MP-SC solicita que Prefeitura de Brusque não permita construções a menos de 15 metros de rios
Procedimento foi instaurado após inquérito para apurar os danos ambientais da construção de supermercado no Guarani
Procedimento foi instaurado após inquérito para apurar os danos ambientais da construção de supermercado no Guarani
O Ministério Público de Santa Catarina, por meio da 6ª Promotoria de Justiça de Brusque, enviou recomendação à prefeitura na sexta-feira, 26, para observação do código florestal, que só permite construções a 30 metros do rio, respeitando a Área de Preservação Permanente (APP). Lei municipal de 2015 permite construções a 15 metros do rio, em áreas consolidadas, desde que seja realizado um diagnóstico socioambiental.
A promotoria recomenda que a prefeitura interrompa todos os diagnósticos ambientais para permissão de construções a 15 metros do rio que estão em trâmite através da Fundação Municipal do Meio Ambiente (Fundema), Instituto Brusquense de Planejamento (Ibplan), Secretaria de Obras, etc.
Além disso, sugere que a prefeitura revise atos administrativos, “inclusive com a promoção de embargo e interdição de eventuais obras em andamento”. O prazo para manifestação da prefeitura é de 10 dias.
Um procedimento foi instaurado a partir de um inquérito para apurar os danos ambientais da construção do Supermercado Koch no bairro Guarani. A promotoria, então, solicitou informações aos órgãos municipais e identificou que a Fundema liberou a construção desse empreendimento na margem de 15 metros, com base na lei municipal.
Segundo o documento assinado pelo promotor Leonardo Silveira de Souza, não há no âmbito constitucional a previsão de flexibilização em determinada metragem para a permissão de construções em APPs para fins de moradia ou comercial.
No documento, o promotor destaca que a lei municipal é menos restritiva que a federal. A partir desse posicionamento, ele decidiu expedir a recomendação ao município para que seja observada a legislação federal.
Superintendente da Fundema, Ana Helena Boos informou que os órgãos receberam a notificação na segunda-feira, 29, e que marcaram reunião para esta semana, juntamente com Ibplan e Procuradoria, para tomar uma decisão em relação a isso.
Desde o mês de março, moradores do bairro Guarani se mostraram preocupados com a realização da obra do supermercado.
A Fundema apresentou os laudos à população, e a empresa se comprometeu a realizar um projeto de compensação para diminuir as enchentes da região após reunião entre responsáveis pelo empreendimento, órgãos da prefeitura e comunidade.
Por conta da supressão aparente da vegetação no entorno do rio, o procurador-geral do município, Edson Ristow, solicitou que a obra fosse paralisada, o que não aconteceu. Uma comissão de moradores assinou uma procuração e entrou com uma ação popular pedindo a imediata paralisação da obra e um debate sobre a situação com a empresa.