Missa celebrada em latim reúne fiéis no Santuário de Azambuja
Cerimônia ocorreu na manhã desta terça-feira e contou com a presença de Dom Bertrand de Orleans
Cerimônia ocorreu na manhã desta terça-feira e contou com a presença de Dom Bertrand de Orleans
Os fiéis que compareceram ao Santuário de Azambuja no feriado da Proclamação da República puderam retroceder no tempo e presenciar um momento singular no município: a celebração da missa em latim. Presidido pelo padre Anderson Batista da Silva, da Arquidiocese de Niterói, no Rio de Janeiro, o ato litúrgico integrou o Ciclo Brusquense de Conferências Magnas Temáticas.
Diferente das celebrações atuais, a missa em latim tem como um dos pontos principais a posição do padre durante as orações. Enquanto que na atual, ele permanece posicionado de frente para os fiéis, na celebrada em latim ele fica voltado para o altar.
“A principal diferente entre as missas é a postura do sacerdote. Na missa tradicional, em que o latim é a língua oficial, as orações e os cantos também são mais voltados para a adoração da majestade divina. Também se prioriza o silêncio. E a comunhão é feita de joelhos e na boca. Na missa do rito novo de 69 e 70, que é a atual, há maior liberdade de utilização dos rituais”, explica o padre Anderson.
A liberdade, explica o sacerdote, acarreta na criatividade do celebrante, que acaba explorando o ritual de diversas maneiras.
Na celebração de ontem, o padre Anderson utilizou alguns ornamentos típicos das primeiras missas presididas em latim e que já estão em desuso, como o barrete (chapéu preto) e a casula romana (capa que cobre o sacerdote).
“Os ornamentos que o sacerdote utiliza basicamente são os mesmos. A única coisa que não é previsto no rito novo é o manípulo, que é uma peça que fica no braço esquerdo do padre. Os demais estão previstos, mas muitas coisas caíram em desuso”, diz.
Ainda de acordo com o padre, a missa celebrada em latim ficou esquecida durante muitas décadas e, hoje, ainda não é “bem-quista” mesmo dentro da igreja católica.
“Muitos têm uma visão preconceituosa, dizem que é um retrocesso, que é algo absurdo e que tem que acabar. Mas ninguém pode projetar o futuro sem valorizar o passado. Hoje em dia há um resgate, sobretudo dos jovens, que querem descobrir aquilo que não conheciam”, afirma o sacerdote.
Ao longo de toda a missa, que contou também com a participação do Coral Santa Cecília da Catedral Metropolitana de Florianópolis, o príncipe imperial Dom Bertrand de Orleans e Bragança permaneceu no altar da igreja e aprovou a experiência.
“Essa missa solene autorizada pelo papa é uma maravilha. Muitas pessoas falam que o padre não está votado para o povo. É verdade, o padre está voltado para Deus e é um intermediário entre Deus e o povo. É uma soleníssima renovação do sacrifício da cruz de nosso senhor Jesus Cristo”, afirma Dom Bertrand.