Não somos a Venezuela
Quando a presidente Dilma foi reeleita, minha preocupação era menos com a crise econômica que estava por vir, e muito mais com o aparelhamento do Estado nas mãos de quem estava interessado em nos alinhar com as ditaduras socialistas. Eis que a presidente editou o famigerado decreto que instituía os tais conselhos populares na administração pública, seguindo o modelo dos “sovietes” da Rússia, que felizmente foi derrubado pelo Congresso Nacional. Como já denunciei em outros textos, o trabalho sempre foi feito em várias frentes, incluindo a militarização do MST – um grupo de baderneiros profissionais disfarçados de trabalhadores sem terra – e a onipresente ideologização na Educação, cujo requinte mais explícito é essa asneira astronômica denominada “ideologia de gênero”. O cenário estava desenhado para uma perpetuação petista no poder e o desmantelamento do nosso sistema liberal democrático.
Mas, felizmente, estamos respirando. E se existe algo a ser comemorado nessa crise avassaladora, é o desmascaramento dessa trupe, do seu discurso democrático mentiroso, de seu irremediável desvio de caráter, que faz com que a corrupção dos últimos 12 anos esmaeça séculos de corrupção crônica no Brasil. A crassa incompetência do governo na gestão do país, sua irresponsabilidade e descaso para com o Estado de Direito, tudo isso está mais que em evidência, enquanto, durante a campanha eleitoral de 2014, tudo era desmentido e jogado numa nuvem idílica, na qual os marqueteiros construíam as peças fantasiosas que iam para a propaganda eleitoral.
Apareceu o Sérgio Moro e nos deu esperanças, com a prisão em sequência dos membros da máfia e o escancaramento das ações de corrupção.
Mas, apesar de tudo isso, parece que sempre paira no ar a possibilidade de que o governo se safe, que vire o jogo com mais mentiras e marketing e nós sejamos feitos de bobos de novo. O fisiologismo e o “rabo preso” dos políticos, especialmente dos caciques do PMDB, nos deixam nessa indefinição.
Precisávamos de uma demonstração firme de que nossas instituições ainda funcionam, que ainda não viramos a Venezuela. Isso nos foi proporcionado na semana passada. Primeiro, o Ministro Luiz Fux, do STF, recusou mandado de segurança impetrado pelo governo, que pretendia afastar o relator das contas no TCU e impedir sua votação. Depois, um sonoro 9 X O na votação do Tribunal de Contas. E ainda o TSE acatou ação contra a campanha de 2014. Ufa, parece que ainda dá pra contar com o judiciário. Até a OAB nacional (pasmem!) resolveu se mexer, após uma vergonhosa omissão nesses meses todos, em que a sociedade vem se mobilizando contra essa venezualização. A semana começa com mais esperanças. Aguardemos os próximos lances.