Música como terapia: Secretaria da Saúde adota visita musical para pacientes acamados em Brusque
Quarenta pacientes já receberam a visita, que acontece duas vezes por mês
Quarenta pacientes já receberam a visita, que acontece duas vezes por mês
Desde outubro do ano passado, a música faz parte do Serviço de Assistência Domiciliar da Secretaria de Saúde de Brusque, com o projeto “Sussria”.
Duas vezes por mês, a visita para os pacientes acamados do Sistema Único de Saúde (SUS) é feita com música. A ideia de implantar a musicoterapia no Serviço de Assistência Domiciliar surgiu após a visita a um paciente que sofria com problemas de visão e não conseguia mais ler a Bíblia.
“Ele tinha muita necessidade de ler a Bíblia e então durante as visitas, começamos a cantar alguns louvores. Depois disso, percebemos que ele melhorou muito, principalmente a questão social”, conta o coordenador do serviço, Cristian Haag.
A partir desta visita, a equipe se reuniu e decidiu tornar a música um elemento do serviço oferecido aos pacientes. Formada por médico, enfermeiros, técnicos de enfermagem, fisioterapeutas, nutricionistas, fonoaudióloga, psicóloga, assistente social, motorista e coordenador, a equipe se reveza para levar um pouco de alegria e descontração para as pessoas acamadas que estão passando por um momento difícil da vida.
“Ninguém é cantor, também não temos muito tempo para ensaiar, pois não podemos parar o trabalho, mas fazemos o nosso melhor, dentro das possibilidades. Tem dado muito certo, os pacientes têm gostado muito”, destaca.
Atualmente, o Serviço de Assistência Domiciliar de Brusque tem cadastrados 172 pacientes, que estão acamados e que por isso, não conseguem chegar até os serviços de saúde, por isso, são atendidos em casa. Destes, 40 pacientes já receberam a visita musical da equipe.
A cada visita, quatro famílias são atendidas pela equipe, que apresenta um repertório com músicas que são especiais ou fizeram parte da vida do paciente. Cada visita leva cerca de 1h30.
Uma semana antes, a equipe entra em contato com a família do paciente, para saber um pouco mais sobre ele e, principalmente, sobre as músicas que ele gosta de ouvir.
“Fazemos uma espécie de entrevista com a família, para que esse momento com o paciente seja prazeroso. No caso de pacientes com Alzheimer, por exemplo, quando toca uma música que marcou um período da vida, como a adolescência, eles relembram e cantam junto, então acaba fazendo muito bem”, explica Cristian.
Um dia antes da visita programada, a equipe entra em contato novamente com a família para saber se está tudo bem com o paciente. “Como são pessoas que estão com problemas de saúde, sempre nos certificamos de que está tudo bem, se a visita não vai gerar algum incômodo. Só fazemos a visita musical com a autorização da família”.
O repertório, de acordo com ele, é sempre um desafio. “Muitas músicas que os pacientes pedem não são da nossa realidade, são de cantores antigos, louvores, e então precisamos pesquisar e aprender rapidamente. Imprimimos a letra e também entregamos para que os familiares possam cantar também”.
A fonoaudióloga do projeto, Kellyn Aparecida Pedroso, destaca o uso da música na qualidade de vida dos pacientes. “Pela música é possível acessar memórias e reorganizar pensamentos. As canções localizam o paciente no tempo e no espaço e, conversar sobre elas pode provocar um resgate gratificante de momentos e fatos da vida”, comenta.
“A equipe percebe que nos dias das atividades musicais, ocorrem maior movimentação e motivação familiar, demonstradas na organização e cuidados pessoais dos pacientes, tendo em vista que vestem a melhor roupa, se maquiam, colocam perfumes, e se comportam tal qual um dia festivo”, completa a psicóloga do projeto, Francyne das Neves.
Para o coordenador do Serviço de Assistência Domiciliar, o principal objetivo do projeto, que é proporcionar um dia diferente para os pacientes e cuidadores, está sendo cumprido.
“Geralmente, as nossas visitas são só para falar de doença. Essa visita é totalmente diferente, é para levar alegria, música, resgatar a interação social dos pacientes, fora os estímulos que eles têm com a música”.