Mudança de comportamento dos homens impulsiona crescimento das barbearias retrô
Os estabelecimentos se reinventaram e hoje oferecem muito mais do que corte de cabelo
As cadeiras antigas de madeira, os quadros retrô na parede e as bebidas servidas dão o tom das barbearias. Ambientes tradicionais há mais de um século em todo o mundo, os estabelecimentos se reinventaram e hoje oferecem muito mais do que um simples corte de cabelo ou uma barba feita: elas ofertam uma experiência baseada nas antigas barbearias, com direito à navalha, toalha quente e até mesmo bebida alcoólica.
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A moda retrô tem conquistado cada vez mais adeptos e isso ajudou o segmento de barbearias. Há cerca de quatro anos, eram poucas as que existiam exclusivamente para barba e cabelo masculino. Hoje, o cenário mudou e proliferam estabelecimentos deste tipo em Brusque.
O proprietário da Barber Shop de Brusque, Eduardo Werner Roselli, avalia que o comportamento dos homens mudou. Antigamente, não era tão comum se preocuparem com a aparência e o corte de cabelo. Hoje, é completamente o oposto. E, de cinco anos para cá, a barba entregou em voga novamente. “Primeiro, foi com a barba rasteira, por causa da TV e dos jogadores”, diz.
Agora, a moda masculina dita que a barba mais volumosa é o que há de mais atual. Os cortes de cabelo também são mais modernos e permitem ousadias que outrora eram impensáveis para os homens. Roselli comenta que as mulheres são grandes responsáveis por esta alteração comportamental. “Elas fazem pressão, incentivam, até ligam para marcar”.
Ele acrescenta que os homens têm um comportamento curioso. São mais resistentes à uma mudança no visual. O proprietário da barbearia conta que muitos dos clientes que fazem a barba viram alvo de chacotas do amigos. “Um mês depois, todos os amigos também estão com barba”, diz.
Pioneiros
A Barber Shop é pioneira em Brusque quando o assunto é barbearia. Surgiu em 1995, baseada nos estabelecimentos deste tipo que existem nos Estados Unidos e na Europa. A decoração é retrô, e as cadeiras, por exemplo, são das décadas de 1940 e 1950. O estilo é antigo até os mínimos detalhes: a fachada é pintada a mão, por exemplo, em vez de ser adesivada.
Roselli assumiu a Barber em junho de 2001 e desde então acompanhou toda a evolução da moda masculina relacionada ao cabelo e barba. O negócio cresceu com a nova onda de clientes impulsionados pela mídia e a cultura da barba. Exemplo disto é que hoje já existem duas unidades da barbearia em Brusque. A segunda completa um ano de funcionamento em breve.
O proprietário buscou vários dos objetos diretamente nos Estados Unidos. Alguns dos produtos usados também são importados. Tudo é feito para que o cliente sinta-se, de fato, em uma barbearia tradicional.
Os serviços também são tradicionais: barba, cabelo e bigode. A Barber Shop não faz colorações e outros trabalhos com química. A ideia é que seja uma barbearia tradicional em todos os pontos. Os produtos usados para os cortes e nas barbas são, na medida do possível, antigos, e até a navalha é usada na hora de raspar os pelos no rosto.
O diferencial do serviço é que são servidas bebidas alcoólicas e há revistas adultas, além da trilha sonora antiga.
Novos no mercado
Várias barbearias começam a pipocar em Brusque na esteira do comportamento do homem moderno. A High Style Barbearia, situada no bairro Azambuja, é um exemplo deste estilo mais moderno-vintage. O proprietário Marcos Natan abriu o estabelecimento há dois anos e meio, quando a onda da barba grande já estava em alta. Segundo ele, o negócio cresce mês a mês.
A proposta da High Style é parecida com a da Barber Shop. O local oferece cerveja, tem um videogame Super Nintendo e uma mesa de sinuca. “Trabalho por ordem de chegada, sem hora marcada, para ser uma barbearia mesmo”, afirma Natan. Ele diz que há alguns clientes que frequentam o local semanalmente, para se arrumar para o fim de semana.
Para todos os públicos
Enquanto as barbearias tradicionais focam os clientes homens adultos, a Taylor Jung mira o público executivo. O estabelecimento faz barba e cabelo, assim como as outras barbearias, entretanto, serve café, não álcool, e também não dispõe de revistas adultas. Segundo o proprietário Alex Jung, o local é “mais família”.
Jung também aposta na decoração para atrair e fidelizar os clientes. Os barbeiros usam um colete e gravata, por exemplo. Como foca em um público mais moderno, a barbearia também usa técnicas como o vapor de ozônio na hora de barbear em vez de toalha quente e da secular navalha.
O proprietário afirma que faz os cortes modernos. “Mas também fazemos os cortes de cabelo tradicionais”, diz Jung. Ele ressalta que a proposta da Taylor Jung é diferente das barbearias em geral.