Nova entidade ajudará moradores de rua a serem inseridos no mercado de trabalho de Brusque
Instituto Bom Samaritano contará com representantes da sociedade civil e de igrejas
Brusque deverá ter, em breve, uma entidade voltada à população de rua e àqueles em situação de vulnerabilidade social. Capitaneado pelo presidente do Grupo de Proteção da Infância e Adolescência (Grupia), Paulo Kons, um grupo de pessoas da sociedade civil e representantes de igrejas quer criar o Instituto Bom Samaritano no município.
O instituto será uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip). O trâmite para que o projeto torne-se realidade está avançado e na próxima reunião do Grupia será apresentada a proposta concreta da criação.
Segundo Kons, ele mesmo tem visitado empresários e representantes de entidades e de igrejas a fim de alinhavar a formação do instituto. No entanto, ele teve de reduzir o ritmo de trabalho porque machucou o joelho em acidente.
Kons reforça o convite para que todos os interessados em ajudar na causa social participem da assembleia do Grupia, na quinta-feira, 12, às 9h, no Centro Empresarial de Brusque (Cescb) e conheçam melhor o seu propósito.
Após a reunião, logo será convocada uma assembleia geral para a fundação do instituto. De acordo com Kons, “a entidade será transparente e terá Conselho de Administração, com 12 titulares, Conselho Fiscal, com três membros, e uma diretoria executiva constituída”.
Apoio
Segundo o presidente do Grupia, embora esteja à frente do projeto, ele não planeja ocupar a presidência ou outro cargo diretivo. “Serei um voluntário”, diz. Ele destaca que não se trata de uma instituição “criada para servir interesses particulares”, como às vezes ocorre.
Kons já apresentou a proposta do instituto para o arcebispo da Arquidiocese de Florianópolis, Dom Wilson Tadeu Jönck. Segundo ele, a receptividade foi muito positiva. A iniciativa também foi levada, e bem recebida, para a Paróquia Bom Pastor, da Igreja Evangélica de Confissão Luterana, e para o Conselho de Pastores de Brusque (Copab), que reúne 22 igrejas do município.
Ainda que o projeto tenha influência religiosa, Kons esclarece que não haverá doutrinação de fé ou de posição política. “Temos como fundamento a solidariedade”.
Os serviços ofertados terão o apoio de empresários e da comunidade em geral, que poderá doar tempo, trabalho, produtos ou dinheiro. As conversas neste sentido estão avançadas, para garantir o funcionamento da instituição.
Entidade ofertará trabalho para os necessitados
O Instituto Bom Samaritano terá três principais linhas de atuação: reinserção no mercado de trabalho, atividades no contraturno escolar e apoio a iniciativas da comunidade.
O primeiro serviço, e mais notório, será a reintegração de moradores de rua e cidadãos sem amparo no mercado de trabalho. Segundo Kons, ele identificou vários casos em que a pessoa estava para ser contratada, mas não conseguiu porque não tem endereço fixo.
O instituto terá uma espécie de república. “Cada morador terá o seu quarto com a sua chave”, afirma Kons. Com isso, a pessoa terá um endereço fixo. A alimentação também será fornecida sem custo, para que “tenha dignidade para viver”.
O Bom Samaritano não será um abrigo institucional, tampouco uma casa de passagem. Não serão aceitos usuários de drogas ou andarilhos que não se comprometam a buscar emprego.
Para poder ficar no instituto e ter direito a um quarto, a pessoa terá de passar por um tratamento de desintoxicação química, caso seja usuária de drogas. Somente depois é que terá acesso à instituição.
Se o acolhido usar drogas enquanto estiver hospedado, perderá sua vaga. O instituto não será uma comunidade terapêutica, mas um ambiente que visa dar as ferramentas para que o indivíduo possa retomar a vida normalmente.
As ferramentas para conseguir melhorar de vida e sair da rua e da vulnerabilidade social serão duas: emprego e estudo. Segundo Kons, os acolhidos poderão ser direcionados ao Ensino de Jovens e Adultos (EJA), por exemplo.
Também neste âmbito educacional o instituto contará com o apoio da comunidade e de instituições dispostas a colaborar. Aqueles que não precisam de ensino terão auxílio na busca por emprego.
“Quando ele for reinserido, vai começar a participar gradativamente até que possa alugar um espaço”, diz Kons. Não haverá limite para que o morador saia da república, pois, segundo ele, “cada um tem o seu tempo”.
“Além das situações de comprometimento com álcool e drogas, há outros que chegaram a Brusque quando tinha emprego, mas com o desemprego, não conseguiram novo trabalho”, diz o idealizador do projeto.
Auxílio às crianças e aos adolescentes
Outro serviço a ser implantado pelo Instituto Bom Samaritano são atividades no contraturno escolar. O objetivo também é promover a emancipação e a independência financeira dos mais pobres.
Kons diz que os pais são obrigados a trabalhar para pôr comida na mesa. Mas em contrapartida não têm onde deixar os filhos no horário oposto ao da escola. O instituto promoverá oficinas e outras ações para ocupar essas crianças e adolescentes, para evitar que caiam na criminalidade.
Guarda-chuva
O Instituto Bom Samaritano também será uma espécie de entidade guarda-chuva para iniciativas de bairros. Há muitas pessoas que ajudam ou têm projetos, mas não possuem CNPJ ou qualquer constituição jurídica.
Kons diz que o instituto poderá auxiliar, no sentido de prover apoio até mesmo na captação de recursos. Ele reforça que não haverá qualquer tipo de taxa ou custo, o valor integral será repassado.