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Michel Temer e o enterro de provas vivas

No ano passado, quando assumiu a presidência da República, cheguei a pensar que Michel Temer teria autoridade moral para governar o país. Com pinta de governante sério, apresentou-se à nação prometendo promover reformas indispensáveis para retirar o país da profunda crise econômica e política criada pelo governo petista. Cheguei a imaginar que teríamos um governante […]

No ano passado, quando assumiu a presidência da República, cheguei a pensar que Michel Temer teria autoridade moral para governar o país. Com pinta de governante sério, apresentou-se à nação prometendo promover reformas indispensáveis para retirar o país da profunda crise econômica e política criada pelo governo petista. Cheguei a imaginar que teríamos um governante diferente de seus dois antecessores, responsáveis pela ruína econômica e pela improbidade desvairada na administração pública brasileira. Infelizmente, tinha esquecido do provérbio popular – “Diz com quem andas e direi quem tu és”, ditado que se aplica, perfeitamente, à sua pessoa.

Na verdade, como poderia Michel Temer diferente de Eduardo Cunha, Renan Calheiros, Sérgio Cabral e tantos outros políticos do PMDB, envolvidos no imenso esquema de corrupção, que arrasou as finanças da nação, se foi ele presidente e condutor desse partido sem pátria e sem compromisso com a ética? Como poderia Michel Temer ser diferente, se é ele companheiro de todos esses políticos assaltantes dos cofres públicos, agora prestando contas à justiça criminal?

Afinal, poderia ser ele correto e politicamente diferente, se foi vice-presidente do governo petista de Dilma Rousseff, por seis anos? E se, nessa condição, foi também responsável por todos os males causados ao país, aí incluído o abominável esquema de corrupção, agora revelado ao povo brasileiro pela Operação Lava Jato.

Sua falsa imagem de político aparentemente correto durou pouco. Desde o início, a nomeação de ministros acusados de graves atos de corrupção já evidenciava seu comprometimento com a sinistra rede de apropriação criminosa do dinheiro público. Se dúvida ainda persistia, o fato é que a reunião com o mafioso empresário Joesley Batista, ocorrida em pleno palácio presidencial e o tema da conversa, por si só, já comprometem fatalmente o seu mandato presidencial. O teor da conversa gravada revela que Michel Temer praticou atos que podem ser considerados crime de responsabilidade.

Na semana passada, Michel Temer escapou da cassação no TSE, beneficiado pelo voto de quatro “coveiros de provas vivas”. Porém, não tem mais condições de permanecer no cargo de presidente da República. Com tantos parlamentares acusados de corrupção, o processo de impeachment parece muito difícil de acontecer. Tudo indica que vai permanecer no cargo, definhando até o final, pagando aos seus apoiadores sem compromisso com a ética na política, um preço cada vez maior, em nomeações e liberação de verbas públicas. A menos que o povo volte a se manifestar, em multidões de camisas-amarelas, para pressionar o Congresso a votar de acordo com a voz das ruas, da razão e da ética política.