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Nadador brusquense que superou grave doença na infância conquista medalha inédita para Santa Catarina

Nadador superou a leucemia na infância e hoje coleciona medalhas

O nadador brusquense Vinicius Pedrini Paoli, de 17 anos, ajudou Santa Catarina a conquistar uma medalha inédita. Convocado no início do mês para a Seleção Catarinense de Natação, somou pontos em suas provas que ajudaram a delegação a sagrar-se vice-campeã da 14ª edição do Campeonato Brasileiro Inter Federativo Júnior de Natação. Esse foi o melhor resultado do Estado na história da competição. O evento foi realizado no último fim de semana, em Anápolis, Goiás.

Paoli destacou-se na prova em que é especialista, o nado costas. Na disputa dos 100 metros, conquistou o segundo lugar, perdendo apenas para o paulista Guilherme Dias Massê. Já no desafio reduzido em espaço, o 50 metros costas, Paoli ficou na terceira posição, atrás novamente de Massê e de outro paulista, Giovanny Neves Lima. A delegação de São Paulo sagrou-se campeã geral.

O brusquense defendeu Santa Catarina em mais quatro provas. Ficou na quarta colocação nos 50 e 100 metros livre. Participou também de dois revezamentos, 4 x 50 livres e 4 x 50 medley, sendo que os quartetos catarinenses conquistaram o segundo lugar em ambas as provas.

Desempenho

Os números na competição provam que a intensidade de treinos realizados pelo atleta foram eficazes. Paoli, que é nadador da Associação Brusquense de Incentivadores da Natação (Abain)/Extreme Academia, baixou todos os seus tempos em competições oficiais no Inter Federativo.
O atleta chegou à Seleção Catarinense após bons resultados nas competições estaduais que fizeram com que ele garantisse sua presença em Anápolis através do ranqueamento Estadual. Segundo ele, a competição proporcionou, sobretudo, boas lembranças e experiência. “Foi, sem dúvidas, a melhor competição que participei. Alguns atletas que normalmente são meus adversários nas piscinas eram agora companheiros. O espírito de equipe foi forte”, diz.

Quebrando barreiras

A vida do nadador brusquense sempre foi marcada pela superação. Quando criança, Paoli precisou conviver com a leucemia. O câncer no sangue o impediu de ter uma infância comum, com as brincadeiras do lado de fora do portão. Com a baixa imunidade que acompanha a doença, seus pais evitavam que entrasse em contato com intempéries ou bactérias que pudessem prejudicá-lo. Dos dois aos quatro anos, o nadador raramente saia de casa.

Conforme tratava e controlava a doença com quimioterapia, Paoli pôde, aos poucos, deixar o conforto do lar e conhecer o mundo. Caminhava de maneira desengonçada, devido à fraqueza que a leucemia ocasionava. Após dois anos e oito meses de tratamento quimioterápico, a doença recuou. Mesmo assim, o brusquense precisou continuar o tratamento por mais 10 anos. O objetivo era controlar uma possível reação das células leucêmicas. O ano passado foi o último ao qual o atleta precisou visitar o médico para observação.
Início nas piscinas

O gosto de Paoli pelas águas veio aos 11 anos com a intenção de praticar uma atividade esportiva. Assim que ‘pegou o jeito’ da natação, o atleta passou a se interessar por competições da modalidade. Com 13 anos, entrou na Abain e conheceu o técnico ao qual hoje dedica seus títulos. José Armando Vasquez Soto, o Bay, segundo ele, é um dos seus principais incentivadores. “Ele motiva muito não só a mim, como todos os atletas da Abain”, diz Paoli.

Com o incentivo de Bay e a força de vontade que aprendeu a ter desde cedo, o nadador hoje coleciona medalhas. São ouros, bronzes e pratas conquistadas em competições estaduais e nacionais. Somente nos Joguinhos Abertos de Santa Catarina deste ano foram cinco.
Rotina intensa

Para treinar diariamente, Paoli tem uma rotina intensa. Ele concilia as atividades na piscina e na academia. Os treinos ocupam dois turnos. Em meio a isso, se dedica ainda ao curso de inglês e às aulas do ‘Terceirão’ no Colégio Energia. A instituição é uma das apoiadoras do nadador por meio de uma bolsa atleta que ajuda Paoli a custear parte dos seus gastos com treinos e competições. O nadador conta ainda com o apoio da Academia Extreme, onde treina, além da empresa ‘Irmãos Hort’ e da Fundação Municipal de Esportes.

Falta estrutura
Um dos membros da Abain, Marcial Pavesi, enalteceu a conquista de Paoli, principalmente se comparadas as condições de treino do atleta com as dos campeões paulistas. “Lá eles contam com nutricionistas, psicólogos, um treinador para cada tipo de prova. Aqui, nós não temos o mesmo tipo de estrutura. O Bay treina todos os atletas da associação”, explica Pavesi. Para ele, que já foi vice-presidente da Abain, ainda falta incentivo para que os atletas possam render mais.