Moradores de loteamento da área industrial do Limeira Alta devem ser retirados do local em 2025 pela prefeitura
Empresa que recebeu o terreno por meio de concessão pública vendeu os lotes para construção de casas irregulares
Empresa que recebeu o terreno por meio de concessão pública vendeu os lotes para construção de casas irregulares
O jornal O Município apurou que a Prefeitura de Brusque planeja retirar, em 2025, as famílias que se instalaram em um terreno, localizado na rua Francisco Dallago, área industrial do bairro Limeira Alta. O local foi transformado ilegalmente em um loteamento, por uma empresa que recebeu a área como concessão, e que deveria promover atividade industrial no local. Aproximadamente 25 residências irregulares foram construídas irregularmente.
À reportagem, o procurador-geral do município, Rafael Maia, afirmou que o plano da prefeitura é retirar os moradores do local. O terreno conta com 5.566 metros quadrados e não possui ligação regular de esgoto. Rafael explica que o imóvel havia sido concedido à empresa O.M. Empreendimentos e Incorporações, em 2010, por meio de uma lei municipal que autoriza a doação de terrenos para fomentar a área industrial do município.
Na época, a empresa era chamada Constrom Construtora e Incorporadora. Ela também havia sido beneficiada por um decreto municipal que lhe concedeu incentivos fiscais em prol do desenvolvimento de suas atividades no município.
Os incentivos eram isenção de IPTU e ISS por cinco anos, alvará de construção e Taxa de Licença de Localização (TLL). O valor total do benefício era de R$ 10.902,85.
Em contrapartida, a empresa deveria construir um galpão de mil m² na rua Alberto Muller, no Limeira, e gerar 200 empregos diretos. O valor do empreendimento era de R$ 350 mil.
Um dos artigos do documento diz que os benefícios seriam cortados caso a empresa deixasse de cumprir os propósitos do projeto ou praticasse alguma ação ilícita, fraude ou sonegação, “responsabilizando-se pelo recolhimento ao cofre público municipal do valor, correspondente ao benefício obtido através deste decreto”, diz o documento.
Ao longo do tempo, a prefeitura verificou que a empresa não cumpriu os termos do programa de incentivo. Ao invés disso, loteou o terreno e iniciou as vendas para a construção de residências.
A partir disso, em 2015, o poder executivo iniciou um processo contra a empresa para apurar o descumprimento do acordo. Em abril de 2022, a ação foi julgada procedente e o terreno voltou a ser de propriedade da prefeitura.
Por fim, o procurador afirma que serão aplicadas à empresa as sanções contratuais e legais. “É uma situação bem precária”, frisa.
A Procuradoria esteve no local com a Secretaria de Desenvolvimento Social para verificar a situação dos moradores. Rafael afirma que o órgão está produzindo notificações para retirá-los do local, mas que elas ainda não foram enviadas, pois o destino das famílias ainda não está decidido.
O procurador cita duas alternativas: o aluguel social, um benefício assistencial do governo federal que ajuda famílias de baixa renda a pagar o aluguel de um imóvel, ou apartamentos do Minha Casa Minha Vida que foram devolvidos para a Caixa Econômica Federal e estão sendo disponibilizados ao município.
“É um procedimento que está em andamento para que possamos resolver o quanto antes essa ocupação irregular, sem desalojar essas famílias”, diz.
Questionada pela reportagem, a secretária da pasta, Fabiana Silva Santos Gascoin, afirma que esse planejamento está sendo feito com o setor de habitação e que será retomado em janeiro do ano que vem com visitas domiciliares, já com ações definidas.
Sólo: moradores de Botuverá resgatam jogo esquecido há 50 anos: