“Nem tudo é como nos foi dito”: prefeito de Botuverá relata desafios no início da gestão e detalha prioridades
Victor Wietcowsky (PP) assumiu o cargo em janeiro e aponta dificuldades estruturais na prefeitura
O prefeito de Botuverá, Victor Wietcowsky (PP), assumiu o cargo em janeiro enfrentando desafios estruturais na prefeitura. Eleito em outubro 2024, Wietcowsky representa o retorno da oposição ao Executivo municipal após 12 anos de governo do MDB, e tem como vice Kaioran Paloschi Paulini (PP).
Nos primeiros dias de governo, o prefeito relatou um cenário mais complexo do que esperava. “Temos que dar soluções aos problemas. De fora, a gente cobra. Agora, como prefeito, preciso solucionar”, inicia.
Na última semana, Victor publicou um vídeo nas redes sociais mencionando as dificuldades encontradas durante a transição de governo. Segundo ele, “nem tudo é como nos foi dito e como nos foi passado”.
Ao jornal O Município, ele explicou que a declaração se refere ao maquinário da prefeitura.
“Foi passada uma imagem de que era só pegar e tocar a prefeitura. Fazer um vídeo do maquinário parado é uma coisa, mas colocá-lo para funcionar é outra. Vimos problemas mecânicos, pois passou toda a entressafra e não foi feita a manutenção e o conserto. Agora, nós, em menos de 20 dias, tivemos que fazer”, relata.
Ele destaca a situação da Patrulha Agrícola, serviço municipal voltado ao atendimento dos agricultores.
“Chegamos lá com a carregadeira quebrada, sem estar funcionando, a retroescavadeira e o secador de cereais precisando de manutenção. O principal foram as duas colheitadeiras quebradas, e a safra do milho precisava ser feita”, diz. O problema, segundo ele, foi resolvido antes que os agricultores perdessem a colheita.
Outro ponto que exigiu atenção foi o abatedouro municipal. Victor relata que recebeu informações sobre vistorias realizadas desde 13 de julho, que já indicavam problemas na estrutura. “Não foi resolvido no ano passado, sempre foi empurrado com a barriga e agora precisamos resolver”, afirma. Segundo ele, uma reforma mais abrangente deve ser feita no futuro.
Agora, o prefeito informa que o secretariado está completo e que cada responsável está encarregado de apresentar um relatório sobre a situação da pasta no início da gestão. “Todo esse relatório final vamos divulgar”, garante.
Retomada de serviços na saúde
Na área da saúde, a gestão teve que mobilizar o retorno das coletas laboratoriais no município. O serviço foi retomado nesta segunda-feira, 3, pelo Laboratório Heinz Willrich, no mesmo local onde era prestado anteriormente, atrás da Farmácia do Sindicato.
A mudança ocorreu após o Laboratório Hoffmann, antigo prestador do serviço, comunicar em 18 de dezembro 2024 que encerraria as atividades na cidade por questões administrativas.
Victor informou que os moradores de Botuverá podem continuar utilizando os serviços do Laboratório Hoffmann, porém, precisarão deslocar-se até Brusque.
Prioridades nos primeiros meses
A administração municipal estabeleceu algumas prioridades para os primeiros meses de gestão. Segundo o prefeito, a humanização do atendimento à população e uma resposta ágil às demandas dos moradores são essenciais. Uma das propostas é garantir que sempre haja alguém na prefeitura – seja ele próprio, o vice ou o chefe de gabinete – para receber os cidadãos.
Outra prioridade é a instalação de um pronto-atendimento (PA), já que a demanda atual é atendida pela Unidade Básica de Saúde (UBS), no Centro. “A UBS faz o atendimento de PA, mas UBS é uma estratégia de saúde e não para demanda espontânea, o que confunde os serviços e sobrecarrega a equipe. Cerca de 60% dos atendimentos são de pronto-atendimento”, explica.
Segundo ele, há diferentes possibilidades para resolver a questão, incluindo a contratação do Hospital Dom Joaquim ou a criação de um PA 12 horas. Outra alternativa seria dividir os atendimentos entre um PA municipal de 12 horas durante o dia e a cobertura do hospital durante a noite, nas outras 12 horas. O desejo é que, ao menos, o PA 12 horas esteja em funcionamento ainda no primeiro semestre.
