tem o fator previdenciário, que ano após ano, corta cada vez mais o valor que essas pessoas irão receber. Ou seja, quando a aposentadoria não é o suficiente para cobrir as despesas, esses profissionais tem que voltar ao mercado”, destaca.
É o caso de Genésio de Souza, de 62 anos, que buscou recentemente um emprego em um material de construção para ajudar na despesa da casa. “Mesmo eu e minha esposa estando aposentados, a gente não consegue se manter. Passamos anos contribuindo, mas nesse momento da vida tem um monte de despesas, principalmente em relação a saúde. O valor pago pelo INSS é muito baixo, por isso, a gente precisa continuar trabalhando depois da aposentadoria, revela.