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Natalidade: Prá Dizer À Deus

Hoje estou preparada. Estou pronta para te dizer a-Deus. Depois de dez anos já estais em minha carne. Já engradeces meu espírito. Encantas minha mente. Tudo que sou tem muito de ti meu amado. Mas chegou o momento de dar as boas vindas a esta natalidade que me preenche. Me sinto inteira. Nada me faz falta, nem tu. Agora consigo dar meus passos e, se escorregar, sei que me levanto.

Tua presença não precisa mais de retratos, pois te trago em mim, dentro de meu coração. Quero que esse nascimento comemore um natal de graças, daquilo que vem de graça…o sentir o coração palpitando…o corpo de bem consigo próprio… o gosto na língua, nas mãos…ah, essas mãos que tanto ansiaram por teu corpo, tua presença…agora estão livres… Que delícia é senti-las como minhas… suaves, ásperas, prósperas… minhas mãos cheias de mim mesma… Te liberto, meu querido, e assim me liberto também.

Somos livres, absolvidos, voadores…. Percebo o voo que invade minhas células e energiza o sangue em minhas veias… ah, que delícia é essa sensação de pertencimento a mim. Que maravilha poder te ver, te ter eternamente a cada momento que falo à Deus. Por isso te digo adeus. Ciente de que estou pronta para viver sensações sem expectativas. Viver a benção de estar feliz por nada, por tudo…

Permito-me a natalidade, do nascer, da estrela que guia, dos reis que me presenteiam. Mirra, incenso e ouro refazem meu coração e o fortalecem. Sou Maria, sou José, sou maga…e sou também o menino na manjedoura, já que ele permanece vivo em meu peito, no ardor de minhas orações, na espontaneidade de meu amor ao mundo, a tudo, a todos…ah, que instante inebriante de prazer por estar viva… Muito disso é você em mim, meu poeta, arquiteto das estrelas…

Hoje moro em mim, e nessa casa que se renova a cada dia, cumpro o êxtase de viver minha natalidade, que como o menino, é guiado por uma estrela guia: você.

 

 

Sílvia Teske – artista