Valquiria f: o ‘F’ sobreposto ao último ‘A’, preso ali de um jeito único. A assinatura vai no final, em letra cursiva grande e arredondada. Porque para ela, as palavras vem primeiro no papel de verdade. Mesmo sabendo que é mais fácil escrever e no computador, Valquiria Falk, 44 anos, escolhe o papel. O motivo exato, ela não sabe. Talvez seja porque a tela em branco não tenha memória.
O papel é diferente. Tem cheiro e cor. Fica marcado, ainda que se escreva à lapis e se passe a borracha depois. Papel escrito mostra a palavra errada, a mal escolhida. Letra no papel mostra pressa ou calma. Os papéis de Valquiria foram passados a limpo com caneta. Mas mesmo assim, reescritas com tinta azul, ela saber que o que ela disse pode mudar. Já mudou.
E algumas linhas foram censuradas em um risco com voltas, de quem parou a pensar nos motivos do corte. E sem pressa, Valquíria explica as linhas que segue:
– Às vezes a ideia vem mais fácil, outras vezes é difícil escrever. Outras vezes uma parte vem hoje, outra amanhã. Outra daqui um ano.
Com a certeza de que nada é fixo, Valquiria tece. E conta que ela escreve há pouco tempo. E Brusque, tem muitos tecelões que não juntam fios de algodão. Muita gente por aqui amarra fios de ideias.
** Na página 6 da edição impressa de quarta-feira, 25 de julho, leia a história completa de Valquiria Falk.