Na sequência, a manutenção das estradas também foi destacada como prioridade. “Estamos conseguindo colocar material, e o secretário de Obras, junto com os servidores, está dando atenção a isso. Em um primeiro momento, estamos priorizando as estradas gerais, por onde passam os ônibus escolares, e, em um segundo momento, as vias vicinais”, adianta.
Municipalização do ensino
Uma das discussões prioritárias da nova gestão é a municipalização do ensino. Victor conta que o governo anterior aceitou a recomendação do estado para transferir a gestão escolar ao município, mas Victor é contra a medida nos moldes em que foi proposta.
“Quando analisamos, percebemos que não havia nenhum aporte do estado para construir escolas, ao contrário do que aconteceu em outros municípios. Agora, vamos buscar esse aporte. Quando ele vier, construiremos uma escola para os anos iniciais no Centro, atendendo os cinco primeiros anos diretamente”, afirma.
O prefeito explicou que essa proposta já foi discutida com a Coordenadoria Regional de Educação e será levada ao governo do estado. “Se não for assim, não vemos outra solução. Caso seja um processo rápido, o estado precisará oferecer um aporte. Caso contrário, teremos que buscar um projeto e recursos junto ao governo federal”, completa.
Relação com a oposição
A Câmara de Vereadores de Botuverá tem maioria do MDB, partido de oposição ao governo municipal. Os cinco vereadores da sigla elegeram Odirlei Bissoni (MDB) como presidente do Legislativo.
Sobre a relação com a oposição, Victor afirma: “É cedo para fazer uma avaliação, mas no dia da posse os discursos foram no sentido de ter harmonia entre os poderes. Acredito na palavra das pessoas. Vamos dar um voto de confiança de que teremos essa parceria”, comenta.
Vencedor das eleições de 2024, Victor chegou a ter transição de governo suspensa pelo ex-prefeito Alcir Merizio (MDB) após o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) indeferir a candidatura dele em decisão monocrática. Posteriormente, uma liminar garantiu a diplomação e posse do prefeito.
Atualmente, o processo segue em julgamento pelo colegiado do TSE. Victor admite preocupação com a possibilidade de uma nova eleição, mas acredita que o resultado será favorável. “Estamos confiantes de que vamos ganhar a questão. No colegiado são sete ministros, e acreditamos que vão analisar o caso e a decisão do TRE-SC, que deu 7 a 0. Nossa preocupação é a paralisação dos serviços públicos”, afirma.
Barragem e o governo estadual
Um dos temas mais debatidos nas eleições de 2024 foi a construção da barragem de Botuverá. Victor reafirma sua posição contrária ao projeto. “Não fiz disso uma mentira para ganhar voto. Continuo com a mesma visão. Hoje, nos moldes que estão tratando a barragem, sou contra, pois ouço a população”, destaca.
Para ele, a barragem não pode ser discutida isoladamente, sem considerar impactos como moradia, saúde, segurança pública, educação e infraestrutura viária no município. O objetivo dele é ter uma conversa mais aprofundada sobre a obra com o governo do estado.
Em relação ao governador Jorginho Mello (PL), Victor revelou que teve um primeiro contato com ele na Festa Pomerana, em Pomerode, de forma informal, e que uma reunião com ele está prevista para fevereiro. Na pauta, estarão a barragem, o asfaltamento da rodovia SC-486, o desvio do trânsito no Centro da cidade e outras obras estaduais.
Gestão
Victor destaca que a composição do novo governo segue uma linha muito mais técnica do que política. “O primeiro critério é técnico, o segundo é confiança e o terceiro é partidário. Eu digo que colocar um profissional técnico que faz um bom serviço traz mais votos do que colocar um aliado político”, conta.
Além disso, ressalta que a valorização dos servidores públicos é um compromisso da gestão. “O pessoal está feliz e empolgado. Saio de casa às 7h e volto, às vezes, às 20h, mas tenho gosto de trabalhar. Nossa equipe toda está assim, e isso reflete nos nossos servidores. Eles são importantes para a nossa cidade”, finaliza.
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