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“Michelle Bolsonaro é minha referência”, diz a primeira-dama Letícia Vechi

Com Isabel R. de Almeida

A advogada Letícia dos Santos Vechi, 29 anos, não tinha muita afinidade com política, até assumir um cargo no Procon-SC logo depois que se formou no curso de Direito pela Unifebe, em 2017. O histórico da primeira-dama de Brusque passou a estar diretamente imersa no setor, e em meados de 2019, nos corredores da Prefeitura de Brusque, conheceu o prefeito André Vechi, 34 anos. Enquanto já namoravam, Letícia participou da campanha de Vechi para vereador em 2020, que o elegeu com 1.188 votos. O casamento ocorreu em 2021.

Ela é filha de Rogério dos Santos e Silvana Regina Trainotti dos Santos, atuantes no segmento têxtil, e irmã mais velha de Heloísa dos Santos. Pouco se falava de política na casa da família, no Steffen.

Na área acadêmica, Letícia é especializada em Direito Penal pela faculdade Damásio de Jesus, e tem um escritório junto da sócia Ana Caroline Souza.

Como está sua rotina agora que o André foi eleito?
Está tudo bem louco, porque eu também sou advogada e antes de acontecer toda aquela questão da cassação da chapa anterior nós estávamos organizando para abrir um novo escritório. E coincidiu que quando nós conseguimos reservar a sala, uma semana depois aconteceu toda a situação.

Qual a sua opinião sobre a cassação do Ari Vequi?
Eu considerei que não foi justa. Não acho que tenha sido adequado pela forma que ocorreu. Ninguém estava esperando isso, mas agora bola para frente temos que seguir e a cidade não pode parar.

Primeira-dama, e aí, já caiu a ficha?
Ainda não, é tudo muito novo. Eu sempre fui uma pessoa muito de bastidor, nunca gostei muito de aparecer, sempre gostei de participar, mas pelo lado de fora, sem ser vista. E agora, essa é a minha primeira entrevista oficial como primeira-dama e é tudo novidade. Estou me preparando, estou buscando evoluir, mas é tudo novo e um mundo totalmente diferente para mim.

Dentro da sua casa já havia algum movimento de politização? Seus pais falavam de política?
Lá em casa nós nunca fomos muito próximos ao tema, é aquela questão que as pessoas têm no geral, a opinião de que a política é ruim, nós não devemos nos meter, cada um tem sua opinião. Então, eu cresci com isso, mas quando eu entrei na faculdade surgiu a oportunidade de fazer um estágio no Procon, que foi meu primeiro emprego. Eu sempre trabalhei com meus pais antes de entrar na faculdade. Eu lembro que meu primeiro chefe, o Fábio (Roberto de Souza), me disse: ‘Letícia, tu tem que aprender a se impor e a falar’, porque eu era muito tímida, deixava todo mundo falar o que quisesse para mim e eu não me manifestava. Um dia ele me chamou na sala dele e disse: ‘Se eu ver mais uma vez alguém sendo grosseiro ou falando alto contigo e tu não se manifestar eu vou te dar um esporro’. E foi ali que eu comecei a me soltar mais para a vida pública, me soltar mais com as pessoas e me inteirar mais da política, porque eu estava ali dentro.

Se eu te perguntar hoje, quem é a Letícia? O que você responderia?
Eu sou esposa, eu sou advogada, eu sou agora primeira-dama, estou tentando fazer o meu melhor para ser suficiente em todas as minhas funções. Por enquanto, eu estou multifunções, mas eu pretendo dar uma acalmada, né? Porque eu e o André estamos pensando em um bebezinho daqui a pouco, então, já tem que dar uma acalmada na vida para mais uma função.

Como foi essa dinâmica de estar do lado dele, apoiando, participando de comício?
Na eleição de vereador nós ainda não éramos casados, então, foi um pouco mais leve do que essa vez. Eu não acompanhava a rotina dele durante a noite, eu não via a hora em que ele saia e nem a hora em que ele chegava, mas foi bem puxado, foram dias bem difíceis. Ele andava bastante na rua pedindo voto. A eleição para vereador é bastante diferente da eleição para prefeito, apesar de parecer igual.

O que difere uma da outra?
É a questão de pedir voto, porque para vereador tem muitos candidatos e é muito polarizado, são muitas opções. É mais difícil, eu considero. E como são muitas opções fica mais polarizado ainda, é mais difícil. A eleição para prefeito eu considero mais simples, por ter menos gente concorrendo e essa questão de pedir voto é um pouco diferente também, por essa questão de ter menos candidatos, todo mundo te conhece já, quer dizer, a grande maioria. Você vai conversar e as pessoas já sabem quem são os candidatos.

