Modo artesanal de brusquense fazer cuca pode ser considerado Patrimônio Cultural de Brusque; entenda
Tradição da família de Marilene Debatin Maurici foi passada de mãe para filha
Tradição da família de Marilene Debatin Maurici foi passada de mãe para filha
Consta no Diário Oficial dos Municípios de terça-feira, 23, a aprovação para que o modo artesanal de fazer cuca da brusquense Marilene Debatin Maurici seja considerado Patrimônio Cultural Imaterial de Brusque.
O pedido foi formulado pela Fundação Cultural e contou com o parecer favorável do Conselho Municipal de Patrimônio Histórico, Natural e Artístico Cultural (Comupa) para que fosse dado início à pesquisa.
De acordo com o historiador da Fundação Cultural, Alisson Castro, a pesquisa do modo artesanal da brusquense fazer cuca foi cogitada há dez anos. Entretanto, o processo não teve continuidade e estava parado.
“Eu experimentei a cuca e é fenomenal. Surgiu novamente a ideia da patrimonialização. A cuca é um bem emblemático na nossa região. Então, é também um patrimônio”, afirma o historiador.
Autora da cuca que pode se tornar Patrimônio Cultural, Marilene, de 59 anos, conta que aprendeu a prática quando pequena, observando a mãe e as tias. Quando cresceu, aprimorou a receita e hoje leva a produção das cucas como um hobby.
Geralmente, ela prepara as cucas para familiares em datas comemorativas, como aniversários ou visitas de parentes. Marilene também é doceira, e faz bolos e brigadeiros. A arte também é presente no dia a dia da brusquense, que produz bonecas de pano e pinta porcelanas.
Foi assistindo a mãe Lindomar Teresinha Eccel Debatin, uma das fundadoras do restaurante Vô João, que faleceu aos 58 anos, que a filha se inspirou e começou a seguir aquilo que virou uma tradição da família.
“Eu aprendi a cozinhar praticamente sozinha. Eu sempre via minha mãe fazendo a cuca, os movimentos que ela fazia. Tenho uma lembrança grande, mas minha mãe faleceu muito cedo. Tinham coisas que ela fazia que não cheguei a aprender”, relembra.
As cucas da família eram feitas em grande escala. A receita era das tias de Marilene. Então, a brusquense precisou diminuir a quantidade e adaptar a receita para fazer para os familiares.
“Antigamente, antes de ter a igreja São Judas Tadeu, no Águas Claras, todas as mulheres da família se reuniam, faziam as cucas e vendiam, assim como nas festas de igreja. É uma tradição”, conta. Inclusive, o avô e tio-avô de Marilene foram os responsáveis pela construção da igreja do bairro.
Marilene lembra que, quando pequena, visitava as tias e, lá, quando chegava na casa delas, as cucas já estavam prontas. As cucas eram amassadas no dia anterior à visita da família, pois no dia seguinte a massa já estaria crescida. A prática de iniciar o preparo no dia anterior foi herdada por Marilene.
“Eu ainda consigo visualizar as formas enormes que elas tinham e colocavam no forno à lenha. Quando tiravam do forno, jogavam açúcar por cima da farofa. Na época, as cucas mais tradicionais eram de farofa e banana, também com as frutas da estação que tinham no quintal”, comenta.
Atualmente, ela prepara as cucas com uma frequência de uma ou duas vezes por mês, mas reforça que prepara quando recebe os familiares em casa.
“A tradição é fazer as cucas quando temos visitas ou aniversários. Minha irmã não mora em Brusque e, quando ela vem para cá, geralmente eu faço as cucas”, diz.
O historiador Alisson explica que o pedido de patrimonialização da cuca de Marilene, que partiu da Fundação Cultural, segue com o processo em andamento. Após o pedido da instituição, a solicitação foi encaminhada ao corpo técnico do Comupa, que deu parecer favorável.
Após o parecer, foi encaminhado novamente ao Comupa e o conselho da entidade definiu pela aceitação do início da pesquisa. Em outras ocasiões, em caso de resposta positiva do Comupa, a pesquisa é iniciada e tem um prazo de 12 meses para conclusão.
Porém, no caso da cuca da brusquense, o término da pesquisa foi em tempo mais curto, pois não foram necessárias muitas entrevistas. Sendo assim, a pesquisa retornou ao Comupa, que aprovou a patrimonialização do modo artesanal de fazer cuca de Marilene.
Agora, há um prazo de 30 dias para manifestação da população, se concorda ou discorda do procedimento, até a cuca ser considerada de fato um Patrimônio Cultural Imaterial de Brusque.
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