Moradores reclamam da falta de coleta de lixo no Primeiro de Maio
No entanto, Recicle realiza o serviço de modo alternativo, já que a via não permite o tráfego de caminhão
Cerca de 30 famílias que vivem nas ruas José Ramiro Dias e Eduardo Wiederkehr, no Primeiro de Maio, reclamam que estão sem coleta de lixo há mais de dois meses. A justificativa para a não prestação do serviço é que o caminhão da Recicle Catarinense de Resíduos Ltda não consegue passar na rua, já que ela possui uma aclividade acentuada.
Os moradores contam que, além de terem que conviver com o forte cheiro, o acúmulo de resíduos tem atraído animais como ratos e baratas para suas residências. Outra queixa é que a empresa faz a coleta em ruas, para eles, consideradas mais íngremes, e não passa nas deles.
“Eles vão em morros muito piores e em ruas de barro, por que não vem na nossa que é de asfalto?”, diz a dona de casa Lilian Acosta Maciel, de 37 anos.
Assim como ela, a estudante Pérola Daylaine, 18, questiona o fato que os moradores pagam pelo serviço, mas acabam não usufruindo. Cada casa desembolsa, em média, R$ 30 por mês pela coleta de lixo. “Estamos cansados desta situação e do descaso com que nos tratam. É uma pouca vergonha”, lamenta.
A costureira Sueli de Oliveira, 41, diz que o cheiro incomoda muito, principalmente porque tem um filho pequeno. Ratos estão entrando na casa e ela não sabe mais o que fazer para controlar. “Pra que pagamos a taxa de lixo se não temos o serviço?”, diz a moradora, que completa: “já que eles não recolhem o nosso lixo, que devolvam o nosso dinheiro”.
Outro ponto apontado pelos moradores é de que outros caminhões conseguem subir na rua, e que o da Recicle, então, também poderia.
Serviço é prestado
O gerente da Recicle, Silvano Soares, explica que as ruas Eduardo Wiederkehr e José Ramiro Dias não oferecem condições de tráfego para veículos coletores compactadores de resíduos, devido principalmente à aclividade acentuada e ao estreitamento da via.
Além disso, há uma placa de sinalização de trânsito que proíbe o tráfego de veículos acima de quatro toneladas, no qual, os caminhões da Recicle se enquadram.
No entanto, o gerente ressalta que mesmo com estes empecilhos, os serviços nunca deixaram de ser prestados pela empresa aos moradores. Os usuários devem depositar os resíduos abaixo da placa que proíbe os veículos acima de 4 toneladas, onde há uma caixa coletora comunitária.
Conforme Soares, no local o serviço é disponibilizado três vezes por semana, às segundas, quartas e sextas-feiras. Além de, às quintas-feiras, ser também oferecida a coleta seletiva de resíduos.
O problema, como conta o gerente da Recicle, é que algum morador tem retirado a caixa coletora, com isso, ocasionando o acúmulo de lixo no chão. Essa informação chegou a ser confirmada por alguns dos moradores.
Na quinta-feira, 13, inclusive, as caixas coletoras foram recolocadas a aproximadamente 70 metros do ponto onde há acúmulo de resíduos atualmente, mas na sexta-feira, 14, já haviam sido retiradas novamente do local.
“Na busca por uma solução viável, requeremos ao município a declaração de utilidade pública temporária, de parte de um terreno na localidade, que poderá vir a abrigar adequadamente as caixas coletoras. Além disto, registramos um boletim de ocorrência para identificar os responsáveis pela remoção deliberada das caixas coletoras, de modo a tentar caracterizar a ineficiência do serviço”, afirma o gerente da Recicle.
Caso antigo
Há mais de quatro anos, após reclamações dos moradores das ruas já citadas sobre o problema da coleta de lixo, a 2ª Promotoria de Justiça da Comarca de Brusque abriu um inquérito civil para analisar a situação.
Após ouvir as partes e avaliar o caso, a promotoria constatou que a Recicle está prestando o serviço, porém, de “modo alternativo, no entanto plenamente válido”.
A justificativa para o não recolhimento é cabível, conforme a Promotoria uma vez que, em se tratando de vias com inclinações acentuadas, o tráfego do caminhão oferece risco à segurança dos moradores e aos funcionários da concessionária.
Além disso, a Recicle instalou um cesto de lixo no início da rua Eduardo Wiederkehr para que os moradores depositem os resíduos. Diante desta avaliação, a promotoria arquivou o caso em fevereiro de 2013.