Na eleição, como você conciliou a rotina de advogada para participar da campanha?
Foi bem complicado, porque é bem cansativo. Eu ficava no escritório durante o dia, porque estava abrindo outro e eu não tinha como eu não ficar, foi bastante exaustivo, mas eu acompanhei ele mais durante o período da noite. Às vezes, quando tinha algo mais importante durante o dia, ele me avisava com antecedência para eu conseguir me programar e se não, era mais durante o período da noite e final de semana. Nós não tivemos final de semana e não temos até hoje. Mas foi uma campanha muito leve, muito gostosa. Achei que eu ia ficar muito triste e a gente ia vivenciar coisas ruins, mas não. Foi leve, fomos bem recebidos em todos os lugares, todo mundo tratava a gente com muito carinho e muito respeito, não tem nada que eu possa te dizer que foi ofensivo, que alguém xingou, humilhou ou que nos mal recebeu. Sempre foi muito isso. Fizemos muita amizade, conhecemos muitas pessoas novas e essa é a pegada do André, né? De novidade, de trazer gente nova, com especialidades diferentes e experiências em cada área, então nós fomos conhecendo essas pessoas. Está sendo uma experiência muito bacana e de muito aprendizado para mim como advogada, inclusive.

Tem alguma história que você lembre que vale ressaltar nesse período? Algo inusitado que aconteceu com vocês ou durante a campanha?
A gente fazia caminhada na chuva, fazíamos festa com tudo, bagunça com qualquer coisa, mas uma história específica assim eu não consigo me lembrar.

E como estava sua emoção no dia das eleições?
Então, eu sou muito ansiosa e o André é ao contrário, ele é uma pessoa extremamente calma. Por incrível que pareça, ele me acalmava. Ele não perdia uma noite de sono, ele chega em casa, deita, dorme, esquece e desliga. Para ele está tudo certo e eu que sou nervosa. Então, eu ficava sofrendo por antecedência, né? Tinha dias que eu acordava, ‘nossa vai dar tudo certo, tá tudo bem’ e outros dias eu já ficava um pouco preocupada, receosa. Então, foi uma montanha-russa.

O que te preocupa?
Essa questão de fake news, né? Saiu pesquisas falsas, aqueles vídeos com inverdades. Não é que me preocupava, mas que me chateava.

E você lembra como foi exatamente o dia das eleições? Como é que vocês estavam? Por onde estavam?
No domingo, eu e o André decidimos dormir até mais tarde para descansar, porque já não tinha mais o que fazer, né? Naquele dia então, eu fui votar eram umas 11h, porque eu ainda voto no Steffen. Nós saímos de casa, eu votei e fomos lá pro sítio da família dele, na Limeira. Alguns amigos foram, foi aparecendo gente, e fomos acompanhando a apuração. Que foi muito rápida, eu não cheguei a escutar quando o pessoal estava com os rádios ouvindo e de repente ‘Deu certo! Deu certo’ e eu falei ‘Mas gente, eu nem ouvi ainda’. Foi muito rápido e não deu tempo de pensar assim, mas estávamos fazendo muita festa, conversando, a gente rezou juntos, orou, se abraçou, se emocionou, foi muito bom. Eu achei que seria mais difícil pra eu conseguir aguentar a emoção até às 17h30 que ia sair a apuração, né? Estava uma turma boa, então foi uma festa.

O que você espera agora da sua vida enquanto primeira-dama?
Eu espero poder continuar me dedicando à minha casa, eu gosto muito de ser dona de casa, de ser esposa, a gente tem um vira-latinha caramelo também, eu gosto de dar atenção para ela. O nome dela é Lisa.

Como é a relação do André com a Lisa?
Meu Deus, eu fico imaginando quando eu vejo ele com ela como vai ser o dia que tiver um filho, porque, nossa, ele pega ela no colo, ele dança com ela dentro de casa, bota ela pra dormir, dá banho nela, é bem legal assim. Então, eu pretendo me dedicar bastante à minha casa, eu gosto de cuidar da minha casa, da minha família e quem sabe daqui a pouco com um bebezinho junto com a Lisa.

Você é ativa em algum projeto social ou alguma comunidade? Pensa em pôr em prática ou já existe algo?
Eu conheci a presidente do Instituto Corações de Algodão Doce, até temos uma reunião marcada. Ela veio me pedir auxílio para fazer a questão do estatuto, a questão legal da ONG mesmo. Então, a gente já vai se envolver com isso, eu sou uma pessoa muito de bastidor. Eu ajudo pontualmente, não costumo frequentar, porque pra eu ter compromisso é muito difícil, eu não gosto de ‘ah toda semana eu tenho esse compromisso essa hora’. Uma hora eu estou em um lugar, outra hora em outro, e não gosto dessa rotina fixa. Sempre que as pessoas me procuram eu busco ajudar, mas pontualmente. Não participo ativamente de nenhum, por enquanto, mas quem sabe? Eu não descarto a possibilidade.

Há alguma primeira-dama que te inspira? Seja hoje ou na história?
A Michelle (Bolsonaro), né? Ela é meu exemplo de mulher, de cristã, de esposa. Acho que ela é extremamente educada, polida, inteligente.

O que te inspira na Michelle Bolsonaro? Quais atitudes?
Então, essa questão dela ser cristã mesmo, no meio de tanta coisa ruim que ela vivencia. Mesmo de tantas coisas ruins que ela vê todos os dias, ela ainda enxerga a Deus em tudo. O que eu acho que é o mais importante na vida de qualquer pessoa.