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Narração do gol da Juazeirense contra o Brusque teve reações diversas na Bahia

Gerente de Comunicação e Marketing narrou partida e relata repercussão positiva entre quadricolores; o mesmo não ocorreu em Juazeiro (BA)

Aos 24 minutos do primeiro tempo da partida entre Juazeirense (BA) e Brusque, no estádio Adauto Moraes (BA), o lateral-esquerdo Cesinha acertou uma bomba de fora da área e marcou o golaço que deu a vantagem do Cancão de Fogo nas quartas de final da Série D do Campeonato Brasileiro. A partida teve transmissão pela TV Bruscão, um dos canais oficiais de comunicação do clube, por meio da plataforma de streaming MyCujoo.

O belo gol foi narrado de forma no mínimo não tradicional. O gerente de Comunicação e Marketing do clube, Sandro Ortiz, narrou:

“Segue o jogo, bateu… É o gol, c******”, seguido de um desanimado grito de gol. “Tá lá… Meu Deus do Céu, gol da Juazeirense”, completa. A partida era acompanhada por milhares de pessoas, e o gol foi compartilhado nos perfis oficiais da Juazeirense e da TV Bruscão.

 

As opiniões na torcida do Cancão foram divididas: alguns apreciaram a surpresa e o sofrimento do narrador. Outros não gostaram, e consideraram um desrespeito enorme com seu time de coração, levando em conta a grande quantidade de torcedores adversários do Brusque que acompanhavam a transmissão ao vivo.

O presidente da Juazeirense, Roberto Carlos, reprovou a narração. “Acho que acima de tudo quem narrou é um profissional, ele foi contratado pelo clube por ser um profissional, e poderia ter feito o trabalho de forma diferente. É um canal do clube, mas poderia considerar que muitos torcedores da Juazeirense acompanhavam o jogo por ali. Não precisaria ter narrado com empolgação, claro, mas acho que deveria ter se portado melhor.”

O técnico em segurança do trabalho e estudante de direito Alex Rodrigues Dias, de 30 anos, é natural de Juazeiro (BA), mas mora em São José, na Grande Florianópolis. Ele pretende vir a Brusque para apoiar o Cancão no Augusto Bauer, e também não curtiu a narração.

“Ouvi apenas os segundos da narração, e não gostei. Acredito que seja natural de todotodo profissional local defender o clube e tentar menosprezar o outro, isto é típico no Brasil. Por exemplo, a imprensa de Salvador exalta os times da capital quando vão jogar em Juazeiro. O Brusque é um bom time, mas pelo que vi o narrador acaba influenciando bastante para a imagem do clube.”

Ortiz, por sua vez, aprovou a repercussão que teve o episódio. “Nosso projeto ficou em evidência. A TV Bruscão é um projeto sem remuneração, de comunicação com o torcedor do Brusque. Claro que todos os outros clubes podem acompanhar, mas nem por isso eu tenho que ser imparcial. É muito mais exaltar o Brusque do que desrespeitar o adversário”, comenta.

O gerente de Comunicação e Marketing do Brusque, contratado pelo clube para trabalhar nesta função, cobria de forma improvisada a ausência do narrador Fabrício Wippel. “Sobrou pra mim, sou torcedor roxo do Brusque, e a transmissão tava uma m****. Travando, travando, delay grande, aquilo começou a me irritar. Quando o cara deu o chute, a imagem travou bem na hora. E aquilo ali me revoltou. Quando voltou o lance, vi uma galera correndo. Aí aconteceu”, explica.

Apesar de entender a indignação por parte da Juazeirense e de outras torcidas, Ortiz não se importa. “Nosso trabalho não foca em audiência, foca no torcedor do Brusque. E a receptividade aqui foi muito boa. O pessoal do MyCujoo tem elogiado nosso trabalho, os maiores índices de audiência ali são nossos.”