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Mudança na entrega de correspondências do Correios gera críticas

Estatal está implantando esquema de distribuição em dias alternados, mas garante eficiência

O Sindicato dos Trabalhadores nos Correios de Santa Catarina (Sintect-SC) protesta contra a implantação da Distribuição em Dias Alternados (DDA) no estado. Os sindicalistas alegam que os carteiros já trabalham sobrecarregados e que o DDA vai piorar a situação e colocar os trabalhadores sob risco de demissão.

O DDA é um programa dos Correios que, basicamente, fará com que as entregas de correspondências aconteçam dia sim, dia não. A ideia é que desta forma os carteiros consigam abranger uma área maior, mas com o mesmo pessoal. A iniciativa já está em implantação em alguns municípios catarinenses, mas ainda não chegou a Brusque.

No entanto, o Sintect-SC não enxerga a iniciativa com bons olhos. Samuel de Mattos, dirigente do sindicato, diz que o DDA coloca em risco milhares de servidores. Ele afirma que na unidade de Itapema, no litoral Norte, onde o esquema de dias alternados já funciona, o número de carteiros caiu de 13 para oito.

A redução acontece tanto por aposentadorias quanto por demissões, comenta Mattos. Os Correios estão com um plano de demissão incentivada, sendo que 7 mil ex-funcionários já se utilizaram deste meio para sair dos quadros da empresa nos últimos anos.

“Muitos trabalhadores estão pedindo a conta, muitos outros pedem porque não veem perspectiva nenhuma dentro da empresa. Por que, hoje, para subir na empresa depende de filiação partidária, tem que ser filiado no PT ou no PDT, que assumiu a direção da empresa”.

Para o dirigente, o DDA aliado a este outro programa está fazendo a estatal ser sucateada. “Estamos contra isso”, afirma o sindicalista. Em sua página na internet, o Sintect-SC condena o DDA e afirma: “o sistema será implantado em todas as unidades, ocasionando uma demissão em massa”. A lógica usada pelo sindicato é a seguinte: em vez de treinar novos empregados, os Correios irão simplesmente remanejar o seu pessoal.


“É quase impossível entregar as correspondências no prazo”

De acordo com o dirigente do Sintect-SC, os carteiros sofrem com jornadas de trabalho mais longas, muitos tendo de fazer horas extras por causa da falta de efetivo. “Hoje é quase impossível entregar as correspondências dentro do prazo, e estamos com dificuldades de dialogar com a população para falar que isto não é culpa dos trabalhadores. Muitos estão fazendo horas extras até no sábado e domingo para tentar colocar tudo em dia”, afirma Mattos.

Ele diz que o Sintect-SC recebe muitas relações de servidores que sentem que trabalham demais. Além disso, também recebem denúncias por assédio moral. “Há muitos casos de assédio moral da chefia imediata, que faz muita pressão”.

Na avaliação dos sindicalistas, o esquema de entregas alternadas também irá gerar uma avalanche de reclamações. Mattos diz que hoje é difícil conseguir manter os prazos. “Se você for em uma agência, vai ver que tem um monte de coisas acumuladas”. Com os carteiros passando em dias alternados, as faturas, boletos e correspondências tendem a chegar ainda mais tarde, argumenta o sindicato.

Brusque

Segundo Mattos, a situação nas agências de Brusque também é precária. De acordo com os Correios, hoje, trabalham em Brusque 27 carteiros e sete temporários. Diariamente, eles entregam aproximadamente 16 mil objetos simples, 2,3 mil objetos qualificados, 750 encomendas e 50 malotes. Em 2014, foram 4,3 milhões de cartas entregues.

Correios responde

Por meio de nota, os Correios responderam as alegações do Sintect-SC. “O DDA trata da distribuição diária alternada, mas que leva em consideração o prazo das categorias de objetos e trabalha com especial atenção ao objetos urgentes”, diz.

E continua: “os Correios não trabalham com política de demissão e a nova metodologia que vem sendo implantada, testada e avaliada, busca otimizar os recursos existentes com o fim de melhorar e, em muitos casos, ampliar o processo de entrega”.