Nova tubulação é aposta da Prefeitura de Brusque para amenizar alagamentos no Águas Claras
Moradores do entorno da rua Augusto Klapoth reclamam de transtornos há décadas
O guarda-chuva era o companheiro da caminhada de Luiz Voltolini, 69 anos, ao longo da rua Augusto Klapoth, no Águas Claras. No entanto, ele sabe que o item não será tão útil para ajudar a chegar até a sua casa em caso de uma chuva com mais de 15 minutos de duração. O problema está nos pontos de alagamentos que se formam constantemente em pontos da via.
Voltolini afirma que convive com o problema na maior parte dos 30 anos que mora no bairro. Para ele, o assoreamento dos córregos e ribeirões, o crescimento desordenado e a deficiência da rede fluvial são os maiores vilões. “As pessoas sofrem com isso. Muitos acabam ficando ilhados”.
De acordo com ele, mesmo períodos de chuva de baixa intensidade são suficientes para afetar o trecho estimado em 200 metros. O problema é reforçado por Viviane Dada, 40, também moradora da rua, em um dos pontos mais afetados pelos alagamentos.
Com o caminho principal bloqueado pela água, ela afirma temer pela segurança dos pais, já idosos, durante os períodos de alagamento, já que o atendimento médico fica mais difícil.
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Problema recorrente
Viviane reside na rua há cerca de 30 anos e acompanhou diferentes tentativas de chamar a atenção do poder público para o problema. Abaixo-assinados e a possibilidade de bloqueios já foram cogitadas pelos moradores.
A revolta, segundo ela, é com a morosidade de uma solução e os contratempos gerados para quem depende da rua para chegar em casa ou se deslocar em direção ao Centro. Após os alagamentos,é comum esperar até mais de duas horas até que a água baixe e o trânsito possa ser normalizado. “Quem está fora de casa, não consegue chegar. Quem está em casa, não consegue sair.”
Para Laura Ramos, 67, moradora do local há mais de 45 anos, a falta de mais bocas de lobo e de escoamento nas ruas transversais à Augusto Klapoth agravam ainda mais a situação dos moradores.
Para amenizar os problemas, ela precisou aterrar parte do terreno e mudar a casa de local, há cerca de 30 anos. “Aqui não passa ninguém quando chove muito. Já tivemos muitos problemas com o carro, quando ficava na garagem e vinha água. Já tiramos lodo de balde”.
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Além do transtorno
Os recorrentes acúmulos de água e lama que exigem limpezas constantes por parte dos moradores são uma exigência ainda maior no caso de comerciantes. O trabalho extra e o reflexo na movimentação já fizeram a comerciante Elenice May, 47, repensar o seu negócio.
No início do ano ela chegou a cogitar fechar ou transferir a padaria mantida em prédio alugado, devido aos problemas constantes, especialmente no verão. Mesmo sem morar nas proximidades, ela afirma ser afetada pelo problema a cada chuva e precisa se dedicar à uma limpeza do entorno da padaria a cada novo episódio.
No seu caso, além do transtorno, a situação gera prejuízos, com a redução no fluxo de clientes. “Nós produzimos para vender. Com a água e a lama não têm como produzir, ninguém vem comprar”.
Tentativa de solução
A situação é acompanhada pelo secretário de Obras, Ricardo de Souza, e uma tentativa de resolução deve ser colocada em prática ainda neste ano. De acordo com ele, boa parte dos problemas é causado pela falta de caimento da tubulação, além de uma defasagem da infraestrutura.
Segundo ele, para tentar reduzir o problema, um trecho de 400 metros de tubulação será substituído por canos de 1,5 metro. Hoje, no local, o diâmetro é cerca de 80 centímetros. A nova estrutura, de acordo com o secretário, também deve permitir a instalação de mais bocas de lobo no entorno.
A previsão é que os serviços iniciem em cerca de 90 dias, dependendo das variações climáticas no período. “Precisaria ter um desnível maior e não tem. Assim, as enxurradas demoram muito para escoar. Com esta tubulação maior em um ponto mais baixo, devemos ganhar mais velocidade”, resume.