Município rural
Até a década de 1980, Botuverá dependia da fumicultura e da extração de madeira
Destes, 474 viviam em área urbana, enquanto que 3.108 ainda estavam na zona rural. Naquela época, Botuverá era essencialmente dependente de dois grandes ramos de atividade: fumicultura e madeireira.
A economia botuveraense era quase totalmente dependente do plantio do fumo. Ademir Luiz Maestri foi prefeito de 1983 a 1988. Ele conta que, à época, cerca de 90% da atividade econômica tinha relação com essa atividade agrícola.
Sérgio Colombi, prefeito entre 1973 e 1978, relata que na década de 1970, portanto poucos anos antes da chegada do maquinário industrial, havia, em Botuverá, aproximadamente 1,3 mil estufas de fumo. O número era expressivo pelo tamanho da cidade.
Com o plantio de fumo, a economia funcionava bastante diferente de hoje em dia. Os agricultores geralmente colocavam a própria família na labuta. A geração de emprego era baixa e as perspectivas de aumento de renda ainda menores.
A falta de uma população economicamente ativa refletia-se no comércio local. Colombi lembra que, nesta época, as famílias compravam na caderneta para pagar na próxima safra.
As pessoas tinham de se programar para fazer o pagamento da colheita render 12 meses ou quase isso. A injeção de dinheiro nos comércios era pequena e quase que estritamente anual.
Quando o clima não ajudava ou o mercado do fumo não pagava bem, a economia era fortemente impactada. “Às vezes, não sobrava para pagar a conta na venda, como se dizia, porque a safra variava por causa do clima e do preço que a fumageira pagava”, afirma Colombi.
O então prefeito Ademir Maestri fazia como podia para tentar manter o município andando. A prefeitura ajudava os agricultores com máquinas, estradas e tubulação.
O outro ramo de atividade econômica da época mais relevante era composto pelas madeireiras. Havia três principais: Dalcegio, Assini e Pavesi.
A extração de madeira e a fumicultura davam emprego a alguns moradores, mas não conseguiam fazer a cidade crescer. Era pouco para gerar impostos e riquezas à prefeitura, que então converteria o valor em melhorias, obras e incentivos.
Jovem, pois o município havia se emancipado de Brusque em 1962, Botuverá ainda era muito dependente da cidade-mãe. Boa parte dos agricultores se deslocava para fazer compras regularmente.
O caminho entre Brusque e Botuverá era uma metáfora do que estava por vir. Era longo, cerca de 30 quilômetros, e tortuoso, assim como seriam as décadas adiante para a recém-criada indústria têxtil. Hoje, a rodovia tem 10 km a menos devido ao traçado.
Além de ser codependente de Brusque e ter uma economia pequena, Botuverá enfrentou outros obstáculos. “Teve duas enchentes que acabaram com o município”, comenta Maestri.
As enchentes de 1983 e 1984 atingiram boa parte do estado e fizeram muitas vítimas. Em Botuverá, o estrago foi grande na infraestrutura.
Sem recursos e com uma cidade abalada por duas enchentes, o prefeito Ademir Maestri comenta que já vislumbrava que a saída para o município seria se voltar para a indústria. Entre os moradores, muitos já falavam da necessidade de levar uma fábrica para a cidade.
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