Nene Colombi avalia trabalho após oito anos como prefeito de Botuverá: “dever cumprido”
Prefeito destacou os avanços que a cidade teve no período e lembra desafios enfrentados
A administração de José Luiz Colombi, o Nene (MDB), em Botuverá se encerra no dia 31 de dezembro. Depois de oito anos à frente do Executivo da cidade, Nene sai do cargo com o sentimento de ter alcançado os objetivos que traçou.
O prefeito conta que o principal objetivo desde que assumiu a prefeitura era organizar a cidade, desenvolver o perímetro urbano e também a agricultura, e que as metas foram atingidas.
“Vamos sair com o dever cumprido. Vou deixar mais de R$ 4 milhões em conta, acho que para Botuverá é bastante. O município está bem organizado, teve muitos avanços”.
Futuro
“Vamos procurar alguma outra coisa. Sou agricultor, não vou ter emprego no final do ano. Tenho algumas propostas de trabalho, mas ainda não tem nada definido. Talvez continuar na política, mas pensar em ser candidato novamente não passa pela minha cabeça. Não temos condições, nem financeiras, mas vou estar à disposição para ajudar o Alcir (Merizio, prefeito eleito), o Valmor (Costa, vice eleito)”.
Legado
“A gente assumiu a prefeitura e viu que o município precisava se organizar. A primeira coisa que fomos atrás, foi procurar parcerias com Brasília, Florianópolis e as entidades privadas e associações. O primeiro ato foi expandir o perímetro urbano, porque era tudo área rural. O município não estava projetado para receber recursos. Conseguimos equipar a prefeitura muito bem com dinheiro de fundo perdido do governo federal, do estado e também recursos próprios.
Na Educação, investimos mais de R$ 5 milhões. Botuverá não tinha creche quando assumimos, agora tem duas. Também construímos dois postos de saúde. A gente apoiou o agricultor, colocamos internet rural. Somos a única prefeitura com secador de cereais, com abatedouro e serraria móvel. É agregação de valor para o agricultor.
Foi inaugurado um museu para resgatar a nossa cultura, em um local perto das cavernas, o pórtico da cidade. Recebemos um prêmio nacional de gestão ambiental, temos um projeto de tratamento de esgoto pronto, cadastrado em Brasília. Além disso, foram mais de R$ 30 milhões investidos em obras, trocamos todas as pontes de madeira, por exemplo.
Vamos inaugurar o Corpo de Bombeiros nesta terça-feira (leia mais na página 3), também tivemos muitos investimentos por parte da Celesc, da Casan. Ainda fizemos um planejamento estratégico do município com o Sebrae, projetando os próximos 15 anos”.
Desafios na prefeitura
“O gestor público nunca pode desistir. Fui reeleito, estamos em dezembro, e ainda estou cobrando dos funcionários para fazer as obras. Meu lema é persistência, sempre com vontade de fazer mais para o município. Tudo que aconteceu, faria novamente, porque foi feito com muito trabalho e esforço da equipe. A prefeitura nunca teve tanto trabalho, tantos convênios. Tudo valeu a pena.
Queria que a prefeitura fosse igual a uma empresa privada, mas a burocracia trava em alguns momentos. Você tem que ser político, mas tem que respeitar o técnico. É um desafio que a população não entende às vezes.
Queria ter terminado a ponte que liga o lado esquerdo de Botuverá, foi uma frustração minha. Já estava tudo preparado para fazer a obra, que tiraria o trânsito do Centro, mas a pandemia atrapalhou, tivemos que paralisar. Com a readequação do orçamento, não conseguimos mais, financeiramente, seguir a obra, e colocamos o recurso na pavimentação de ruas”.
Relacionamento com políticos
“Só tenho que agradecer, desde o governo federal. Tive muitas parcerias federais, com os deputados Peninha, Dário Berger e Jerry Comper. Eles abriram muito as portas para Botuverá, conseguimos muitos recursos. No governo do estado, mesma coisa, os governadores Raimundo Colombo e Moisés, os deputados estaduais e secretários, tivemos uma parceria muito grande. Com muita persistência, tivemos as portas abertas.
Aqui na nossa região não foi diferente, relação muito boa com as prefeituras de Brusque e Guabiruba, Ministério Público, Acibr, sindicatos e hospitais”.
Barragem
“Sou a favor e vou continuar, mesmo fora da prefeitura, apoiando para que essa obra aconteça. Vai ser a obra mais importante para Botuverá, Brusque. Vai gerar energia, água potável para o Litoral. Vamos estar junto, cobrando para que esta obra aconteça. Tenho muita confiança que no ano que vem ela vai sair do papel”.
Caso da Crisma
“O presidente, os governadores e os prefeitos não mandaram em nada relacionado à pandemia. As decisões foram técnicas. Dias antes da Crisma, foi mudada a matriz de risco e o estado proibiu os eventos. O padre foi até a prefeitura e passamos que ele estaria descumprindo uma decisão estadual. Eles não deram atenção, e eu disse que ia lavar minhas mãos.
Na sexta-feira à noite, o Ministério Público interferiu e mandou que a Secretaria de Saúde e a Vigilância interferissem no evento, porque não poderia acontecer. No dia seguinte, o padre foi notificado e assinou um documento que não poderia fazer a Crisma, mas mesmo assim aconteceu. E depois, o MP ligou para a Márcia (Cansian, então secretária de Saúde) e para a polícia, para que fosse fiscalizado e aí aconteceu aquilo que aconteceu.
Foi polemizado, nós perdemos nossa secretária. Os números do coronavírus em Botuverá, de dezembro para cá, multiplicaram-se por quatro. É uma questão técnica. Sou católico, catequista, e em nenhum momento quisemos atrapalhar, mas a igreja foi orientada tecnicamente.
Algumas pessoas não entenderam isso, mas estou tranquilo. Politicamente, não interferi. No dia depois da Crisma, ele foi até a prefeitura, assustado e eu falei que o decreto era do estado. A fiscalização tem que acontecer de qualquer maneira. Eles descumpriram a ordem do estado. É uma pena o que aconteceu. Defendo a minha equipe técnica, estávamos preocupados com o avanço dos casos. E foi o que aconteceu, os gráficos estão subindo”.
Sucessor
“O Alcir é uma pessoa preparada, correta e honesta, assim como o Valmor. Acho que é uma dupla boa. Com certeza, vão fazer um bom trabalho, pela seriedade. O Alcir esteve comigo todos os dias nos últimos quatro anos, foi um vice atuante. Ele nunca teve cargo eletivo, Valmor já teve dois mandatos como vereador. Tenho certeza que ele vai acompanhar o Alcir no dia a dia. O município está organizado, vão fazer um grande trabalho”.