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Municípios da região mapeiam áreas de risco para febre amarela

Brusque, Guabiruba, Botuverá e São João Batista trabalham em plano de enfrentamento da doença

As secretarias de Saúde dos municípios de Brusque, Guabiruba, Botuverá e São João Batista trabalham desde o início do mês no Plano de Ação de Enfrentamento da Febre Amarela, da Secretaria de Estado da Saúde (SES).

A ideia é criar um diagnóstico com o mapeamento das pessoas que ainda não foram vacinadas contra febre amarela e locais com a ocorrência de morte ou adoecimento de macacos – um indicativo da presença da doença.

A princípio, durante este mês, os municípios focaram em locais de risco, que são próximo às matas. O objetivo, segundo informação da SES, é acompanhar a circulação do vírus pelo estado, antes do período de maior incidência da doença, que ocorre de dezembro a maio.

Em Brusque, o trabalho de pesquisa está sendo executado de casa em casa, e tem previsão para digitar os resultados até meados de outubro, de acordo com a enfermeira da Vigilância Vpidemiológica de Brusque, Natália Cabral Marchi.

Ela explica que o cronograma do estado indicava a entrega dos resultados até dia 7, no entanto, a plataforma está tendo muito mais acessos do que o estado previa.

“Está travando, então vai prorrogar. Isso é positivo, pois as pessoas estão realmente fazendo o questionário, estão alimentando o sistema com mais informações”, conta.

Na cidade, são cerca de 140 profissionais neste trabalho, entre agentes comunitários de saúde e agentes de endemia, que atuam separadamente espalhados em todos os bairros do município.

Natália explica que a ordem era atuar principalmente nas áreas de risco, mas em Brusque optou-se por fazer em todo o município. “Agora é uma força tarefa, porque se você olhar Brusque por cima, por todo lugar tem mato, e as áreas de risco são as bordas de mata”, explica.

Natália avalia que o plano é de extrema importância para ter a informação concreta sobre a situação do município, em relação à doença. Atualmente, os dados da cidade são baseados no número de vacinas aplicadas.

“Temos um movimento migratório muito grande, então a cobertura vai além do número de vacinações feitas no município, pois não mapeia as pessoas que já vieram vacinadas”, destaca.

Para quem ainda não foi vacinado, a indicação é procurar pela vacina, na unidade básica de saúde mais próxima. Caso lá não tenha doses da vacina, o usuário será direcionado até outra unidade para a aplicação.

A pessoa deverá ter em mãos documentos e a carteira de vacinação. Qualquer pessoa, entre nove meses e 59 anos, está apta a ser vacinada. Gestantes, portadores de doenças crônicas e idosos acima de 60 anos, só poderão tomar a vacina mediante liberação médica. Alérgicos a ovo também estão proibidos de se imunizar.

Mapeamento ocorre na região

Após determinação da Diretoria de Vigilância Epidemiológica do Estado de Santa Catarina, as cidades de Guabiruba, Botuverá e São João Batista também se mobilizaram para aplicar o plano de enfrentamento.

Guabiruba

Segundo a secretária municipal de Saúde de Guabiruba, Patrícia Heiderscheidt, as visitas nas casas para aplicação de questionário podem ocorrer até o dia 7.

Patrícia explica que, além de aplicar o formulário para Diagnóstico Situacional da Febre Amarela nas residências, o trabalho também inclui repassar orientações à população com abordagem sobre a doença e o papel dos macacos como sentinelas.

Em Guabiruba, o plano se concentra nos bairros Pomerânia, São Pedro, Lageado, Aymoré e Planície Alta. A intenção, segundo a secretária, é que mais para frente se faça a pesquisa e visitação em toda Guabiruba. Mesmo que ainda não tenha nenhum caso de febre amarela no município e, também, nenhum registro de macaco morto.

“As ações de prevenção tem que ser tomadas, as vacinas estão disponíveis, e temos que conscientizar as pessoas para tomarem a vacina, além de informá-las”, ressalta.

No município, a vacinação ocorre na Policlínica, na rua 10 de Junho, 195, no Centro, das 7h às 18h. Mais informações pelo telefone (47) 3308-3101.

Botuverá

De acordo com a enfermeira da Vigilância Epidemiologia do município, Leila Eyng, a estratégia adotada foi outra, por causa da configuração de Botuverá, que tem área territorial extensa e baixo número populacional.

Ela explica que o município inteiro é borda de mata, ou seja, trata-se de áreas de risco para a doença. O mapeamento, então, foi feito pela Estratégia da Saúde da Família, pois cada uma das três unidades tem o mapa da sua região.

Botuverá também não fez visitação de casa em casa, por ter equipe reduzida, portanto alguns questionários foram feitos nas unidades de saúde.

Ainda de acordo com Leila, a procura pela vacina no município é baixa. Com um pouco mais de 5 mil habitantes, em torno de 1,3 mil ainda não se vacinaram.

“É uma região que nunca teve a doença, as pessoas acabam achando que não é importante. Só quando acontece um caso, em qualquer doença, como a Influenza, aí procuram mais”, explica.

Mas para quem tem interesse de vacinar, deve procurar uma das três unidades de saúde na quinta-feira, dia de vacinação.

São João Batista

A diretora de Vigilância em Saúde, Aline Paulista, explica que em São João Batista foi feita uma varredura, em residências localizadas nas bordas de matas, antes mesmo do plano ser emitido pelo estado.

Nas ocasiões, foi feita a aplicação de vacina. Agora, revisitam as residências para complementar a varredura com o cadastro de informações sobre as áreas de risco.

Os locais que já foram englobados no plano são Arataca, Tijipió, Macaco Branco, Canudos, Águas Frias e Timbezinho. Ainda faltam outras áreas, como Krequer, Ribanceira do Sul e Carmelo.

“É importante, porque a febre amarela está chegando, descendo pela Mata Atlântica. Em São Paulo, aí Paraná, e agora dois óbitos em Santa Catarina. A tendência que venha neste verão”, alerta.

Além disso, Aline conta que o município promoveu visitas em grandes empresas da cidade, desde abril, para a vacinação. E nos sábados, estendeu horário à noite. “Vacinação é a única forma de se prevenir do mosquito”, complementa.

Ela antecipa uma ação que ocorrerá no sábado, 19 de outubro, durante o dia inteiro, uma multivacinação. Será outra oportunidade para a comunidade colocar a carteira em dia, com enfoque na vacinação contra o sarampo e febre amarela.

Febre amarela no estado

Segundo a Secretaria de Estado da Saúde, Santa Catarina já registrou duas mortes por conta da doença, neste ano. A primeira foi em 28 de março, com o óbito de um homem de 36 anos, da localidade de Pirabeiraba, em Joinville. Ele não tinha registro de vacina no Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (Sipni).

A segunda foi registrada no final de junho, quando um homem de 40 anos, residente de Itaiópolis, também no Norte do Estado e sem registro de vacina, morreu com a doença.

A febre amarela é transmitida pela picada dos mosquitos específicos Aedes aegypti ou Aedes albopictus. Ela atinge os seres humanos e os macacos, que também são vítimas.

Neste caso, os macacos não transmitem a febre amarela, mas são uma forma de identificar a doença, pois são os primeiros a morrerem em uma área afetada.

A indicação é que todas as pessoas que encontrarem macacos mortos ou doentes devem informar a Vigilância Epidemiológica ou Secretaria Municipal da Saúde em até 24 horas, ou qualquer área de vigilância epidemiológica da cidade.