Natação: Matheus Rheine retorna a Brusque, muda rotina de treinos e mira Tóquio 2021

Paratleta morou em São Paulo nos últimos dois anos, treinando no Centro de Treinamento Paralímpico Brasileiro

Natação: Matheus Rheine retorna a Brusque, muda rotina de treinos e mira Tóquio 2021

Paratleta morou em São Paulo nos últimos dois anos, treinando no Centro de Treinamento Paralímpico Brasileiro

O nadador Matheus Rheine está de volta a Brusque, com nova rotina e novo técnico, mirando as Paralimpíadas de Tóquio em 2021. Realizando seus treinamentos na Viva Academia, o brusquense tem aproveitado o período sem competições da pandemia para aprimorar sua técnica para estar pronto quando puder cair na água para lutar por um índice que lhe permita classificação.

Rheine, que atua na categoria S11 (atletas cegos), esteve em São Paulo nos últimos dois anos, trabalhando no Centro de Treinamento (CT) Paralímpico Brasileiro. O período foi também para se dedicar à recuperação de cirurgias nos dois ombros, que foram necessárias após lesões causadas por aquecimentos que não eram específicos para as atividades.

“O CT fechou em 15 de março, e no dia 16 eu já estava voltando. Passei a treinar em casa, comprei uma cama elástica, com equipamentos também. O objetivo era não engordar, era manter o peso, e isso auxilia na recuperação dos ombros. Em março, quando o clima ainda permitia, eu fazia alguns trabalhos na piscina de casa. Foi um treino com alguns improvisos, mas o objetivo foi alcançado”, comenta.

Os treinos em piscina voltaram a ser feitos de fato em maio, e em junho, com a reabertura da Viva Academia, o brusquense teve a estrutura necessária, com acesso liberado, para poder trabalhar sem preocupações. “A Viva oferece a academia em tempo integral, isso é de extrema importância, ter um espaço à disposição. Tive total apoio de todos desde o começo.”

Mudança de técnico

Recebendo os treinos do técnico Felipe Silva, direto de São Paulo, a execução ficava por conta de Matheus Diegoli, na Viva. No entanto, com dificuldades nas adaptações dos treinos, Rheine decidiu fazer a mudança em agosto. Hoje, Diegoli é seu técnico para os trabalhos de piscina, elaborando treinos mais adequados à realidade e à estrutura na pandemia.

“Conversei para que os treinos fossem montados aqui mesmo. O contrato do meu aluguel em São Bernardo do Campo (SP) venceria agora em julho, e estou sempre junto da esposa. Para ficar na casa de alguém por lá hospedado, não seria bom. Então tomei a decisão e conversei com o Felipe, que era meu técnico desde 2018.”

O brusquense deixa claro o excelente relacionamento que tem com os profissionais com os quais trabalhou em São Paulo. “O CT tem estrutura de muitos profissionais, que dão ótimo suporte a todos os atletas. Mantenho um contato bem próximo com todos, deixando o pessoal a par de tudo. A gente quer sempre o bem de todo mundo, e vamos estar próximos durante as avaliações e as competições.”

Refinando a técnica

Um objetivo durante a falta de competições está no aperfeiçoamento da técnica do nado. “O técnico fazendo este treino individual trouxe um progresso muito bom. A ideia é sempre buscar a posição ideal de nado, com uma boa técnica para memorizar”, explica.

Em séries nas quais precisa nadar mais de 200 metros, é comum que não se consiga manter a mesma posição. Portanto, Rheine dedica o tempo extra causado pelo contratempo da pandemia a corrigir pequenos vícios, com treinos mais específicos e detalhados.

“Não tivemos competições em 2020 ainda. Houve algumas tomadas de tempo, mas nada oficial. Meu maior destaque nestas tomadas foi 27s50, meu melhor tempo nos 50 metros.”

A prova preferida de Rheine é os 100m livre individual, prova que não consta no quadro da classe S11 paralímpica. Assim, ele espera conseguir participar da prova com revezamento. O objetivo principal é a classificação para os 400m livre, mas também há uma mira nos 50m, que são provas disputadas pelo paratleta desde o início da carreira.

“Já nadei outros estilos, como costas e no Parapan 2019, nadei borboleta. Mas não me sinto confortável, não treino muito, e sem o treino, posso causar lesões”, explica.

Paralimpíada

Tóquio 2021 seria a terceira Paralimpíada consecutiva de Matheus Rheine. O brusquense disputou os 400 metros livre em Londres 2012, ficando na sexta posição na final. No Rio de Janeiro, em 2016, disputou a mesma prova e faturou o bronze.

Rheine ainda não sabe ao certo como se dará o processo classificatório, mas acredita que sejam feitas duas competições nacionais, com requisitos altos. Em 2020, não houve nenhuma competição até o momento, e o brusquense relata que há remota possibilidade cogitada para que seja feita uma em novembro, no CT.

Os Jogos Paralímpicos de Tóquio 2021 têm data de início previsto em 24 de agosto, com encerramento em 5 de setembro.

Pandemia e finanças

Na crise econômica gerada pela pandemia, Matheus Rheine é grato por não ter sofrido grandes impactos. A única redução de receita foi a de um patrocínio, que o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) repassa aos profissionais. O patrocínio da Havan, que conseguiu ainda nos primeiros anos de carreira, segue mantido.

“Sempre ficamos à mercê da renovação do Bolsa-Atleta, que premia com base nos desempenhos obtidos. As renovações sempre são um questionamento, porque nunca são datas exatas. São questões que envolvem o governo federal, mas no ano passado foi muito tranquilo, espero que seja renovada também neste ano.”

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