Missa marca o aniversário de 45 anos do Cemitério Municipal Parque da Saudade
Padre Alvino Milani fará celebração na Capela da Ressurreição no dia 1º de janeiro de 2017
Às 10h de domingo, 1º de janeiro de 2017, o vigário da Paróquia Nossa Senhora de Azambuja e capelão do Hospital Arquidiocesano Cônsul Carlos Renaux, padre Alvino Introvini Milani, presidirá missa em ação de graças pelo aniversário do Cemitério Municipal Parque da Saudade, na Capela da Ressurreição.
Resultado da fusão do Cemitério Católico do Centro (fundos da Igreja Matriz São Luís Gonzaga) e do Cemitério de Azambuja, o Parque da Saudade é fruto de uma ação conjunta da Igreja Católica, representada pelo Monsenhor Guilherme Kleine, e da Prefeitura de Brusque, nas gestões dos prefeitos Antonio Heil e José Germano Schaefer. O professor e prefeito Alexandre Merico doou décadas de sua existência no apostolado realizado na Capela da Ressurreição do Parque da Saudade.
Coordenadores da Pastoral na Capela da Ressurreição, o casal Florentina Luiza Bertotti Vicentini e Nilo Vicentini informam que a missa marca os 45 anos de inauguração oficial do Cemitério Municipal, sendo que o primeiro sepultamento lá realizado foi em 1970. O cemitério Parque da Saudade era rejeitado pelos brusquenses. Foi aceito somente após o sepultamento ali do Monsenhor Guilherme Kleine, em 9 de janeiro de 1972, a terceira pessoa a ser sepultada no novo campo santo.
ARTIGO
Monsenhor Kleine aposenta a caleça do Pruner
Paulo Vendelino Kons
Historiador
Ao final de sua vida, Monsenhor Guilherme Kleine (filho de Anton Kleine e Anna Koesters, nascido em 28 de outubro de 1914, na Alemanha, no estado da Renânia do Norte-Vestfália, região administrativa de Detmold, distrito de Paderborn, cidade de Büren) encerrou o ciclo da lendária caleça de Rodolfo Pruner, que foi utilizada pela última vez no sepultamento do sacerdote, tendo uma multidão acompanhado o cortejo até ao Parque da Saudade. Kleine foi o primeiro Padre e a terceira pessoa a ser sepultada no Parque da Saudade, que fora por ele idealizado, seguindo o projeto dos modernos cemitérios-jardins então florescentes na Alemanha.
Quem transita por Azambuja e se depara com o Morro do Rosário, o Edifício do Peregrino, o imponente prédio do Seminário Menor Metropolitano Nossa Senhora de Lourdes, visualiza obras que marcam a dimensão empreendedora do Monsenhor Guilherme Kleine. Antecipando-se às necessidades vindouras, promoveu também a ampliação do Hospital Arquidiocesano Cônsul Carlos Renaux, duplicando sua capacidade.
De sua iniciativa a aquisição da fazenda do Brilhante, em Itajaí, garantindo a produção de alimentos para as obras de Azambuja. A organização das Festas de Azambuja também marcou sua gestão, pelos excelentes resultados auferidos a partir dos laços de amizade que vinculavam Padre Kleine à comunidade brusquense e regional.
Para a realização de exames de rotina, na tarde do dia 7 de janeiro de 1972, Monsenhor Kleine foi internado no Hospital. Nada indicava um fim tão próximo: às 2h da madrugada do sábado chuvoso, dia 8, foi encontrado morto, vítima de infarto, aos 57 anos. Uma perda irreparável e dolorosa para todos, especialmente para a Igreja.
O povo brusquense o chorou como um amigo que se perdia e em grande número acompanhou o féretro ao Parque da Saudade. Esse novo campo santo, inaugurado, mas rejeitado pelos brusquenses porque solitário, foi finalmente aceito: ali estava enterrado Monsenhor Guilherme Kleine.
No livro Sentinela do Passado II, o professor José Zen relata que “uma de nossas tradições marcantes foi a carruagem fúnebre, chamada de caleça. Pobres e ricos não dispensavam o serviço funerário nesta monumental carruagem negra. Imponente, toda trabalhada e torneada na sua construção, pintada com verniz negro brilhante, dava um tom austero nas cerimônias fúnebres. Durante 34 anos ela transportou nossos falecidos, católicos e evangélicos, às suas últimas moradas. O hábito era a caleça puxar o cortejo e todos os participantes, a pé, seguiam até ao cemitério, numa reverência bonita ao falecido. Os carros ficavam em casa.
Rodolfo Pruner era o proprietário da carruagem e sua presença na condução do veículo era ponto de honra, de terno preto e gravata. A parelha de cavalos era do mesmo modo negra e impecável, limpa e lustrada até as patas. Era um capricho que seu Rodolfo nunca desprezou. Seus filhos, Erna e Chico, lembram que o primeiro funeral que seu Rodolfo realizou, utilizando a caleça, foi para sua vizinha senhora Agnes Wagner Ulber, progenitora do nosso querido expedicionário Kurt Ulber, que lembra com pesar este acontecimento: 17/09/1938.
Como foi o primeiro enterro, seu Rodolfo dispensou o pagamento. Seu último enterro foi realizado em 1972, ocasião em que transportou o padre Kleine até o cemitério. Este sacerdote foi grande benemérito do complexo hospitalar e religioso de Azambuja. Vieram as funerárias e com elas o carro a motor e lá se foi uma das nossas mais autênticas tradições. A caleça está hoje na Casa de Brusque, doada pela família. Descanse em paz!”.