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Momento histórico pós-moderno (3)

No artigo da semana passada, apresentei um dos vários aspectos do momento histórico pós-moderno, o da vacuidade, o do sentimento do vazio, vaziez. Alguém pode ter achado muito negativo, pessimista em demasia. Mas, é bom ter presente que era um dos aspectos. E lembrava que há outros a considerar. Por isso, hoje, pretendo tecer algumas […]

No artigo da semana passada, apresentei um dos vários aspectos do momento histórico pós-moderno, o da vacuidade, o do sentimento do vazio, vaziez. Alguém pode ter achado muito negativo, pessimista em demasia. Mas, é bom ter presente que era um dos aspectos. E lembrava que há outros a considerar. Por isso, hoje, pretendo tecer algumas considerações a respeito do aspecto religioso, espiritual do momento pós-moderno.

Como vimos a Modernidade, de fato, conseguiu desterrar ou colocar entre parênteses o sobrenatural, o religioso, o espiritual, Deus, sobretudo o Deus Bíblico, cristão. Tudo é natural, nada além da natureza. A Ciência e a Técnica têm capacidade de resolver todos os problemas humanos. O sobrenatural e Deus são perfeitamente dispensáveis, supérfluos. O materialismo e o ateísmo se apossam quase que totalmente da Cultura e da vida das Instituições socioculturais. O secularismo e o laicismo instalam sua escala de valores, alterando significativamente o comportamento pessoal e sociocultural de grande parte da população.

Nas duas últimas décadas do século XIX e início do século XX, porém, com a crise da Ciência e da Filosofia, o clima do pensamento e da ação começam a sofrer uma mudança sensível no comportamento sociocultural. Valores antes desprezados ou abandonados começam a ser reconsiderados e olhados e tidos como pertencentes à vida do ser humano, em nível pessoal e também no comportamento social. Isto ocorre, sobretudo, com o fato de colocar a existência humana concreta como ponto de referência para a reflexão filosófica.

Desta forma, a Fenomenologia, o Existencialismo, principalmente de cunho cristão, mais o Personalismo, a Neoescolástica e o Neotomismo e outros, refletindo a respeito de todas a manifestações da existência humana concreta no mundo, revelam a dimensão da busca e procura do Absoluto, do Infinito, em última análise a busca de Deus, é uma tendência natural do ser humano. O ser humano contemporâneo sente em si a “nostalgia de Deus”, que lhe foi arrancada ou negada pela Modernidade. A própria existência humana concreta põe “o problema-Deus”.

A partir desta nova maneira de olhar e considerar o ser humano, em suas várias dimensões, e a percebê-lo como pessoa, não apenas como individuo, um número, um objeto, nasce uma nova visão da pessoa humana, como um ser relacional, dialogal, aberto ao outro, a Deus. Percebe-se sua tendência natural ao sobrenatural, ao espiritual.

O ser humano pós-moderno, mais precisamente na segunda metade do século XX, com mais frequência e maior número começa a buscar os valores religiosos e espirituais.
Um evento da Igreja Católica, o Concílio Vaticano II (1963-1965), embora sendo um acontecimento eminentemente eclesial católico, deixou sua marca na Cultura e na Sociedade, principalmente, chamando a atenção para a dignidade e o valor do ser humano, do diálogo, do saber parar e refletir a respeito de sua vida, do seu comportamento, da busca da paz, do relacionamento fraterno entre as pessoas e as Nações. etc…É necessário saber e ter coragem de rever, planejar e agir.

Por outro lado, parcela significativa da população assumiu a visão da Pós-Modernidade e transformando o espiritual, puramente num comportamento individual, de busca do proveito próprio, autoajuda, da satisfação individual e imediata…. O aspecto religioso, espiritual torna-se um “supermercado religioso”, onde cada um vai se servindo conforme seu gosto, satisfazendo suas necessidades de bem-estar individual. Quase se dispensa o comunitário, o institucional.

Certamente, há outros aspectos a considerar, mas nesse pequeno espaço, não é possível.