MP do Trabalho processa Luciano Hang após denúncias de coação a funcionários
Em vídeo, empresário disse que se "a esquerda" ganhar a eleição, poderá fechará lojas e demitirá colaboradores
O Ministério Público do Trabalho (MPT) de Santa Catarina entrou com uma ação judicial contra a rede de lojas Havan e o seu dono, o empresário brusquense Luciano Hang, após ele pedir para os funcionários votarem no candidato à presidência Jair Bolsonaro (PSL). Ele nega veementemente as acusações.
A Procuradoria do Trabalho informa que recebeu mais de 20 denúncias entre esta segunda e terça-feira, relatando que o empresário estaria coagindo os trabalhadores da empresa a votarem em candidato de sua preferência.
As afirmações de Hang se tornaram públicas na segunda-feira, 1, quando um vídeo que foi publicado na rede interna da empresa foi divulgado nas redes sociais. Também na segunda-feira, o brusquense transmitiu em sua página no Facebook uma espécie de ‘ato cívico’ com a presença de todos os funcionários. Neste vídeo, o empresário também pedia votos para o candidato do PSL.
No vídeo que deu origem às denúncias, Hang afirma que se “a esquerda ganhar” as eleições poderá fechar lojas e, consequentemente, demitir funcionários.
“Talvez a Havan não vai abrir mais lojas (sic). E aí se eu não abrir mais lojas ou se nós voltarmos para trás? Você está preparado para sair da Havan? Você está preparado para ganhar a conta da Havan? Você que sonha em ser líder, gerente, e crescer com a Havan, você já imaginou que tudo isso pode acabar no dia 7 de outubro? E que a Havan pode um dia fechar as portas e demitir os 15 mil colaboradores”.
Na visão da Procuradoria, as afirmações de Luciano Hang são uma forma de coação. “Tais atitudes intimidam, constrangem, coagem, admoestam e ameaçam os empregados da empresa ré quanto a suas escolhas políticas, em evidente prejuízo aos seus direitos fundamentais à intimidade, igualdade e liberdade política. E tem especial gravidade considerando a proximidade das eleições presidenciais no próximo domingo”, diz a procuradora Márcia Kamei López Aliaga, autora da ação.
A ação pede que o empresário pare de pedir votos a funcionários, fixe a decisão judicial, caso o pedido seja concedido, em todas as unidades da rede no Brasil. Exige também que o empresário publique a decisão em suas redes sociais.
Se a Justiça decidir em favor do MPF, o empresário poderá continuar manifestando apoio ao candidato, entretanto, sem envolver os funcionários na campanha. O MPT pediu multa de R$ 1 milhão em caso de descumprimento. Caso não divulgue o conteúdo da eventual decisão judicial, o empresário estará sujeito a outra penalidade, de R$ 500 mil e R$ 10 mil por funcionário.
O que diz o empresário
Por meio da assessoria de imprensa, o empresário informa que “tem o direito de expressar a opinião e jamais coagiu colaborador nenhum. Se o país voltar a ser o que era, se voltar a esquerda, os empreendedores não vão voltar a existir no Brasil, vão deixar de gerar empregos. A gente ainda não é uma Venezuela, a gente não quer ser uma Venezuela”.
Ainda de acordo com a assessoria, “a Havan é muito transparente, principalmente o Luciano. Nenhuma empresa no Brasil ou no exterior tem tanto contato com o colaborador como o Luciano tem. A Havan é um exemplo de transparência e democracia. Não tem nada de coação de colaboradores”.