Motorzinho: brusquense Luiz Fernando de Oliveira continua batendo recordes em águas abertas
Aos 15 anos, ele se tornou o primeiro ultramaratonista menor de 18 anos de SC
Ao completar a Travessia do Arvoredo em 4h29, o brusquense Luiz Fernando de Oliveira quebrou novos recordes em sua curta carreira como nadador. Com somente 15 anos, ele é o recordista da história da prova de 25 km, realizada entre a praia de Bombinhas e a Ilha do Arvoredo, na última terça-feira, 18.
Conhecido como ‘Motorzinho’, ele se tornou o nadador mais novo da história a completar a Travessia do Arvoredo e bateu o recorde absoluto da prova. Antes da façanha de Luiz, era utilizada uma tabela de recordes divididos em duas categorias: sem traje e com traje de neoprene, que facilita o desempenho. O brusquense fez o trajeto apenas de sunga, o que aumenta a façanha.
Além disso, Luiz se tornou o primeiro ultramaratonista menor de 18 anos de todo o estado Santa Catarina. Para ser classificado desta forma, o nadador precisa disputar provas com mais de 15 km de percurso.
O percurso feito por Luiz começou durante a noite e foi feito de forma individual. Para fazer a travessia, é necessário que agendar com 60 dias de antecedência, arcar com uma taxa de R$ 2,8 mil para cobrir despesas com barco, fiscal de recurso, salva-vida, logística.
O ultramaratonista é apoiado pela Nova Etqiuetas, Azambuja Mais, K16, Padock Pneus, Dental Joinville, Salvador Recapeamento, One Ticket e Dinha Viagens.
DivulgaçãoNormalmente, a Travessia do Arvoredo acontece durante uma janela da lua minguante. É feito também um monitoramento das condições climáticas.
Ele conta que não sentiu tanto desgaste para completar esta prova e que, após iniciar com alguns receios, completou o percurso de forma tranquila.
“Eu já tinha nadado à noite, travessia de 2 km em Bombinhas, mas eram várias pessoas, então não tinha aquele receio de nadar e um peixe me pegar. Então para mim, quando começou, fiquei com medo de que algum peixe mordesse, estava sozinho, não conversava com ninguém, então começa a ter umas neuras, mas quando clareou o dia, minha mente abriu e me senti muito melhor”, relata.
Para ser um ultramaratonista, ele avalia que o mais importante é ter estratégia. Luiz diz que começou forte, mas teve que diminuir o ritmo para manter o fôlego. Na reta final, quando o técnico o avisou da possibilidade de superar os recores, ele acelerou para superar as marcas anteriores da prova.
“Comecei forte, e meu técnico me disse para dar uma acalmada e manter um ritmo bom. Depois, quando ele viu que tinha a chance de bater o recorde sem traje, ele pediu para eu aumentar a perna. Quando meu técnico viu que tinha chance de quebrar o recorde, minha cabeça focou nisso e eu não pensava em mais nada. Quando faltava 5 km e ele viu que dava para bater o recorde absoluto da prova, ele me disse para fazer um tiro de 2 km”, lembra.
Para Luiz, a sensação foi de felicidade e de realização após completar prova, depois de cinco meses de treinamento, muitas vezes em dois períodos e todos os dias da semana.
“Nessa prova, eu me senti muito bem. Vinha muito preparado, tanto que nem me cansei na prova. Cheguei brincando, terminei a prova e comecei a fazer piada. Se fossem 36 km, meu técnico disse que eu teria terminado a prova tranquilamente. Foi uma sensação muito boa, que eu nunca tinha sentido”, admite.
O conforto para completar uma prova que, aparentemente, é muito desgastante, vem do estilo de nado de Luiz. O ultramaratonista admite que, se precisasse fazer um tiro de 100 metros, cansaria mais e não teria o mesmo rendimento que consegue em provas longas.
Rotina de treinamentos
Ele entrou na natação para tratar bronquite asmática, mas se apaixonou pelo esporte e passou praticar em alto rendimento. Há seis meses, Luiz começou a trabalhar com Alexandre Kirilos, atleta e técnico de águas abertas.
Luiz treina no clube Caça e Tiro, em piscinas normais. Seu técnico, que mora em Curitiba, passa planilhas de treinamento e a noite dá o feedback. Eles as vezes se reúnem para treinamento no mar em Barra Velha.
“Aproveitei para fazer o treinamento nas férias, porque não tinha aula de manhã. No tempo que eu tinha aula, eu não dobrava, mas era um treino mais forçado. Mas, durante as férias, fazia de 40 a 50 km por semana”, conta, sobre a preparação para a Travessia do Arvoredo.
O pai de Luiz, Aladin Farias, diz que ele e a família estão muito felizes com o sucesso do filho. “É gratificante, imensurável a alegria que temos”.
Luiz agora tem maiores objetivos, o principal deles o Canal da Mancha, prova que seu técnico já conseguiu completar e que é uma das provas mais famosas e difíceis da categoria de águas abertas.
“Quero fazer o Canal da Mancha, quero fazer, mas ao mesmo tempo, tenho medo. É o ápice, é muito difícil, somente 20% das pessoas consegue completar a travessia. Mundial e Olimpíadas eu quero muito fazer, mas penso ainda mais no Canal da Mancha e outros desafios”, admite.