Moradores falam sobre a noite de tensão com tiroteio no Dom Joaquim
Vizinhança percebia movimento intenso de veículos na casa alugada por grupo criminoso
Vizinhança percebia movimento intenso de veículos na casa alugada por grupo criminoso
Os moradores da rua DJ-024, bairro Dom Joaquim, viveram momentos de tensão com os quais não estão acostumados, em uma área que normalmente é tranquila: um tiroteio entre três criminosos e a Polícia Militar terminou em duas mortes na noite deste domingo, 16.
Tudo havia começado na madrugada de sábado, 15, quando dois homens sofreram um sequestro-relâmpago na rodovia Antônio Heil. O veículo de uma das vítimas, um Ford Focus branco, foi roubado. As vítimas foram deixadas em Camboriú na manhã de domingo, 16, e lá registraram boletim de ocorrência.
O automóvel foi a pista que a Polícia Militar recebeu de uma denúncia anônima, segundo relatam os moradores. Os policiais foram verificar a situação no local indicado, a rua DJ-024, e encontraram o veículo já sem suas placas e foram recebidos com tiros, sendo obrigados a revidar.
A maioria dos moradores do local relata que já estavam se preparando para dormir e não se arriscaram em sair de suas casas para ver o que estavam acontecendo. Só souberam o que aconteceu momentos após o fim do tiroteio.
Uma das moradoras, vizinha da casa onde o grupo se abrigava, conta que não chegou a sair da cama, mas que minutos depois o marido foi ver o que havia acontecido. Os filhos, de três meses e oito anos, sequer acordaram com o tiroteio. O mais velho só acordou depois, com o tumulto formado, e seu marido acabou passando a noite em claro.
“Estávamos nos preparando para dormir, era por volta de umas 23h. Meu marido trabalha como segurança nos fins de semana e já tínhamos que ir deitar. Então começamos a escutar muitos gritos, pessoas gritando para colocar mãos para o alto, para parar, e nisso só escutamos o barulho de um homem caindo em uma das paredes da nossa casa. Aí ele começou a rodar por ali, e a polícia fez o cerco. Os homens que estavam atirando contra a polícia chegaram a cair em cima da nossa cerca e a derrubaram.”
Os moradores da rua DJ-024 relatam que os barulhos dos tiros eram diferentes, o que evidenciou o fato de que estava acontecendo um tiroteio. Conforme contam, o grupo que foi abordado pela Polícia Militar não chegava a cometer crimes na rua ou na região, mas havia um movimento muito mais intenso de carros desde que eles haviam começado a se abrigar em uma das casas da rua, que não tem saída.
“Aqui sempre foi um bairro tranquilo. Nunca tivemos problemas parecidos”, destaca outra moradora.
Fichas extensas
Dos três homens, dois morreram: um já no local, baleado. Outro foi atingido em pelo menos três pontos: uma vez na perda direita e dois no tórax, e morreu pouco após dar entrada no Hospital Azambuja. O terceiro, identificado como Rafael Seusler, 24 anos, está foragido, após ter conseguido fugir para matagal.
Seusler já foi detido por posse de cocaína e também tem registrados crimes de trânsito e roubos em Brusque em sua ficha criminal. Dos dois mortos, um não foi identificado. O outro é Tiago Melo Rosa, 23 anos, com passagem por tráfico em Itajaí. Ele também cometeu furtos e roubos em Brusque, roubos em Guabiruba e tem boletim de ocorrência registrado por ter entrado com celular em presídio.
Caberá à Polícia Civil descobrir a identidade de um dos homens mortos e se o grupo teve relação com assaltos cometidos nos bairros Limeira e Dom Joaquim, na semana anterior. O Município entrou em contato com a Polícia Civil, que explicou que o caso ainda está para ser assumido por um delegado.
A Polícia Militar deve abrir um inquérito sobre as circunstâncias das mortes de dois integrantes do grupo. O comandante do 18º Batalhão, tenente-coronel Otávio Manoel Ferreira Filho, adianta que acredita que as mortes ocorreram normalmente dentro dos padrões do dever policial.