Pe. Adilson José Colombi

Professor e doutor em Filosofia - [email protected]

Não é o governo que corrompe

Pe. Adilson José Colombi

Professor e doutor em Filosofia - [email protected]

Não é o governo que corrompe

Pe. Adilson José Colombi

O governo, em si, não é corrupto nem corrompe. Nenhum plano ou projeto de governo ostenta esta “política”: “Sou a favor da corrupção e promovo a corrupção”. São as pessoas que compõem o governo. Ou, dito de outra forma, são aquelas que nós, eleitores, colocamos lá para nos governar, em todos os setores do exercício do poder público. Por isso, a meu ver, o caminho mais fácil e oportuno para uma renovação da política e do estilo de governar passa pelo voto consciente e livre de imposições e pressões. Não importam quais sejam. Para isso, porém, são necessários candidatos idôneos, íntegros, confiáveis e eleitores capazes de discernir quais são mais adequados, independentes de ideologias, de servir ao Estado e à Nação na construção do bem comum de todos os cidadãos (ãs), sem exceção. Além de Partidos Políticos que tenham consistência democrática e oferecem um modelo de Estado e de Nação a construir.

Há uma carência enorme de líderes que, de fato, tenham capacidade de servir ao povo, com espírito democrático e sem interesse primeiro em sua pessoa, família, partido político, grupo econômico… Mas, que coloquem o bem comum de todos, sem exceção, como prioridade de sua atuação política. Infelizmente, muitos que teriam essa possibilidade e capacidades se omitem. E, como não há espaço vazio, em política, “alguém” menos capacitado e “com outro espírito” toma posse. É, dessa maneira, que a nossa política está na situação que se encontra no momento.

Por outro lado, porém, aqueles que querem se aproveitar da “coisa pública” e, sobretudo, do nosso suado dinheiro público jamais se omitem. Estes estão sempre aí, à espreita de mais uma oportunidade de apoderar-se de mais um “bocado” do bolo público, partilhado por corruptos. Assim, torna-se bastante difícil uma renovação do nosso modo de fazer política e de administrar as várias instâncias de poder de nosso governo. Além do mais, as atuais leis anticorrupção, embora tenham evoluído, mas ainda não conseguem, de fato, sanar a grande sangria do nosso dinheiro público, que desaparece pelos criativos “ralos” da corrupção, em todas as instâncias do poder público. Em certos momentos, a legislação e os que dela zelam até dão a impressão que há um incentivo a esse tipo de procedimento no trato da “coisa pública”. Como acontece com algumas decisões da nossa justiça, em geral, e da justiça política.

Por tudo o que se soube até agora a respeito do Mensalão e do Petrolão (certamente tem muito mais do que apareceu!) e de outras fontes, a corrupção é uma realidade quase onipresente em todas as esferas do poder público. Por que será? Uma resposta bem simples é: “é porque tem brecha para roubar, tem portas para a corrupção”. Basta observar: onde aconteceram os maiores desfalques do dinheiro público? Não é muito difícil de constatar: nas Estatais (Petrobras, BNDS, Correios, etc.). São aquelas empresas que o Estado gerencia ou deveria gerenciar. E, em nossa realidade, as Estatais não são poucas. Diminuir a presença do Estado, nesse setor, certamente também contribuiria e muito para sanar ou estancar, em grande parte, a escalada da corrupção, em nosso aparato político.

Não é, portanto, o governo em si que é corrupto ou corrompe, mas as pessoas que compõem o governo que se aproveitam da mínima possibilidade de roubar ou de corromper para instalar esse estilo de governo corrupto e corruptor. A lógica bem simples é diminuir ao máximo as possibilidade, as “portas”, os “canais”, os “ralos” por onde “passa, escorre” o nosso suado e extorquido dinheiro público. A corrupção muda o rumo desse dinheiro: do endereço do bem comum para o endereço do bem particular.

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