Não foi o primeiro e nem será o último
Altissonante se ouviu: “um dos maiores meteoritos do Brasil, uma coleção de História Natural sem par na América Latina. Fósseis de dinossauros, múmias trazidas do Egito por D. Pedro II. Luzia! O esqueleto humano mais antigo já encontrado nas Américas. Mais de 20 milhões de itens. Tudo isso no Palácio Real que fica num parque que é e foi quintal de toda criança suburbana, a Quinta da Boa Vista. Um dos maiores museus do Brasil. É da UFRJ, é do Rio e é nosso. E está pegando fogo. Não foi sem aviso”.
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Em 10 anos, pelos menos 8 prédios riquíssimos em estudos científicos, objetos históricos, registros de línguas e obras de arte foram consumidos pelo fogo no Brasil. Tivemos em 2008 o incêndio do Teatro Cultura Artística, em 2010 o Instituto Butantan, o Memorial da América Latina em 2013, seguido no mesmo ano pelo Museu de Ciências Naturais da PUC, em 2014 o Centro Cultural Liceu de Artes e Ofícios e no ano seguinte foi a vez do Museu de Língua Portuguesa arder em sua própria língua. Antecedendo a catástrofe desta semana, em 2017 a Cinemateca Brasileira. Todos em São Paulo, com exceção do Museu de Ciências Naturais que ficava em Minas Gerais.
Isto contabilizando apenas os grandes centros, museus e institutos, sem mencionar incêndios como o da Biblioteca Municipal do Maranhão, que também ocorreu nesta semana. E, embora ainda nos causa espanto, fatos como este são mais corriqueiros do que possamos imaginar aqui no Brasil.
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Poderíamos definir como: tragédias anunciadas, em sua maioria. Principalmente pelas mazelas na infraestrutura ou o descaso das autoridades no repasse de verbas. Estes espaços eram esqueletos obsoletos e esquecidos por muitos. Que ainda ficavam de pé, sabe-se lá devido ao que. No caso do Museu Nacional do Rio de Janeiro, fala-se em problemas de manutenção, anunciadas desde o ano de 2004.
Essa imagem retrata a verdade mais desoladora: o que o brasileiro não salvar com suas próprias mãos, não será salvo. É uma dura lição, que vem sendo aprendida à fogo em nossa nação. Em meio a uma centelha de irresponsabilidades.
Como nos lembrou o professor Deonísio “Luzia, resistiu a tudo por 13.000 anos. Até dois de setembro de 2018”.
Nossa memória queima, lentamente, em horário eleitoral.
Méroli Habitzreuter – escritora, pintora e ativista cultural