José Francisco dos Santos

Mestre e doutor em Filosofia pela PUC/SP, é professor na Faculdade São Luiz e Unifebe, em Brusque e Faculdade Sinergia, em Navegantes/SC e funcionário do TJSC, lotado no Forum de Itajaí/SC.

Nordeste: A missão!

José Francisco dos Santos

Mestre e doutor em Filosofia pela PUC/SP, é professor na Faculdade São Luiz e Unifebe, em Brusque e Faculdade Sinergia, em Navegantes/SC e funcionário do TJSC, lotado no Forum de Itajaí/SC.

Nordeste: A missão!

José Francisco dos Santos

Desde que eu era criança, sou impactado pela situação da seca no nordeste brasileiro. Eu tinha 11 anos de idade, em 1980, quando se realizou o 10º Congresso Eucarístico Nacional, em Fortaleza, que contou com a presença do papa João Paulo II, que visitava o Brasil pela primeira vez. Lembro até hoje, de cor, o hino daquele congresso, cujo lema era “Para onde vais?”, e refletia sobre a questão da seca e da migração nordestina. Depois li “Vidas Secas”, do Graciliano Ramos, e ficava imaginando por que tanto sofrimento para um povo, castigado pela natureza e pela ganância dos “coronéis”.

Naquela época eu imaginava que o problema não tinha mesmo solução, afinal já durava décadas, e o máximo que se podia fazer era alguma ajuda humanitária. Depois descobri que há regiões do mundo muito mais secas, e que não estão na miséria. Nos Estados Unidos da América, estados como Califórnia, Texas, Arizona e Colorado estão encravados num deserto anda mais árido e tórrido que o nosso sertão. Só que ninguém ouve falar de miséria por lá.

O grau de umidade das regiões mais secas do nordeste brasileiro é muito superior ao de Israel. Lá, no entanto, também floresce riqueza e a região exporta frutas para toda a Europa. Aliás, antes que Colombo desse as caras por essas bandas, astecas, incas e maias já faziam irrigação, já se cultivava em penhascos íngremes e secos, e o Japão cultiva até onde não há terra.

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Daí que o problema não está na natureza. Os nordestinos costumam rezar incessantemente pela chuva, mas deveriam canalizar suas orações para sua evolução pessoal, porque não vai chover.

O próprio Jesus viveu na seca palestina, e não consta que, entre seus milagres, tendo algum sobre fazer chuva. A água não precisa cair das nuvens. Ela está no subsolo, na própria umidade do ar, nos mares. O que se precisa fazer é usar inteligência, tecnologia e vontade política para que esses fatores atuem a favor das pessoas atingidas pela seca.

Até o final do século passado, eu pensava que a falta de vontade política para a solução do problema vinha da ânsia capitalista da direita, que mantinha o povo na miséria para ser massa de manobra e voto fácil. Por isso votei em Lula em 2002, e realmente acreditava que ele fosse, finalmente, colocar fim no problema. Apesar das dúvidas técnicas, pensei que a transposição do São Francisco fosse realmente uma solução.

Mas que decepção! A obra se tornou mais um megaesquema de desvio de dinheiro e o nordestino ainda não viu a água. E, pasmemos todos, o nordeste foi o baluarte que evitou uma derrota clamorosa do PT nacionalmente. Ou seja, a manobra de usar a seca e a miséria como mecanismo eleitoral também é estratégia da esquerda “ética” e “bem intencionada”.

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Daí que um dos grandes desafios do novo governo, para dizer a que veio, seja encontrar soluções efetivas para aquela região. Não podemos mais conviver com tamanho desperdício de potencialidades, porque se trata de terra fértil e abundante, que pode se tornar altamente produtiva com tecnologia, vontade política e gastos moderados. A

indicada parceria com Israel é promissora, e vou ficar de olho. Talvez eu consiga esquecer os versos da bela canção do Congresso de 1980: “Por longas estradas, sem fim, palmilhadas, aonde tu vais? Procuras a vida, trabalho, comida, ser livre e ter paz…”

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