Monitoras da Área Azul de Brusque sofrem com xingamentos de motoristas
Descontentes com as notificações, condutores agridem verbalmente as funcionárias da CDL
Constantemente as monitoras da Área Azul, sistema de estacionamento rotativo, sofrem agressões verbais dos motoristas. Em dezembro, uma delas precisou fugir de um homem, que tentou agredi-la fisicamente. A situação virou caso de polícia. Na tarde de quinta-feira, 26, o presidente da Câmara de Dirigentes e Lojistas (CDL), Michel Belli, fez um desabafo no Facebook, pedindo respeito às funcionárias. A entidade a qual ele presidente é responsável por operar o serviço.
Na maioria das vezes, os usuários xingam as monitoras ao serem autuados por alguma irregularidade cometida nas vagas. “As pessoas precisam entender que elas são apenas servidoras e estão cumprindo com o trabalho, que é controlar o tempo de permanência dos veículos nas vagas. Não são elas que criam as leis ou as multas”, diz.
O presidente afirma que muitas funcionárias pedem demissão por não suportarem as “broncas” que levam dos motoristas nas ruas. “Durante a festa de encerramento, em dezembro, elas nos relataram cada caso, que é realmente de assustar”, lembra.
O Município Dia a Dia conversou com uma das monitoras, na Centro, que relatou situações que elas passam diariamente. “Eles dizem que estamos roubando. Perguntam se faturei muito hoje, que a Área Azul é do prefeito. Chamam de ‘cambada de ladras’ e alguns ainda querem vir para cima, para tentar bater”, conta.
O gestor executivo da CDL, Carlos Eduardo Vieira, analisa que se os usuários do sistema respeitassem as determinações, não haveria problemas. No entanto, muitos ignoram as placas de sinalização. “Se não quer ser multado, se sabe que vai ficar mais do que o tempo permitido, então coloca em um estacionamento particular. É simples. Deixa a vaga para quem realmente precisa”, diz.
Muitos usuários ainda tentam fraudar o sistema e colocam o cartão em branco dentro do carro ou deixam em locais de difícil visualização.
“Com isso, elas são obrigadas a deixar a notificação”, explica Vieira. Porém, muitos usuários ignoram o cartão rosa e o jogam fora ou deixam dentro do carro, sem quitar nos pontos de pagamento. Então, 30 dias depois, quando aparece a infração do setor de trânsito em casa, procuram a CDL para reclamar, pois terão que pagar a multa de R$ 195 e perder cinco pontos na Carteira Nacional de Habilitação (CNH).
Vieira ressalta que as pessoas relacionam a Área Azul com o poder público. No entanto, quem opera o serviço é a CDL, por meio de convênio com a prefeitura. “A Área Azul não dá lucro para a CDL, nosso objetivo é dar mais opções para as pessoas que circulam no comércio. E, se desse lucro, todo o dinheiro seria reinvestido na cidade, pois apoiamos projetos e eventos do município”, afirma.
Solidariedade do comércio
O gestor da CDL pede ainda para que as pessoas que trabalham no comércio sejam mais solidárias com as monitoras da Área Azul e cedam um espaço para utilizarem o banheiro e ofereçam água a elas. “Nós também autorizamos as funcionárias a pararem por dez minutos para descansar, quando o sol está muito forte. Nesse casos, muitas vezes elas são chamadas de malandras”.
Para Vieira, essa contribuição dos lojistas às funcionárias é importante, pois elas prestam um serviço que auxilia a melhorar o fluxo no comércio. “O estacionamento rotativo é uma maneira de fazer com que mais pessoas tenham oportunidade de parar em frente às lojas para fazer suas compras”, diz.
Novo sistema
Neste ano, um novo modelo de sistema rotativo de trânsito será encaminhado à prefeitura e à Câmara para avaliação. “Serão duas opções: um aplicativo para smartphone ou parquímetro. Com isso, as pessoas poderão fazer o pagamento sem passar pelas monitoras”, explica.
Mesmo se o projeto for aprovado e posto em prática, o presidente diz que a CDL permanecerá com duas monitoras, no mínimo, para auxiliar as pessoas que encontrarem dificuldades.